Manaus, 18 de maio de 2024
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Política

Diretor da Anvisa pede retratação a Bolsonaro por ataques

Antônio Barra Torres pediu que Bolsonaro se retratasse das falas contra a agência "pelo Deus que o senhor tanto cita"

Diretor da Anvisa pede retratação a Bolsonaro por ataques

Foto: Alan Santos/PR

BRASÍLIA, DF – O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), almirante Antônio Barra Torres, pediu ao presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) que, caso não tenha provas ou indícios de corrupção contra ele ou qualquer servidor da agência, que se retrate das últimas falas proferidas contra a Anvisa. A nota foi divulgada nesse sábado (8).

Na carta, Barra Torres ressalta a carreira de 32 anos na Marinha do Brasil, e diz que pautou a vida inteira por austeridade e honra. O contra-almirante, que também é médico, afirma que procurou manter a razão à frente do sentimento, e que a cada perda, lamentou cada fracasso e fez questão de ser ele mesmo quando algum paciente seu morria.

“Como cristão, Senhor Presidente, busquei cumprir os mandamentos, mesmo tendo eu abraçado a carreira das armas. Nunca levantei falso testemunho. Vou morrer sem conhecer riqueza, Senhor Presidente, mas vou morrer digno. Nunca me apropriei do que não fosse meu e nem pretendo fazer isso, à frente da Anvisa. Prezo muito os valores morais que meus pais praticaram e que pelo exemplo deles, eu pude somar ao meu caráter”, escreveu o diretor-presidente da Agência.

Leia mais: Bolsonaro dispara contra Anvisa e diz que agência ‘virou outro Poder’

O almirante ainda desafiou Bolsonaro a, caso tenha qualquer indício ou prova de corrupção “sobre este brasileiro”, não perder tempo e nem prevaricar, e determinar investigação policial sobre ele ou qualquer servidor da Agência.

“Agora, se o senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate. Estamos combatendo o mesmo inimigo e ainda há muita guerra pela frente. Rever uma fala ou ato errado não diminuirá o senhor em nada. Muito pelo contrário”, completa a carta.

Ataques reiterados

Bolsonaro tem disparado sua artilharia contra a Anvisa constantemente, desde que a Agência recomendou a vacinação de crianças na faixa etária de 5 a 11 contra a covid-19, em 16 de dezembro. Após o anúncio, o presidente chegou a dizer, em uma de suas transmissões ao vivo pelas redes sociais, que pediria os dados dos técnicos responsáveis por autorizar a imunização de crianças.

Logo após a ameaça do presidente, servidores da autarquia começaram a sofrer ameaças por parte de militantes antivacina. O fato levou Antônio Barra Torres a pedir proteção policial para os servidores e, além disso, o diretor-presidente ainda denunciou as ameaças à Procuradoria-Geral da República (PGR).

Já na última quinta-feira (6), em nova transmissão ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro chamou a agência de “dona da verdade”, e disse que ela estaria “virando outro Poder”, comparado ao Executivo, Legislativo e Judiciário. Ele reiterou o posicionamento contra a vacinação infantil, e disse que sua filha não receberia a vacina, mesmo ela tendo sido autorizada pelo Ministério da Saúde na quinta-feira.

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