Manaus (AM) – O Comitê de Combate à Corrupção pediu, nesta quinta-feira (22), ao Ministério Público do Amazonas, que investigue o uso de dinheiro público por escolas de samba que irão homenagear políticos e pré-candidatos que poderão concorrer ao pleito de 2024.
O grupo alega que o investimento pode causar desequilíbrio no processo eleitoral e pediu a adoção de medidas para combater a possível quebra de normalidade e da legitimidade das eleições.
Ao MP-AM, o comitê diz que não quer impedir a livre manifestação de pensamento ou qualquer forma de homenagear pessoas, independentemente da fé, da cor, da origem social, do gênero e da posição política, porém, devido à proximidade do ano eleitoral, preocupa que pode “causar desequilíbrio no processo eleitoral favorecendo os homenageados”.
” Destaca-se o fato de os desfiles das escolas de samba de Manaus serem patrocinados com recursos públicos, com a destinação direta de verbas públicas para as agremiações do samba”, diz trecho do documento enviado ao MP-AM.
No documento, a associação que representa a sociedade civil apresenta quatro agremiações que lançaram os temas de samba-enredo com nomes de políticos ou familiares de políticos.
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmica da Cidade Alta traz no samba-enredo a história do deputado estadual Abdala Fraxe (Avante), com o tema “Gigante pela Própria Natura, Abdala Fraxe, o Grito de um Índio Macuxi Ecoa nas Terrras Ajuricabas”.
O vereador Ivo Neto (Patriota) será homenageado pela Escola de Samba Império do Havaí, com o samba-enredo “Gigante, você é do tamanho dos seus sonhos”.
Ao Portal AM1, o presidente da Império do Havaí, Fabiano Alfaia, afirmou que a escola quis homenagear Ivo Neto pela atuação no resgate de adolescentes e jovens dependentes químicos. Alfaia disse que a escola já homenageou outras figuras políticas como o senador Omar Aziz (PSD), o ex-prefeito Alfredo Nascimento (PL) e o atual vice-prefeito Marcos Rotta (sem partido).
“Temos tradição de homenagear pessoas públicas e ilustres do Amazonas, foi a gente que convidou. Nós geramos emprego, fomentamos a economia do município. Não tem motivo de prejudicar nossa escola, até porque nossa agremiação não faz nada de errado e sim tudo dentro da lei, pois acreditamos que antes de homenagear uma pessoa que hoje é político, essa pessoa também, antes de ser parlamentar, tem uma história de vida”, alegou.
Já a Mocidade Independente do Coroado, mais recente agremiação a divulgar o samba-enredo, terá como tema a pré-candidata a prefeita de Manaus, Anne Moura (PT).
Lilian Cássia, presidente da agremiação, disse que a homenageada é nascida e criada no bairro Coroado e dentro da escola de samba. “Hoje [Anne Moura] não ocupa nenhum cargo político e não falamos em nenhum momento sobre eleição”, disse Lilian.
A Escola de Samba Mocidade Independente de Aparecida, por sua vez, homenageará a família de Roberto Cidade (UB), presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
Questionado pelo AM1, o presidente da escola de samba Aparecida, Luiz Pacheco, diz que o regulamento do grupo especial não permite este tipo de homenagem. Indagado pela reportagem mais uma vez, Luiz foi enfático: “vou repetir: o regulamento do grupo especial não permite este tipo de homenagem. O que permite é o regulamento do grupo de acesso. Entendeu?”.
Com o posicionamento, Luiz tenta driblar os questionamentos do Portal AM1. Afinal, a Aparecida é uma escola de samba do grupo especial e não do grupo de acesso. Tão logo, conforme o Comitê, a agremiação se torna alvo do pedido de investigação por estar homenageando a família de nomes ligados à política.
Além disso, é de se questionar: estando no grupo especial ou no grupo de acesso, não é escola de samba do mesmo jeito? Então, o que vale para a Aparecida não vale para as demais? Infelizmente, Luiz preferiu encerrar a ligação telefônica, como uma forma de destratar a equipe, deixando de responder a vários questionamentos.
No entanto, o espaço fica aberto para que Luiz possa se pronunciar a respeito.
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