Manaus, 19 de maio de 2024
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Manaus, 19 de maio de 2024

Cenário

Mortes no Crespo revelam fragilidade de monitoramento

Caiu pela metade o número de agentes que monitora as tornozeleiras eletrônicas este ano

Mortes no Crespo revelam fragilidade de monitoramento

(Arquivo/Divulgação)

Manaus – Os sistemas penitenciário e de segurança pública do Amazonas viraram foco de debate entre especialistas e políticos, após a morte dos 17 suspeitos de tráfico na zona sul de Manaus, na quarta-feira, 30, em uma área de disputa de dois grupos criminosos. Além de falhas no uso do departamento de Inteligência, estão sendo expostas fragilidades que comprometem o combate ao crime organizado.

Com o fim da parceria entre a Secretaria de Segurança Pública (SSP) e a Secretaria Administração Penitenciária (Seap) caiu pela metade o número de agentes que monitora as tornozeleiras eletrônicas este ano, saindo de 50 para 25 funcionários que atuam na vigilância de 4.072 presos.

A falta de um projeto para resolver a criminalidade não só fez dobrar o número de execuções este ano, como refletiu na quantidade de presos monitorados, registrando um aumento de 134% este mês, se comprado ao mesmo mês de 2018, em que 1.740 presos eram vigiados. Na prática, um monitoramento que inexiste, já que quase metade dos mortos no confronto do Crespo usava tornozeleira.

Continuavam traficando

A avaliação sobre as falhas da Inteligência da SSP e as fragilidades da Seap foram levantadas por especialistas do Amazonas e de Brasília, consultados pela coluna. Para eles, se os presos continuavam traficando em suas respectivas facções está claro que não estavam sendo vigiados.

Fonte dos dados

O aumento das execuções, em 2019, foi feito com base em matérias policiais. Já os números do sistema penitenciário foram informados pela Seap. O Instituto Médico Legal (IML) forneceu dados sobre as tornozeleiras dos mortos pela polícia no Crespo.

Senso comum

Enquanto técnicos avaliam estatísticas e políticas públicas para conter o crime, há políticos que seguem o senso comum do clichê ‘bandido bom, é bandido morto’. O deputado federal Alberto Neto (PRB) pediu promoção para os policiais que participaram da operação no Crespo.

Projeto concreto

Nas 254 propostas de Alberto Neto registradas na Câmara Federal, a maioria indicações e requerimentos, não se encontrou proposta legislativa concreta para os servidores dos sistemas penitenciário e de segurança.

Aos animais

Dentre as proposituras de Alberto Neto, viu-se uma que foge, inclusive, a sua bandeira. Ele sugere a criação de um Programa de Ressocialização de Animais em situação de rua ou perigo, e um Cadastro Nacional de Criadores de Animais e de um Fundo Nacional de Suporte à Causa Animal.

 

Acesse a segunda parte da Coluna Cenário desta sexta-feira, 01

(*) Publicada, simultaneamente, na Coluna Claro&Escuro do Jornal Diário do Amazonas