Brasília (DF) – O crescimento econômico dos povos indígenas foi tema de debate na Câmara dos Deputados entre a tarde e a noite desta segunda-feira (17). Encabeçada pela deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP), a reunião contou com indígenas de várias partes do país, com o objetivo de incentivar a autonomia financeira por meio da liberação de terras indígenas para a produção agrícola.
No encontro, Silvia Waiãpi destacou que a reunião foi produtiva, uma vez que os representantes indígenas conseguiram mostrar ao parlamento a luta da comunidade indígena pela autonomia econômica e o desenvolvimento financeiro dos seus povos. Essas são ações que destoam da política da esquerda.
“Hoje foi um dia histórico, onde conseguimos reunir a classe indígena para discutir sobre o nosso futuro econômico no parlamento federal. Foi com imensa honra que conseguimos expor e tratar de assuntos que afligem nossas populações e como as barreiras no desenvolvimento econômico e o impedimento de acesso a políticas públicas para indígenas fazem parte da nossa busca pelo crescimento”, destacou a deputada que chegou a fazer uma crítica às Organizações Não Governamentais (ONGs), que são os maiores entraves para as comunidades indígenas que têm o objetivo de atuar por meio do cultivo “porque nós não podemos condenar nosso povo para que eles vivam em 1500”, criticou Waiãpi.
O tema discutido na reunião reacende o debate sobre a atuação das ONGs no país, pauta divulgada com exclusividade pelo Amazonas 1 no mês passado, quando indígenas do povo Baniwa, que vivem no município amazonense de São Gabriel da Cachoeira (a 852 km da capital Manaus), afirmaram ser impedidos de ter a oportunidade de abrir uma cooperativa de agricultura na região por conta da atuação das ONGs que atuam na região.
Presente na reunião, o amazonense Cacique Adriel Kokama fez uma crítica sobre o ocorrido e afirmou que a única saída para que todos os povos indígenas possam conseguir vencer essas barreiras é a união de todas as etnias.
“Quando se trabalha em equipe, se consegue muitas coisas e para a sustentabilidade indígena é essa a questão: a união. Mas quando falamos de ONGs, existem as boas e as ruins. Mas qual o propósito disso tudo? Que o parente que está vivendo isso precisa procurar a gente nas nossas redes sociais. Entrando em contato conosco para trabalharmos juntos. Porque a lei serve para todos. Nós temos uma lei diferenciada porque estamos na aldeia, mas também temos direito”, disse o indígena.
Enquanto os indígenas no Amazonas lutam para trabalhar por meio do setor primário, para os indígenas da etnia Xavante, em Mato Grosso, isso já é uma realidade.
E como exemplo da união defendida por Adriel Kokama, o presidente da Cooperativa Indígena Sangradouro/Volta Grande (Cooigrandesan), Gerson Wa Raiwe, explica que as duas associações pelas quais ele é responsável se consolidaram após o entendimento de todas as etnias indígenas que vivem na localidade, com o anseio de suas próprias lideranças.
“A cooperativa é um movimento de todas as aldeias e favorece a todos os caciques, ela dá voz para todos. Agora (as) ONGs, não. Elas são muito fechadas para os diretores. Eles não permitem que ninguém além deles tenha visibilidade, porque a preocupação deles é que você fale, dê a sua percepção sobre o que eles pensam como se fosse o mesmo entendimento e opinião”, declarou o indígena mato-grossense.
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