A pandemia de covid-19 acabou consolidando processos de aumento da presença da Internet no dia a dia. Com as artes cênicas não foi diferente e muitas experiências que já se desenvolviam anteriormente, foram consolidadas ao longo deste ano.
Com esse mote o projeto “Corpo cênico contemporâneo: diversidades”, idealizado por Francisco Rider, debate ao longo das últimas duas semanas essas diversas nuances. O projeto chega em sua reta final com debates e espetáculos na sua programação.
Dividido em três eixos: oficinas, diálogos e apresentações, o projeto está desenvolvendo um amplo repertório sobre o tema com debates focados no corpo, mas ligados a questões de gênero, de etnia, de classe social e estéticas.
As oficinas também dão conta de discutir novas técnicas e novas formas de construção cênica no contexto de aumento da virtualidade para as artes cênicas.
Francisco Rider, idealizador e coordenador do projeto, reconhece o momento singular pelo qual passamos e como a partir disso é possível aproveitar os mecanismos da Internet para novos modos de produzir: “As instituições que patrocinam este projeto e outros deram a opção ao artista de realizar no modo virtual ou presencial. Por que então vou colocar em risco a saúde dos colaboradores do projeto e do público? A partir dessa questão, acredito que o diálogo com a internet pode alimentar processos de construção de outros modos e maneiras de produção e gestão artística e cultural”, pondera.
O Projeto Convers(A)ções Sobre o Corpo Cênico Contemporâneo: diversidade, de Francisco Rider, foi premiado com o Prêmio Manaus de Conexões Culturais 2020 – Lei Aldir Blanc.
PROGRAMAÇÃO
EIXO DIÁLOGOS
18/12 O corpo cênico amazônico
Milton Aires
21/12 Questão do Corpo Negro
Marcio Moraes
23/12 pressão estética e gordofobia na Dança
Bel Sousa e Rafaela Machado
EIXO APRESENTAÇÕES E ESPETÁCULOS:
– FLESHION [Aparências], de Thelma Bonavita (SP/Berlim. 17/12, 17:30, Manaus; 21:30, Berlim)
– Vestígios, de Marta Soares (SP. 19/12. 19:30. 20:30h-BR)
– Alavancas e Dobradiças, de Célia Gouvêa (SP. 20/12, 19:30; 20:30 Brasília)
– Recolon, de Leonardo Scantbelruy (AM. 22/12. 19:30; 20:30h BR)
Três Perguntas para Francisco Rider
1 – o projeto parte da reflexão sobre o corpo cênico contemporâneo e foi feito totalmente online. As artes cênicas atualmente passam por esse diálogo com o mundo virtual/da Internet necessariamente?
Penso que o corpo a corpo é fundamental para o artista e o ser humano, pois é a partir do Encontro com o Outro que pode ocorrer a alteridade, e nesse encontrar presencial ocorrem processos sensoriais, energias são trocadas, afetos ocorrem, fluidos são cambiados, enfim, há o se deparar com o outro conhecido/desconhecido, que não é necessariamente o ser humano, mas um ser vegetal, um ser da fauna, um objeto… Se estamos realizando remotamente esse projeto, não é por uma questão da imposição da pandemia, mas por uma questão ética/estética/política e de empatia pelo outro e respeito à saúde do fruidor de artes e nosso próprio.
As instituições que patrocinam este projeto e outros deram a opção ao artista de realizar no modo virtual ou presencial. Por que então vou colocar em risco a saúde dos colaboradores do projeto e do público? A partir dessa questão, acredito que o diálogo com a internet pode alimentar processos de construção de outros modos e maneiras de produção e gestão artística e cultural. Nesse sentido, penso que o diálogo pode ser frutifero. Pois, ao sermos atravessados pela pandemia a relação arte e virtualidade será mais uma opção de fruição. Obviamente que somos afetados pelo outro ao nos depararmos na tela virtual, mas é uma relação mais filtrada e distanciada. Ou seja, desejo virtual, sexo virtual não é o mesmo que presencial. E a fruição de uma obra artística ao vivo é cheia de desejo e erotismo envolvidos com mais potência.
2 – O projeto é desenvolvido em três eixos: diálogos, espetáculos e oficinas. Como cada um se relaciona com o tema da proposta?
Cada Conversa, seja nas oficinas, nos diálogos ou nos espetáculos têm ressonâncias e entrelaçamentos, pois conversam sobre o corpo: somático, negro, desobediente, indígena, lgbtqi+, gordo, virtual, errante, nortista, latinoamericano. Ou seja, diversidades de saberes, conhecimentos, poeticas, políticas e questões. Assim, ocorrendo um atravessar entre… Um espiralar entre…
3 – Haverá desdobramentos desse projeto futuramente?
Antes não pensava. Mas como o projeto deu muito certo e a receptividade foi um sucesso em termos de qualidade das conversações, desejo, que me move (realizar em menos de um mês está sendo insano, pois envolve muitos sujeito, subjetividades, egos e cobranças de todas as direções), que o projeto nos leve à algo mais amadurecido, pois estamos realizando de forma bem experimental. Precisamos amadurecer o que é o projeto.
Serviço:
O que é: Corpo Cênico Contemporâneo: Diversidades
Quando: De 30/11 a 23/12
Onde: Nas redes sociais do Pitiú das Artes. Instagram: @pitiu_textual Facebook: https://www.facebook.com/pitiutextual
Quanto: Gratuito
*Com informações da assessoria
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