
MPAM entra com ação para barrar aumento na tarifa de ônibus em Manaus (Foto: Jucélio Paiva)
Manaus (AM) – O anúncio do reajuste das passagens do transporte coletivo de R$ 4,50 para R$ 5,00 em Manaus é um assunto que tem repercutido bastante nos últimos dias, desde o anúncio feito pelo prefeito David Almeida. O tema virou debate no parlamento Estadual e Municipal, políticos se posicionaram cobrando transparência acerca do aumento da tarifa do transporte coletivo.
E após toda a repercussão, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) ingressou com uma Ação Civil Pública (ACP), com pedido de liminar, para suspender o aumento da tarifa. A majoração – anunciada pela Prefeitura de Manaus – está prevista para entrar em vigor no próximo sábado (15). Segundo o MP, o reajuste foi realizado sem a devida transparência, já que o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) não apresentaram os estudos técnicos que justificariam o novo valor.
Conduzida pela 81ª Promotoria de Justiça Especializada na Proteção e Defesa do Consumidor, a ação destaca que o Procedimento Administrativo nº 09.2025.00000018-3 foi instaurado para fiscalizar o reajuste. No entanto, o IMMU informou, por meio de ofício, que ainda não havia iniciado os estudos necessários para fundamentar a nova tarifa. Já o Sinetram solicitou um prazo adicional de 10 dias úteis para fornecer as informações, mas, até o momento, não apresentou nenhum dado concreto.
Nesta quinta-feira (13), alguns deputados estaduais levaram o tema do reajuste da passagem à tribuna da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) para discutir e prometeram levar ao Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), para exigir esclarecimentos sobre a ação.
Já na Câmara Municipal de Manaus (CMM), logo após a divulgação do aumento, na segunda-feira (10), quando a casa parlamentar voltou aos trabalhos, o vereador Zé Ricardo (PT), também se posicionou contra a passagem e afirmou que vai entrar com requerimento no Legislativo municipal para trazer transparência com relação aos subsídios gastos com passagem pelo município nos últimos anos.
“Quando a gente vai ouvir o povo, todos reclamam do sistema do transporte coletivo, por isso que a gente vai apresentar o requerimento pra fazer audiência pra discutir sobre eficiência e a qualidade no serviço”, salientou o petista.
Sobre os subsídios e reajuste
Em 2024, a Prefeitura de Manaus desembolsou R$ 520 milhões em subsídios para manter a tarifa reduzida. Atualmente, o custo integral da passagem seria de R$ 7,50, com a diferença coberta pelo município. Com o reajuste, o valor cheio subiria para R$ 8,10, enquanto os passageiros passariam a pagar R$ 5,00 na catraca, conforme informou o Executivo municipal em janeiro deste ano.
A promotora de Justiça Sheyla Andrade dos Santos argumenta na ação que o reajuste foi anunciado sem a devida publicidade dos critérios técnicos, ferindo princípios da administração pública, como a transparência e a eficiência. A petição ressalta que o aumento da passagem foi determinado de forma unilateral pelo prefeito, sem consulta prévia ou divulgação de informações que justifiquem o aumento.
Outro ponto questionado na ACP é a justificativa do Executivo municipal de que a renovação da frota motivaria o reajuste tarifário. O MPAM ressalta que a substituição de veículos é uma obrigação contratual das concessionárias e deveria ocorrer regularmente para garantir um transporte de qualidade. Além disso, a prefeitura ainda não entregou 52 ônibus do total previsto para 2024, conforme acordo firmado em outra ação civil pública.
Pedidos
A ação solicita que a Justiça suspenda o reajuste até que os estudos técnicos e financeiros sejam divulgados de forma transparente. O órgão também pede a aplicação de multa diária de R$ 100 mil ao município de Manaus e ao IMMU em caso de descumprimento. Caso a liminar seja concedida, o aumento da tarifa poderá ser barrado antes de entrar em vigor.
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