Manaus, 18 de abril de 2024
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Política

CPI transforma diretor da Prevent Sênior em investigado por suspeita de fraude

Em depoimento à CPI, Pedro Batista Júnior diz que a operadora mudava diagnósticos para "tirar pacientes do isolamento hospitalar"

CPI transforma diretor da Prevent Sênior em investigado por suspeita de fraude

Foto: Pedro França/Agência Senado

BRASÍLIA, DF – Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado Federal nesta quarta-feira (22), o diretor executivo da Prevent Sênior, Pedro Batista Júnior, confirmou que a empresa orientou médicos a modificarem código de diagnóstico em pacientes com covid-19 após um período de internação.

Batista confirmou que o código era mudado para “tirar o paciente do isolamento”. A causa da morte, no entanto, era mantida como covid-19. Segundo o diretor, a causa era mantida na certidão de óbito enviada à Vigilância Sanitária, para constar na contabilização oficial de mortes pela doença.

O senador Otto Alencar (PSD-BA) afirmou que, neste caso, houve crime na prática. Já o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), decidiu mudar a condição de Batista de testemunha a investigado pela Comissão. Renan ainda afirmou que vai enviar todos os dados colhidos ao Ministério Público de São Paulo.

Leia mais: Dossiê entregue à CPI diz que declaração de óbito da mãe de Luciano Hang foi fraudada

“Enviarei todas as informações colhidas aqui na CPI para a procuradoria de Justiça em São Paulo, porque esses fatos aconteceram lá, e o MP em São Paulo tem interesse e desejo em levantar essa situação”, afirmou.

Em um dossiê entregue à comissão por um grupo de médicos que trabalharam para a operadora, a Prevent Sênior é acusada de fazer testes com hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. Além disso, os médicos também acusam a operadora de ocultar informações dos pacientes.

Relação com o governo

No depoimento, Batista negou ter relações com o governo ou o chamado “gabinete paralelo”. Ele também negou aproximação com membros do governo ou com o presidente Jair Bolsonaro.

O diretor executivo da operadora também negou ter compartilhado informações com o presidente Jair Bolsonaro. No entanto, em vídeos, foi mostrado que Batista Júnior chegou a tratar de protocolos de combate à covid-19 com o infectologista Dr. Paolo Zanotto. Zanotto fez parte de um grupo coordenado pelo então assessor especial Arthur Weintraub, e foi incumbido de procurar um tratamento paralelo contra a covid-19.

Questionado sobre o tratamento usado no médico e professor Dr. Anthony Wong, da Universidade de São Paulo (USP), e na mãe do empresário Luciano Hang, Batista Júnior afirmou que não comentaria casos de pacientes tratados pela operadora. Tanto Wong quanto a mãe de Hang morreram vítimas da doença, e segundo o dossiê apresentado pelos médicos, eles teriam usado medicamentos como hidroxicloroquina e azitromicina.

“Não tenho autorização para comentar casos de pacientes, a pedido das famílias dos pacientes. No entanto, o senhor pode solicitar os prontuários, com o sigilo adequado, para poder avaliar. As provas estão todas nos prontuários”, afirmou.

Internados na Prevent Sênior

De acordo com Batista, dos 18 mil pacientes internados com covid-19 nas unidades operadas pela Prevent Sênior, cerca de quatro mil morreram. Segundo ele, 7% dessas mortes foram diagnosticadas como covid-19. “Esses pacientes tinham, em média, idade de 68 anos”, disse.

Batista ainda classificou o dossiê entregue como “uma peça de horror, produzido a partir de dados furtados de pacientes”.

“Esses dados precisaram ser manipulados para deturpar a real conduta de mais de 3.000 médicos e, desta maneira, após furtados e adulterados, pudessem ser usados para atacar uma empresa idônea”.

(*) Com informações da CNN Brasil e da Agência Senado.

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