Manaus, 26 de abril de 2024
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Cenário

Pivô da cassação de José Melo, Nair Blair é candidata ao Governo do AM

Em 2014, a empresária Nair Blair foi acusada de participar de um esquema de compra de votos na eleição de Melo, além de falsidade ideológica.

Pivô da cassação de José Melo, Nair Blair é candidata ao Governo do AM

Foto: Divulgação

MANAUS- Figura conhecida no meio político amazonense, especialmente após ter participação ativa no processo que culminou na cassação do então governador José Melo, em 2017, a empresária Nair Blair (Agir) está entre os oito candidatos que disputam o Governo do Estado do Amazonas nas eleições deste ano. 

A candidata é ré em uma ação penal que tramita na Justiça Federal por conta do processo referente às eleições de 2014, mas não fez questão de tentar esconder isso da Justiça Eleitoral já que apresentou todas as certidões requisitadas para o registro da candidatura. Vale ressaltar que o processo ainda não transitou em julgado, ou seja, ainda cabe recurso.

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Em 2014, às vésperas do segundo turno das eleições majoritárias, policiais federais apreenderam cerca de R$ 11,7 mil e documentos que incluíam notas fiscais, listas de eleitores e recibos com assinaturas de Nair Blair e do irmão do governador, Evandro Melo, com Blair e Karine Vieira, em uma reunião no comitê de campanha de José Melo. Ela foi acusada de participar de um esquema de compra de votos na eleição de Melo, além de falsidade ideológica. (Documentos no final da matéria)

Na época, a coligação encabeçada pelo então candidato ao governo, Eduardo Braga (MDB), acusou José Melo de contratar, sem licitação, a empresa Agência Nacional de Segurança e Defesa (ANS&D), da empresária Nair Blair. A empresa seria responsável por receber recursos do Estado para prestar segurança em Manaus às seleções de futebol durante a Copa do Mundo, quando o evento já estava na metade.

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Segundo a denúncia, na verdade os recursos teriam sido direcionados para compra de votos para beneficiar a reeleição de José Melo ao cargo. 

Segundo a denúncia, a distribuição dos valores por Nair Blair era realizada em sala reservada do comitê de campanha José Melo e servia para a compra de cestas básicas, ajuda de custo para formandos, viagens e, até mesmo, para confecção de túmulos no interior do Estado. 

Prisão e omissão de bens
Em 2016, por conta das denúncias e a pedido do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF-AM), a Justiça Federal chegou a proibir a empresária de sair do Brasil e reteve o passaporte de Nair Blair.

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Na época, o MPF também apontou que a empresária teve elevados gastos pessoais. 
Ela chegou a ser presa em 2 de janeiro em cumprimento a um mandado de prisão preventiva, mas foi solta dia 20 do mesmo mês após uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF). 

O MPF destacou, ainda, que Nair Blair não informou a existência de bens. Em 2018, a empresária chegou a ser candidata a deputada distrital, em Brasília, e declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 1 milhão em bens. Eram na época, R$ 300 mil em: “Jóia, quadro, objeto de arte, de coleção, antiguidade”; R$ 350 mil em participações societárias; R$ 250 mil em outros bens/direitos e R$ 100 mil em um terreno. 

Em quatro anos, Nair Blair viu seu patrimônio totalizar R$ 5,3 milhões, conforme os dados declarados à Justiça Eleitoral. Atualmente, a empresária disse ter R$ 1,7 milhão em: “Jóia, quadro, objeto de arte, de coleção, antiguidade”; R$ 3 milhões em quotas de capital; R$ 590 mil referentes ao valor de um terreno e R$ 40 mil referentes a um veículo.