Manaus, 4 de maio de 2024
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Cenário

‘Gracinha’ de políticos nas redes sociais é tirar sarro da população, dizem eleitores

O Portal AM1 foi às ruas perguntar como os eleitores veem as publicações feitas pelos políticos do Amazonas nas redes sociais.

‘Gracinha’ de políticos nas redes sociais é tirar sarro da população, dizem eleitores

(Fotos: Celso Maia/Portal Am1)

Manaus (AM) – As redes sociais, principalmente o Instagram e Facebook, caíram no gosto dos políticos amazonenses como o principal meio para se comunicar com o eleitorado, devido a sua velocidade e maior alcance. Mas assim como os blogueiras, os políticos também são assombrados pelo engajamento.

E quando se trata de engajar, alguns vereadores botam seu time de marketing para trabalhar e criar materiais visuais que surfem na onda de trends e memes em alta. Há vereadores que optam pelo uso pontual e mais discreto como Thaysa Lippy (Progressistas), Caio André (Podemos), João Carlos Mello (Republicanos) e Daniel Vasconcelos (Podemos).

Outros preferem fazer algo mais impactante, como o vereador Eduardo Assis (Avante), que saiu rolando pelo asfalto em um vídeo no Instagram, como mostrou o Portal AM1.

Mas será que esse tipo de marketing está agradando todos os cidadãos? O Portal AM1 foi às ruas perguntar a opinião dos eleitores, e a resposta não foi positiva.

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Rogério Costa (Foto: AM1)

O vendedor ambulante, Rogério da Costa (44), disse que não votaria em políticos que fazem memes ou dancinhas, pois política não é brincadeira e que, assim como os cidadãos saem para trabalhar, os parlamentares deveriam fazer o mesmo.

“Eu não votaria em nenhum deles, porque política não tem que ser uma brincadeira, né? Tem que ser uma coisa séria para o povo porque muitos estão lá por causa da gente, se não fosse por nós eles não estavam lá. Eu acho que eles ficam tirando sarro com a cara do povo, porque botamos eles lá para trabalharem honestamente como nós trabalhamos também. Isso é palhaçada para gozar com a cara da gente”, afirmou o vendedor.

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Agente de portaria José Oliveira (Foto: AM1)

A atividade parlamentar que consiste em votar matérias e fiscalizar os gestores do Pode Executivo é deixada de lado, enquanto a população sofre os precários serviços públicos nas áreas da educação, saúde, transporte e moradia.

Para José Barbosa de Oliveira (64), que é agente de portaria, os políticos precisam ter responsabilidade com a população.

“Tem que ter um político que tenha responsabilidade com a população. Agora questão de ficar pulando e dançando, isso aí eu jamais vou votar, isso eu não voto não”, afirmou.

O operador de máquina Alan (35) compartilhou de um pensamento parecido ao dizer que esses tipos de postagens não lhe passam segurança, pois como trabalham em um órgão público eles não deveriam agir assim.

Já a empreendedora Vania Costa (43) pontuou que política é algo muito sério e que ter parlamentares que entram na onda da internet é perda de tempo.

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Empreendedora Vânia Costa (Foto: AM1)

“A nossa política é algo muito sério e eles são eleitos para buscar uma melhoria para o povo. Quando você troca o seu papel de parlamentar pra entrar na onda da internet, eu acho que é uma perda de tempo e um desperdício de um mandato. Então se ele é vereador ele tem que tá lá fiscalizando. Eu particularmente me arrependo de ter votado em algumas pessoas.”

O deputado federal Amom Mandel (Cidadania) também é conhecido por utilizar as redes sociais para engajar eleitores e por não querer terminar mandatos, pousou de humilde usando sabão cutia e creme dental com bisnaga cortada.

O que diz a lei?

Ao Portal AM1, cientista político Helso Ribeiro disse que não existem leis para proibir parlamentares de gravar e publicar comportamentos cômicos nas redes sociais ou fazer memes, desde que não tenha o cometimento de nenhuma infração como calúnia e difamação.

“Em qualquer lugar civilizado, você pode fazer tudo o que a lei não proíbe. Então, muitas vezes, a gente vê comportamentos esdrúxulos, comportamentos cômicos, mas não são proibidos por lei. Então, todos os vereadores, eles podem, sim, procurar a rede social –o que eles não podem é pedir votos antes da campanha eleitoral. Mas o fato de explorarem as redes sociais através de trends e memes populares, desde que isso não leve ao cometimento de nenhuma infração, calúnia, difamação ou injúria, é permitido,” disse Ribeiro.

Questionado se há algum tipo de lei que limita o comportamento, de forma geral, dos parlamentares, Ribeiro lembrou do decoro parlamentar, e que os representantes eleitos pelo povo devem seguir essas normas.

“Um político pode ser vereador, deputado federal, ele tem que respeitar o decoro parlamentar daquela Casa. Eu vou dar um exemplo caricato, por exemplo, ele não pode ir para o plenário de cueca. O comportamento dele tem que ser de acordo com o decoro, um comportamento que se espera que a moral social aceite.”

Assista ao vídeo:

 

 

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