Manaus, 19 de maio de 2024
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Cenário

David diz que Bosco é ‘doente’ por mídia e usa função para se projetar politicamente

David diz que Bosco é ‘doente’ por mídia e usa função para se projetar politicamente

David e Bosco: deputado tem sido pauta de trabalho do vice-governador (Reprodução/Internet)

Coluna Cenário

Sem apresentar um projeto concreto para reduzir a criminalidade no Amazonas em dois meses no cargo, o titular da Segurança Pública do Estado (SSP-AM), vice-governador Bosco Saraiva, está se utilizando da função para se projetar para a disputa eleitoral de 2018, priorizando como estratégia o ataque ao principal adversário de seu grupo político, o deputado David Almeida, presidente da  Assembleia Legislativa do Estado (ALE).

Em 48 horas, Bosco mandou sua assessoria de imprensa – custeada com recursos do Estado –  enviar para a imprensa local, textos que mais pareciam matérias políticas de ataque ao presidente da ALE, que foi governador interino do Estado, no período de maio a outubro deste ano.  

A primeira ofensiva de Bosco contra David ocorreu na segunda-feira, 27, quando os jornalistas do vice-governador enviaram uma matéria informando que o titular da SSP solicitava ao presidente da ALE, David Almeida, que devolvesse o excedente  de 40 policiais militares que estavam a serviço da Casa Legislativa para a corporação, uma solicitação que poderia ser  feita de forma institucional, através de um simples ofício.

Questionado sobre o procedimento nada republicano de Bosco Saraiva, David afirmou.  “Quando professor José Melo (ex-governador do Estado) precisou de reforço de policiais, ele fez a solicitação (em fevereiro) por meio de uma ligação telefônica. De pronto, eu o atendi e devolvi 23 policiais para o Estado. Agora, quando se tem doença por mídia, se busca os holofotes. Esse não é o meu problema”, completou o deputado.

David disse, ainda, que a Lei Delegada nº 70 de 18 de maio de 2007 prevê a disposição de 40 policiais militares, sendo seis oficiais e 34 praças, para garantir a “integridade física de autoridades e dignitários dirigentes da Assembleia Legislativa”. No entanto, hoje, a Casa Legislativa possui 72 policiais em seus quadros.

“Quando esta lei foi aprovada, a realidade do parlamento era diferente, funcionava em um prédio, com estrutura bem menor. Hoje, a Assembleia é um complexo e precisa de maior proteção do efetivo da Casa Militar”, disse o presidente da ALE.

Ocorre que o próprio vice-governador Bosco Saraiva foi beneficiado pelos policiais existentes na Assembleia Legislativa do Estado até setembro deste ano, quando deixou a função de deputado estadual para tomar posse do atual cargo. Ele era um dos 24 parlamentares da ALE que tinha a sua disposição um grupo de policiais e não falava de devolução à PM.

‘Dívida’

No dia seguinte à cobrança da devolução  de policiais da ALE, Bosco Saraiva apontou novamente a artilharia para David Almeida. Na terça-feira, 28, ele mandou sua equipe de imprensa enviar a todos os veículos de comunicação um texto no qual ele acusava o governo interino do deputado de deixar uma dívida de, aproximadamente, R$ 9,4 milhões referente à falta de pagamento de contratos das empresas de locação de veículos das Polícias Civil e Militar, entre os meses de maio e setembro de 2017.

Os débitos, segundo a assessoria de Bosco Saraiva,  “deixaram o Estado à beira de um colapso na segurança, com o risco da população ficar sem a patrulha das viaturas nas ruas”.

A constatação da dívida pelo vice-governador ocorreu dois meses após ele assumir  o comando da SSP e estranhamente o débito  não foi notado  pela equipe de transição composta por membros do próprio grupo de Amazonino e Bosco, que nos mês de setembro avaliou todas as contas do Estado.

Sobre os repentinos ataques do vice-governador ao presidente da ALE, os aliados de Bosco Saraiva informaram que ele foi orientado pela equipe de Marketing de Amazonino a montar ofensivas contra David Almeida para tentar comprometê-lo diante da opinião pública, criando factoides.

Para o grupo de Amazonino, o deputado estadual é considerando, segundo pesquisa eleitorais internas, como o principal nome que pode por  fim ao sonho de permanência no poder do atual governo.