Manaus (AM) – A grande repercussão da elucidação do ‘Caso Marielle Franco‘ nesse domingo (24) levou o ex-deputado federal Marcelo Ramos (PSD) a opinar a respeito das articulações para assassinar a ex-vereadora, morta em 18 de março de 2018.
Ao analisar como se procedeu o planejamento do crime, Marcelo Ramos preocupou-se com a atuação das facções em Manaus e no Amazonas, que segundo ele, “já se esforçam para eleger políticos”. Ramos afirma que, mesmo com as forças de segurança pública atuando para combater o crime organizado, a reação desta ainda “é muito tímida e muito tolerante”.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o ex-parlamentar explica:
“Ninguém pode negar o avanço das facções criminosas em Manaus e no interior do Estado do Amazonas, que já ocupam territórios. Que já dizem quem entra e quem sai em determinadas áreas e determinada hora, em determinados bairros. Que já se esforçam para eleger políticos e a reação ainda é muito tímida, ainda é muito tolerante”, afirma.
Ainda de acordo com o político, há uma convivência social entre o Estado com os braços “legais” dos criminosos: “as atividades legais que lavam o dinheiro do crime, as pessoas que têm convivência social, que não fazem o tráfico na ponta, mas que lavam o dinheiro do tráfico, que lavam o dinheiro das facções”, disse.
Diante da análise, Marcelo questiona: “Nós vamos esperar o Estado do Amazonas chegar a um ponto de não retorno para reagir? Não, a hora de reagir é agora, e a reação não é só botando mais polícia na rua e dando mais tiros”, argumenta o ex-parlamentar, indignado.
Análise do crime
Ramos colocou na ponta do lápis o cenário que foi criado para dar um fim à vida de Marielle Franco e destacou um ponto, que, segundo ele, foi pouco mencionado tanto na imprensa quanto nas redes sociais neste domingo: o nível de degeneração das relações entre o crime organizado e as instituições de Estado.
“Um deputado federal, um conselheiro do Tribunal de Contas e um delegado de polícia. O que coloca na mesma página desse crime, a polícia, a política, um órgão de controle do Estado, a milícia, o crime organizado e matadores de aluguel (grupo de extermínio do Rio de Janeiro)”.
“O delator Roni Lessa fala que, em reunião, eles optaram por um crime que ele chama de pré-pago. [Que] é um assassinato que você comunica a polícia que vai fazer, já acerta que ela vai atrapalhar as investigações e paga antecipadamente. E o inusitado é que eles optaram por um crime pré-pago porque sairia mais barato do que um pós-pago, em que teria que, após o cometimento do crime, negociar com cada um dos investigadores. Isso é o cúmulo de degeneração”, repudia.
Mas, de acordo com o ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional, para que o crime chegasse a esse ponto, o fator ‘tolerância’ do Estado do Rio de Janeiro foi o responsável.
“Essa história não começou assim. Ela chegou a esse estágio porque lá atrás ela começou com a tolerância social ao jogo do bicho, com a tolerância social ao tráfico de drogas, com a tolerância social à milícia. Ela começou com a convivência social de autoridades públicas com bicheiros, milicianos e traficantes. E chegou ao ponto de não retorno em que há uma verdadeira confusão entre o crime e o Estado”, finalizou.
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