Manaus, 21 de março de 2025
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Cenário

MPAM entra com ação para barrar aumento na tarifa de ônibus em Manaus

Ação cobra transparência no reajuste e pede suspensão até apresentação de estudos técnicos.

MPAM entra com ação para barrar aumento na tarifa de ônibus em Manaus

MPAM entra com ação para barrar aumento na tarifa de ônibus em Manaus (Foto: Jucélio Paiva)

Manaus (AM) – O anúncio do reajuste das passagens do transporte coletivo de R$ 4,50 para R$ 5,00 em Manaus é um assunto que tem repercutido bastante nos últimos dias, desde o anúncio feito pelo prefeito David Almeida. O tema virou debate no parlamento Estadual e Municipal, políticos se posicionaram cobrando transparência acerca do aumento da tarifa do transporte coletivo.

E após toda a repercussão, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) ingressou com uma Ação Civil Pública (ACP), com pedido de liminar, para suspender o aumento da tarifa. A majoração – anunciada pela Prefeitura de Manaus – está prevista para entrar em vigor no próximo sábado (15). Segundo o MP, o reajuste foi realizado sem a devida transparência, já que o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) não apresentaram os estudos técnicos que justificariam o novo valor.

Conduzida pela 81ª Promotoria de Justiça Especializada na Proteção e Defesa do Consumidor, a ação destaca que o Procedimento Administrativo nº 09.2025.00000018-3 foi instaurado para fiscalizar o reajuste. No entanto, o IMMU informou, por meio de ofício, que ainda não havia iniciado os estudos necessários para fundamentar a nova tarifa. Já o Sinetram solicitou um prazo adicional de 10 dias úteis para fornecer as informações, mas, até o momento, não apresentou nenhum dado concreto.

Nesta quinta-feira (13), alguns deputados estaduais levaram o tema do reajuste da passagem à tribuna da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) para discutir e prometeram levar ao Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), para exigir esclarecimentos sobre a ação.

Já na Câmara Municipal de Manaus (CMM), logo após a divulgação do aumento, na segunda-feira (10), quando a casa parlamentar voltou aos trabalhos, o vereador Zé Ricardo (PT), também se posicionou contra a passagem e afirmou que vai entrar com requerimento no Legislativo municipal para trazer transparência com relação aos subsídios gastos com passagem pelo município nos últimos anos.

“Quando a gente vai ouvir o povo, todos reclamam do sistema do transporte coletivo, por isso que a gente vai apresentar o requerimento pra fazer audiência pra discutir sobre eficiência e a qualidade no serviço”, salientou o petista.

Sobre os subsídios e reajuste

Em 2024, a Prefeitura de Manaus desembolsou R$ 520 milhões em subsídios para manter a tarifa reduzida. Atualmente, o custo integral da passagem seria de R$ 7,50, com a diferença coberta pelo município. Com o reajuste, o valor cheio subiria para R$ 8,10, enquanto os passageiros passariam a pagar R$ 5,00 na catraca, conforme informou o Executivo municipal em janeiro deste ano.

A promotora de Justiça Sheyla Andrade dos Santos argumenta na ação que o reajuste foi anunciado sem a devida publicidade dos critérios técnicos, ferindo princípios da administração pública, como a transparência e a eficiência. A petição ressalta que o aumento da passagem foi determinado de forma unilateral pelo prefeito, sem consulta prévia ou divulgação de informações que justifiquem o aumento.

Outro ponto questionado na ACP é a justificativa do Executivo municipal de que a renovação da frota motivaria o reajuste tarifário. O MPAM ressalta que a substituição de veículos é uma obrigação contratual das concessionárias e deveria ocorrer regularmente para garantir um transporte de qualidade. Além disso, a prefeitura ainda não entregou 52 ônibus do total previsto para 2024, conforme acordo firmado em outra ação civil pública.

Pedidos

A ação solicita que a Justiça suspenda o reajuste até que os estudos técnicos e financeiros sejam divulgados de forma transparente. O órgão também pede a aplicação de multa diária de R$ 100 mil ao município de Manaus e ao IMMU em caso de descumprimento. Caso a liminar seja concedida, o aumento da tarifa poderá ser barrado antes de entrar em vigor.

 

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