Manaus (AM) – Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), no início de fevereiro deste ano, houve uma significativa queda nos casos de violência contra jornalistas no ano de 2023 no Brasil após Lula assumir a presidência. No Amazonas, o deputado federal Saullo Vianna e a deputada estadual Joana Darc, ambos do União Brasil, praticaram violência contra jornalistas, uma delas, inclusive, dentro de uma repartição pública.
De acordo com o relatório da Abraji, o número de agressões físicas, ameaças e intimidações direcionadas a jornalistas diminuiu de 557 casos registrados em 2022 para 330 em 2023, uma redução de 40,7% em comparação com o ano anterior. Tal redução, segundo a Abraji, pode estar atrelada à mudança no comando do Poder Executivo federal.
Entretanto, apesar da queda nos índices de violência, a Abraji alerta para a necessidade de manter a vigilância e o engajamento na luta pela proteção dos jornalistas.
A associação ressalta que ainda há desafios a serem enfrentados, como a impunidade para os agressores e a necessidade de fortalecimento das políticas de segurança para profissionais da imprensa.
Casos no Amazonas
No ano de 2023, o Portal AM1 relatou ao menos dois episódios de tentativa de censura e de desqualificar o trabalho de profissionais da comunicação no Amazonas.
Um dos episódios envolveu o deputado Saullo Vianna (UB), que bloqueou a então, na época, correspondente e jornalista do Portal AM1 em Brasília, Wal Lima, após a profissional publicar uma matéria sobre o deputado.
A matéria que causou a atitude de censura informava que Saullo Vianna disseminou fake news em suas redes sociais ao publicar uma foto antiga como se estivesse presente em uma reunião do Grupo de Trabalho (GT) da Reforma Tributária, sendo que não estava.
Na ocasião, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJP-AM) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) divulgaram nota de repúdio à atitude do deputado federal. Como resposta, o parlamentar bloqueou o veículo de comunicação em suas redes sociais e se nega a responder qualquer demanda a partir de então.
Um outro caso envolvendo violência contra jornalistas no Amazonas foi presenciado pela equipe do Portal AM1 no dia 11 de dezembro, dentro do plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), quando a deputada estadual Joana Darc (UB) censurou a jornalista Rhyvia Araújo após ser entrevistada.
A parlamentar, que defende a causa animal, havia sido questionada sobre sua participação em um evento com rodeio e vaquejada, atos considerados maus-tratos a animais, e na tentativa de impedir a publicação, Joana tomou à força o microfone da profissional e levou para a sua bancada dentro do plenário Ruy Araújo.
A jornalista foi então conversar com a parlamentar, depois que o assessor de comunicação de Joana lhe chamou. Na bancada, enquanto Joana estava sentada em sua cadeira, a repórter ficou de cócoras por cerca de 20 minutos e, só depois, a deputada entregou seu equipamento de trabalho.
Opinião
Para o cientista político Carlos Santiago, o “aumento da violência contra a imprensa e contra a liberdade de expressão acontece quando há um distanciamento entre a população e o governo, bem como os interesses do próprio governo para com a população”.
Santiago ainda ressalta o papel fundamental da imprensa livre na sociedade, principalmente, em fortalecer a democracia e também disse que, enquanto existir uma imprensa livre para expor os fatos, sempre haverá violência.
“No período anterior ao governo Lula, com discursos, ações e atos físicos contra a liberdade de imprensa e contra profissionais de imprensa, mesmo assim, a imprensa e os profissionais cumpriram seus papéis na sociedade. Informaram, revelaram, contribuíram para o fortalecimento da democracia. Enquanto tiver uma imprensa livre, sempre haverá conflitos e atos de violência”, finalizou o cientista político.
A reportagem entrou em contato com as assessorias dos deputados estaduais Sinésio Campo (PT), Débora Menezes (PL), Cabo Maciel (PL) e Delegado Péricles (PL) para saber a opinião deles em relação aos dados apresentados pela Abraji, no entanto, nenhum parlamentar respondeu às demandas até o fechamento da matéria.
(*) Colaborou Maiara Ribeiro, do Portal AM1.
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