Manaus, 20 de maio de 2024
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Cenário

Disputa pela única vaga no Senado se acirra no Amazonas

Ao todo, dos sete pré-candidatos apontados para a disputa pela cadeira do Amazonas no Senado, alguns já estão confirmados

Disputa pela única vaga no Senado se acirra no Amazonas

Foto: Reprodução

MANAUS, AM – As eleições de 2022, além de escolherem o próximo presidente do Brasil e o próximo governador do Amazonas, também definirão o momento em que o povo vai poder escolher quem vai ser o novo representante do Amazonas no Senado. Em 2022, somente uma cadeira das três está em jogo: a que está ocupada, atualmente, pelo senador Omar Aziz (PSD-AM).

Quem conseguir vencer a corrida ficará oito anos no Senado.

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O advogado e sociólogo Carlos Santiago avalia que, nesta eleição, os votos do interior do Amazonas serão extremamente importantes para definir quem fica com a cadeira. Em 2018, eles também foram essenciais: por 20 mil votos do interior do estado, o então candidato Luiz Castro (Rede) perdeu uma eleição quase vitoriosa para Eduardo Braga (MDB), que foi reeleito ao Senado.

“Todos os candidatos ao Senado Federal são de Manaus e com forte presença política na capital. Por isso, nessa divisão de votos na capital, os votos do eleitorado do interior serão importantes para o resultado do vencedor”, apontou.

Tentativa de reeleição

O atual detentor da cadeira, inclusive, deve tentar a reeleição para o Senado. Ex-governador do Amazonas, Aziz ganhou projeção nacional presidindo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado, que apurou as responsabilidades do governo federal na condução da pandemia de covid-19 no país. Recentemente, pela oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL) na CPI, ele mostrou alinhamento ao ex-presidente Lula (PT) e se tornou um nome admirado pela esquerda brasileira por sua postura incisiva contra o governo.

Omar não descarta que nomes do AM sejam incluídos em relatório final da CPI, antes da votação
Omar Aziz terá a sua cadeira em jogo no processo eleitoral de 2022. Foto: Pedro França/Agência Senado

De acordo com o advogado e sociólogo Carlos Santiago, Aziz tem uma estratégia bem definida. “Agora, vai apostar numa aliança política no interior para retornar ao Senado em 2023, e deve buscar o apoio do PT, liderado por Lula.

Na direita, a oposição a Omar

A oposição ao nome de Omar é formada por vários nomes, inclusive alguns declaradamente de direita. Entre estes, está o coronel da reserva do Exército Alfredo Menezes (Patriota). Aliado de primeira linha do presidente Jair Bolsonaro (PL), Menezes ataca Omar Aziz constantemente.

Menezes, que foi superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa), inclusive, tem viajado pelo interior do Amazonas para poder apresentar seu nome como uma opção à população. Ele foi um dos únicos candidatos a prefeito apoiados por Bolsonaro nas eleições de 2020, quando veio candidato à Prefeitura de Manaus e, para Santiago, o fato de ele colar sua imagem na de Jair Bolsonaro pode lhe ajudar. “Coronel Menezes conquistou uma boa votação na última eleição. Ele não tem rejeição, o que pode favorecer a sua candidatura”, salientou o sociólogo.

Senado
Menezes é um dos aliados mais fiéis de Bolsonaro no Amazonas. Foto: Reprodução

Outro nome na direita, que já é pré-candidato assumido ao Senado, é o advogado e ex-deputado estadual Chico Preto. Em entrevista ao Amazonas1 no dia 18 de novembro, o ex-advogado reafirmou sua posição, e disse que seu slogan de campanha será “O Amazonas em bons caminhos”, também tido como uma forma de atacar Omar Aziz e se contrapor a ele.

Chico já tem experiência no Poder Legislativo. Começou a carreira como vereador de Manaus, em 1996, e em 2010, chegou à Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), onde teve seu primeiro mandato. Já em 2016, voltou à Câmara Municipal de Manaus, onde atuou como vereador até 2020. Foi candidato à Prefeitura de Manaus em 2020 pelo Democracia Cristã (DC), mas sem sucesso.

Chico Preto foi o principal nome da oposição a Arthur Neto até 2020. Foto: Aguilar Abecassis/CMM

“Chico Preto tem boa aceitação na capital, mas não conta com apoio político de peso na capital e nem no interior. Além disso, não tem partido para disputar o pleito”, avaliou Carlos Santiago.

No centro

Já no campo do centro, dois nomes podem se apresentar à disputa: o ex-prefeito e ex-senador Arthur Neto (PSDB) e o ex-deputado estadual Luiz Castro (Rede). Arthur Neto já tem a experiência de ter ocupado o Senado, e em 2021, disputou as prévias tucanas para a Presidência da República, da qual saiu perdedor, com pouco mais de 1% dos votos totais. Em Manaus, ele já havia sido prefeito entre 1989 e 1992, e voltou à prefeitura em 2012, de onde saiu apenas em 2020.

“Arthur tem recall de ex-prefeito e de ex-parlamentar, tem conseguido mídia nacional e local devido à sua participação nas prévias do PSDB. Isso o manteve vivo no cenário político. No entanto, o fator rejeição ainda favorece a candidatura de Menezes, e entre Arthur e Menezes, Arthur ainda tem a maior rejeição”, explicou Carlos Santiago.

Arthur Neto chora ao falar que seu pai não queria vê-lo envolvido com política
Arthur foi prefeito de Manaus de 2012 a 2020. Foto: Marcio James / Arquivo Semcom

Já ao ”centro-esquerda” está o ex-deputado estadual Luiz Castro. Castro ocupou uma cadeira na Aleam até 2018, quando disputou o Senado. Teve grandes chances, mas por pouco mais de 20 mil votos, acabou perdendo sua cadeira para o candidato à reeleição, Eduardo Braga. No governo Wilson Lima (PSC), foi secretário de Educação, mas deixou o governo em 2020. Já na última quinta-feira, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, teria o convidado para disputar o Senado pelo partido em 2022.

“Luiz Castro tem experiência legislativa e obteve uma expressiva votação na última eleição. No entanto, ele saiu do governo Wilson Lima um pouco desgastado. Vai precisar fazer uma boa comunicação para recuperar a sua imagem”, salientou o sociólogo.

Senado
PDT convidou Luiz Castro para ser candidato ao Senado pelo partido. Foto: Reprodução

Na esquerda

Já no campo da esquerda, outros nomes devem surgir na disputa. Em entrevista ao Amazonas1, o deputado federal José Ricardo Wendling (PT-AM) informou que o partido deve indicar o professor Denis Pereira, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), como candidato ao Senado. Denis foi candidato pela primeira vez em 2020, quando disputou uma vaga à CMM, mas não chegou a ser eleito.

“É um candidato de luta, é um dos melhores nomes do partido”, afirmou José Ricardo na entrevista. “Professor Denis é apenas uma ideia de um grupo interno do partido dele. A decisão sobre o apoio do PT do Amazonas ao Senado e ao governo vai ser, de fato, do ex-presidente Lula”, afirmou Carlos Santiago.

Outro nome que tem sido cotado para ocupar a vaga de Omar no Senado é o de Vanessa Grazziotin (PCdoB). Atualmente secretária parlamentar da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), Vanessa já foi senadora pelo Amazonas, e em 2018, perdeu a cadeira para Plínio Valério (PSDB), que pulou da CMM direto para o Senado. “Vanessa foi uma excelente senadora e deputada federal. É um bom nome, mas o partido dela decidiu que ela será candidata à Câmara dos Deputados”, completou o sociólogo.

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