Manaus, 18 de maio de 2024
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Manaus, 18 de maio de 2024

Política

Entenda as acusações da PGR contra o deputado Daniel Silveira

Após divulgar um vídeo em que ameaça ministros da Corte, Daniel Silveira teve um mandado de prisão preventiva emitido por Alexandre de Moraes

Entenda as acusações da PGR contra o deputado Daniel Silveira

Foto: Pablo Valadares

BRASÍLIA, DF – O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu por unanimidade a denúncia realizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Daniel Silveira, deputado pelo PSL-RJ, que o transformou em réu. Em fevereiro, a PGR acusou o parlamentar por agressões verbais e ameaças a ministros da Corte afim de favorecer interesses próprios, incitar a violência para impedir o exercício dos Poderes Legislativo e Judiciário e de incitar a animosidade entre as Forças Armadas Brasileiras e o Supremo.

O mandado de prisão

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, emitiu um mandado de prisão preventivo em fevereiro após a publicação do vídeo em que o deputado faz ameaças a integrantes da Corte. Atualmente o deputado está em prisão domiciliar e o Supremo segue adiando a análise de recurso da defesa contra a medida cautelar.

“Liberdade de expressão não se confunde com liberdade de agressão. Liberdade de expressão não se confunde com anarquia, desrespeito ao Estado de Direito e uma total possibilidade da defesa, principalmente por parte do parlamentar, da defesa da volta da ditadura, de fechamento do congresso e do STF”, disse Moraes.

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“Aqueles que confundem atentados contra a ordem democrática com liberdade de expressão estão fazendo malefício à liberdade de expressão”, completou.

Recebimento da denúncia

O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques e Medeiros, defendeu o recebimento da denúncia. Ele afirmou que Daniel desconhece os “limites do comportamento ético e jurídico no seio da democracia”.

“Não se trata aqui de opinião, de ideia, de programa partidário. Se trata de depreciação, violência verbal. Intimidar o seu julgador, ameaçar o seu julgador é e sempre foi uma conduta absolutamente reprovável, independentemente da filiação ideológica do parlamentar”, disse Humberto.

No começo da sessão, Moraes e o advogado Jean Cleber Garcia Farias, que representa o deputado, se desentenderam. O advogado reclamou que não consegue ter acesso à integra dos autos, apesar de pedidos insistentes ao gabinete do ministro.

“Há fatos novos, documentos novos aos quais até agora a defesa não teve acesso” ressaltou o advogado.

Moraes rebateu. Segundo ele, a defesa teve sim acesso a todos os autos.

“Ampla defesa não se confunde com atitudes procrastinatórias, não se confunde com tentativa espúria para ganhar tempo”,  disse o ministro, acrescentando, “O denunciado vem reiteradamente descumprindo a questão do cerceamento eletrônico, não colocando as baterias na tornozeleira, ficando várias horas no limbo. Não há absolutamente nada a que a defesa não tenha cópia integral.”

Lei de Segurança Nacional

Ao se manifestar novamente, o advogado negou que esteja usando meios procrastinatórios e criticou o fato de o STF usar a Lei de Segurança Nacional, de 1983, da ditadura militar, para enquadrar Silveira

“Nós temos hoje o dever cívico, o dever moral e o dever constitucional de pedir para que seja efetivamente delimitadas as condutas à luz do que está vigente, do que é coeso e é correto, não a partir de inferências, de ilações e de desagrados pessoais. Não podemos transformar a Corte maior deste país em um gabinete particular para que se use da Constituição para punir seus desafetos. Se houve excessos, e acredito que sim, por parte do deputado, que ele seja punido, mas dentro do que aconteceu, mas não usando uma lei odiosa, que não foi efetivamente recepcionada e está prestes a ser enterrada com uma nova Lei de Segurança Nacional.”

Agressões verbais e ameaças

Daniel Silveira é acusado de crimes previstos no Código Penal e na Lei de Segurança Nacional. A PGR acusa o deputado por praticar agressões verbais e graves ameaças contra ministros da Corte para favorecer interesse próprio, em três ocasiões.

Incitação da violência

Outra acusação da procuradoria contra o Daniel é de incitar o emprego da violência e de uma grave ameaça para tentar impedir o livre exercício dos Poderes Legislativo e Judiciário, por duas vezes, e também de incitar a animosidade entre as Forças Armadas e o Supremo Tribunal Federal, ao menos uma vez.

(*) Com informações Extra