Manaus, 23 de abril de 2024
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Cenário

Com R$ 31 mi, David Reis poderia pagar indenizações, criar auxílio ou construir outro ‘Cidadão Manauara’

Em coletiva de imprensa, vereadores Amom Mandel e Rodrigo Guedes deram algumas ideias de como poderiam ser usados os R$ 31 milhões pela CMM

Com R$ 31 mi, David Reis poderia pagar indenizações, criar auxílio ou construir  outro ‘Cidadão Manauara’

Foto: Reprodução

Manaus, AM – Com os R$ 31,9 milhões que deverão ser usados para construir o ‘puxadinho’ da Câmara Municipal de Manaus (CMM), o presidente da Casa Legislativa, vereador David Reis, aliado do prefeito de Manaus, David Almeida, poderia providenciar o pagamento de indenizações de centenas de ex-servidores, criar um auxílio para a população, ou, ainda, a construção de 400 casas populares do conjunto habitacional ‘Cidadão Manauara’.

As sugestões foram feitas pelos vereadores de oposição Rodrigo Guedes (PSC) e Amom Mandel (sem partido), em entrevista coletiva à imprensa, nesta quinta-feira (16), para informar que vão acionar os órgãos de controle contra a construção do ‘puxadinho’.

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Dias atrás, o presidente David Reis publicou no Diário Eletrônico um edital de licitação para a construção do Anexo II da CMM, orçado em R$ 31,9 milhões. A ideia repercutiu negativamente e gerou até discussões no plenário da Casa Legislativa.

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Segundo Rodrigo Guedes, enquanto o Brasil passa por uma situação preocupante, na qual 15 milhões de pessoas estão desempregadas, além do aumento no número de pessoas que estão passando fome no país, David Reis e outros vereadores querem gastar com algo que não é de extrema necessidade da população.

“Milhares de pessoas literalmente passando fome. Nós temos, por exemplo, uma absurda subnutrição no nosso país. E aí gastar, nesse momento, que certamente é o momento mais difícil economicamente e social para as mais de 200 milhões de pessoas no nosso país, gastar com prédio; com novos gabinetes; é um absurdo! É imoral sim, no nosso entendimento, é vergonhoso!”, disse.

Indenização

Na ocasião, o parlamentar afirmou que a CMM tem dívida com centenas de ex-servidores em razão do não pagamento de indenizações trabalhistas. Segundo ele, os R$ 31,9 milhões poderiam ser usados para pagar esses trabalhadores. O parlamentar também não entende como o presidente David Reis quer gastar dinheiro enquanto há pessoas que não receberam seus direitos da CMM.

“Como é que se pretende construir um prédio de R$ 31 milhões, se há centenas, provavelmente milhares de servidores que trabalharam aqui na Câmara Municipal em gabinete de vereadores; servidores da Casa; servidores comissionados. Se nós formos colocar a quantidade de pessoas, se a gente conseguir juntar esses dados de quantas pessoas trabalharam aqui e já saíram, e têm verbas trabalhistas que são constitucionais, inclusive, com verbas alimentares, elas são as primeiras que têm que ser pagas!”, afirmou.

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“Inclusive, independente de solicitação, é direito trabalhista. A pessoa esteve aqui, tem verbas trabalhistas a receber, e dá-se preferência a construção do prédio. Sabe por quê? Porque a verba vai para aquela pessoa. A construção do prédio você gasta o dinheiro, a verba trabalhista você paga o direito da pessoa”, continuou.

O vereador Amom, que é ouvidor da Casa, afirmou já ter recebido diversas reclamações a respeito das indenizações não pagas. Na própria coletiva de imprensa, uma ex-servidora revelou ter trabalhado por dois anos no órgão e ainda não recebeu a restituição.

“Na ouvidoria, já recebi centenas de relatos de servidores que não receberam as indenizações ainda e já encaminhamos diversas manifestações à presidência da Câmara. Até então, nenhuma resposta. O fato é que a presidência deixa de cumprir uma obrigação para fazer algo opcional, para construir um prédio de luxo e comprar algumas picapes e carros de luxo; isso é uma pena!”, disse Amom.

Auxílio

O montante milionário também poderia voltar ao bolso do contribuinte por meio de um auxílio, segundo sugeriu Guedes. Seria necessário apenas um diálogo com o prefeito David Almeida, o que não seria difícil, já que Reis e Almeida são aliados e amigos.

“Uma das sugestões que dei, entre tantas outras, e o vereador Amom também, é que o dinheiro seja revertido diretamente para a população em formato de auxílio emergencial, é dinheiro direto no bolso do povo. Isso pagaria por um ano auxílio emergencial para quase 20 mil pessoas. Então entra direto no bolso do povo. Não vai para empreiteira, não vai para obra, não vai para nada. E isso só precisa de uma coisa: que o presidente da Câmara chame o prefeito de Manaus, David Almeida, nesse caso de reverter o dinheiro para a população, e faça um acordo; nada impede!”, disse Guedes.

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‘Cidadão Manauara’

No mês passado, a Prefeitura de Manaus inaugurou o ‘Cidadão Manauara II’, em um evento com a presença, inclusive, do presidente Jair Bolsonaro. Com os quase R$ 32 milhões para o ‘puxadinho’, a CMM poderia providenciar a construção de 400 casas populares, segundo o vereador Amom.

“Fazendo um cálculo do dinheiro gasto para as picapes e para o anexo, o dinheiro estimado, nós poderíamos construir ali, com a mesma quantidade, em torno de 400 casas do Cidadão Manauara”, disse.

‘Parlamento Jovem’

Outra ideia de como usar o dinheiro é investindo no ‘Parlamento Jovem’ – projeto existente tanto na CMM como na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), que consiste na inclusão de jovens nas atividades legislativas.  

“Já existe um projeto aqui na Câmara Municipal, há vários anos, ele também existe na Assembleia Legislativa, se trata do Parlamento Jovem. Então, legalmente, sem nenhum tipo de empecilho, o presidente pode muito bem investir na Escola do Legislativo da Câmara Municipal, trazer benefício direto à população da cidade, ao abrir a escola para a população. Então esse é um dos exemplos mais claro possível de como esse dinheiro pode ser utilizado em benefício direto da população. Nós podemos construir escolas, podemos construir unidades básicas de saúde, podemos construir casas”, afirmou o vereador Amom.

De acordo com os parlamentares, a intenção e todo o trâmite dessa obra foi articulada ‘obscura’ e ‘suspeita’, visto que nem eles mesmos estavam sabendo. Os dois já estão finalizando uma ação que deverá ser encaminhada ao Ministério Público do Amazonas (MPAM), para abrir investigação sobre eventual construção.

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