Manaus, 21 de maio de 2024
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Cidades

Prefeito de Borba questiona contaminação após garimpo: ‘bebo água do rio Madeira e não morri’

Depois de lutar MMA, o prefeito de Borba quer autorizar as atividades de garimpo na região e duvida que as ações tenham gerado consequências

Prefeito de Borba questiona contaminação após garimpo: ‘bebo água do rio Madeira e não morri’

Foto: Reprodução

Manaus, AM – Depois de protagonizar uma luta de MMA com um ex-vereador, o prefeito de Borba, distante cerca de 149 quilômetros de Manaus, Simão Peixoto, (PP) quer abrir uma cooperativa de garimpo. O desejo de ter a atividade regularizada no município acontece desde que mais de cem balsas de garimpo ilegal se instalaram no rio Madeira. Na época, a Polícia Federal destruiu as dragas, o que gerou revolta na população.

Agora, o prefeito reuniu cerca de 200 garimpeiros para que a classe pudesse escolher representantes da cooperativa e, com isso, conseguir uma autorização para explorar o ouro na região. “A nossa equipe vai fazer toda parte burocrática e eu vou fazer a parte política, técnica, lá em Brasília, para acelerar o processo, pra [sic] gente conseguir essa liberação”, disse.

Além do desejo de autorizar o garimpo, o prefeito questionou um laudo da Polícia Federal o qual apontou que a atuação do garimpo no rio Madeira contaminou 95 vezes mais mercúrio do que o limite permitido.

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“Eu não acredito que a água do Madeira esteja contaminada 95%. Eu bebo água do rio Madeira. Eu como peixe do rio Madeira e nem por isso eu morri”, disparou o prefeito. Garimpeiros concordaram com a fala de Peixoto, mesmo com dados do órgão federal dizendo o contrário.

Durante a extração, os garimpeiros utilizam o mercúrio para aglutinar o ouro disperso, o que acaba poluindo os afluentes e causando danos à natureza.

Investigações

Após virar manchete nacional no evento de MMA para resolver seu desafeto político como o ex-vereador Erineu Alves, o ”Mirico”, o prefeito do município de Borba, Simão Peixoto (PP) será investigado pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) por improbidade administrativa e infração política administrativa devido à realização do evento.

Segundo a decisão instaurada pelo promotor de Justiça de Borba, Marcelo Martins, será investigada a suposta destinação de recursos públicos e a existência de patrocinadores privados, venda de ingressos e autorização concedida pelos órgãos públicos para a realização do evento. Caso seja constatada alguma das irregularidades, Simão Peixoto poderá responder por improbidade administrativa e infração política administrativa.

Descaso com os professores

Em uma live de prestação de contas, Simão Peixoto tentou limpar a imagem da sua gestão sobre a falta de pagamento do Fundeb para os professores da rede municipal. Porém, o chefe do Executivo caiu em contradição em diversos momentos e acabou culpando grupos políticos sobre equívocos no pagamento do abono salarial.

Após vários prefeitos anunciarem o pagamento do Fundeb para professores efetivos e contratados, os profissionais da educação de Borba se reuniram para cobrar a prefeitura sobre o pagamento do benefício. Pressionado pela população, Simão Peixoto usou sua conta no Facebook para criticar as manifestações feitas pelos profissionais da educação e explicar o motivo pelo qual não liberou o pagamento do Fundeb.

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Segundo Simão, o grupo de professores que organizou as manifestações se trata de pessoas infelizes e invejosas que não estão satisfeitas com o trabalho executado no município.

“Tem muitas pessoas no município de Borba que são felizes, amadas e que vivem trabalhando, mas outras que não são assim querem fazer o mal e, por isso, ficam organizando ataques contra a prefeitura. Todos falam que a Prefeitura de Borba recebeu 32 milhões, mas será que muitos não sabem que pagamos a folha de pagamento dos professores todos os meses?”, disse.

Sem autorização

Na última semana de dezembro, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, cancelou a autorização de sete projetos de garimpo em áreas de preservação na Amazônia. Anteriormente, o ministro tinha dado aval aos projetos na região de São Gabriel da Cachoeira.

A decisão também se deu por conta de uma investigação instaurada pelo Ministério Público Federal no Amazonas, que fiscalizou as autorizações do ministro e alegou risco socioambiantal das medidas. As autorizações foram suspensas com base em manifestações da Agência Nacional de Mineração), Fundação Nacional do Índio e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

“Considerando as novas informações técnicas e jurídicas, apresentadas diretamente ao GSI, e que serão estudadas pela ANM, o ministro de Estado chefe do GSI, na qualidade de secretário-executivo do Conselho de Defesa Nacional, cassou os Atos de Assentimento Prévio”, afirmou a nota do GSI.

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Arthur