Manaus, 10 de maio de 2024
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Cidades

Os três maiores incêndios dos últimos dez anos, em Manaus, deixaram mais de 1,5 mil famílias desabrigadas

O mais recente ocorreu no último sábado (20), quando destruiu mais de 30 casas na comunidade do Céu, no Centro Manaus.

Os três maiores incêndios dos últimos dez anos, em Manaus, deixaram mais de 1,5 mil famílias desabrigadas

(Foto: Alex Pazuello/Prefeitura de Manaus)

Manaus (AM) – Nos últimos dez anos, a capital do Amazonas teve diversas ocorrências de incêndio, que provocaram destruição de moradias. Um levantamento feito pelo Portal AM1, considerando os maiores incêndios nos últimos dez anos, aponta que 1.580 famílias ficaram desabrigadas. O sinistro mais recente ocorreu no último sábado (20) e destruiu mais de 30 casas na comunidade do Céu, no Centro, zona Sul.

Há suspeita de que o incêndio teria começado após um curto-circuito em uma das casas, na maioria de madeira, por volta das 11h, segundo os moradores. Porém, o Corpo de Bombeiros informou que somente as investigações poderão dizer como o fogo começou. O acúmulo de casas de madeira e falta de estrutura são verdadeiras tragédias anunciadas.

Manifestação

Nessa sexta-feira (26), dezenas de moradores protestaram contra a falta de ação do poder público no atendimento aos moradores que perderam tudo no incêndio.

Os manifestantes fecharam a rua Luiz Antony, no bairro Aparecida, zona Sul da capital, e atearam fogo em pneus e madeira.

Algumas pessoas conseguiram abrigo com parentes, outras, que não tinham onde ficar, foram abrigadas na Escola Municipal Sérgio Alfredo Pessoa Figueiredo, no bairro Presidente Vargas. Porém, as famílias reclamam de falta de assistência e por não saberem se conseguirão moradia.

Comunidade Artur Bernardes – 2012

Em 2012, um incêndio na rua Artur Bernardes, no bairro São Jorge, zona Oeste, pôde ser visto de outras áreas da capital devido à grande proporção. Estima-se que ao menos 50 casas foram destruídas. O governo estadual estimou, na época, que viviam no local aproximadamente 3 mil pessoas.

Após o incêndio, o então governador Omar Aziz (PSD) informou que a área da comunidade Artur Bernardes estava incluída no cronograma de obras do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim). A obra no valor de R$ 137 milhões foi inaugurada em junho de 2020 pelo governador Wilson Lima (UB).

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(Foto: Redes Sociais)

Naquela ocasião, dez pessoas ficaram feridas e tiveram de ser atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), todas tiveram ferimentos leves.

600 casas destruídas

Segundo o artigo da Revista Núcleo do conhecimento, publicado em 2021, 1500 famílias perderam suas casas no segundo maior incêndio da história em Manaus. O incêndio aconteceu em dezembro de 2018, durante a noite, no bairro Educandos, na zona Sul de Manaus. Pelo menos quatro pessoas precisaram de atendimento médico.

O Corpo de Bombeiros disse, na época, que o incêndio teria começado após a explosão de uma panela de pressão em uma das residências. O vento estava muito forte e ajudou o fogo a se alastrar pelas casas de madeira. No dia seguinte, o prefeito Arthur Virgílio (PSDB) anunciou que iria decretar estado de calamidade para acelerar a compra de materiais e insumos que possam auxiliar no atendimento das vítimas.

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(Foto: Alex Pazuello/Prefeitura de Manaus)

Cinco meses depois, o inquérito embasado pelo laudo pericial do Instituto de Criminalística (IC), do Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC), apontou que o incêndio teve origem em um fogão com defeito, ligado diretamente ao botijão de gás, em uma das casas que ficava no centro da comunidade.

Fotos mostram a destruição causada pelo incêndio

Moradias precárias

Nos últimos 37 anos, Manaus foi a capital do país que registrou o maior crescimento de áreas ocupadas por favelas, locais sem saneamento, estruturas precárias e população vulnerável. Os dados são de um estudo realizado pelo MapBiomas, divulgado em 2021.

O Portal AM1 questionou a Comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional sobre as medidas que a comissão presidida pelo deputado Thiago Abrahim (UB) está tomando para combater a crise habitacional na capital que tem causado invasões e tragédias como a que ocorreu no último sábado.

O deputado informou, por meio de assessoria, que irá buscar junto às autoridades competentes, “soluções para atender as famílias”, afetadas pela tragédia.

Ao assumir a comissão em fevereiro de 2023, o deputado disse que abordaria políticas públicas e matérias relativas à habitação; defesa civil e proteção a pessoas expostas a situações de risco, especialmente na ocorrência de enchentes e vazantes; analisará condições de qualidade e de serviços públicos estaduais nos municípios e quadro dos repasses constitucionais, visando à redução das desigualdades sociais. Políticas públicas voltadas para proporcionar as condições necessárias como infraestrutura, crédito e tecnologia.

“Vamos atender as necessidades envolvendo a seca e a cheia que atinge todos os anos nossos municípios. Precisamos de uma atenção e de um olhar cuidadoso e presente. Atuaremos assim. Trataremos assuntos relativos à habitação. Nosso Estado, hoje, tem um déficit e a gente precisa trabalhar isso. A nossa população precisa de uma moradia digna. Nossa Comissão está aberta a todos os deputados, aberta à população que precisar do nosso apoio e do nosso suporte. Está aberta também a todos os prefeitos e vereadores para que seja uma extensão das suas funções. Nosso trabalho é trazer o melhor para a nossa população”, disse o deputado.

Atuação do Corpo de Bombeiros

Sobre o atraso no atendimento aos moradores durante o incêndio do último sábado, o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) enviou nota ao AM1 informando que não houve demora no atendimento.

“No local, mesmo com a dificuldade de acesso encontrada pelos bombeiros, as equipes da corporação não mediram esforços para montar as extensões de linhas de mangueiras e iniciar o combate ao sinistro, de forma imediata.”

Conforme o CBMAM, o tempo-resposta à ocorrência foi de apenas oito minutos. “Ao todo, mais de 40 bombeiros e 12 viaturas atuaram na ocorrência. O Corpo de Bombeiros destaca também que, graças ao trabalho técnico dos militares, foi evitado que mais casas fossem consumidas pelo incêndio, que teve grande proporção por ser uma área constituída de casas de madeira – um material de rápida combustão”, diz a nota.

(*)Matéria atualizada às 14h32 deste sábado (27) para incluir a resposta do deputado Thiago Abrahim sobre as ações que a Comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional deve tomar para atender as vítimas do incêndio.

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