Manaus, 13 de maio de 2024
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Manaus, 13 de maio de 2024

Política

Renan aponta 11 contradições em depoimento de Mayra Pinheiro

Mayra Pinheiro falou sobre o uso da hidroxicloroquina, a crise do oxigênio em Manaus e outros assuntos; Calheiros, entretanto, apontou contradições

Renan aponta 11 contradições em depoimento de Mayra Pinheiro

Pinheiro foi diretamente questionada por Renan Calheiros em seu depoimento. Fotos: Edilson Rodrigues/Agência Senado

BRASÍLIA, DF – Nesta terça-feira (25), o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), diz ter apontado um total de 11 contradições no depoimento da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. A gestora está sendo ouvida na Comissão durante toda esta terça-feira.

Conforme informações da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Renan e a equipe técnica chegaram a fazer uma tabela em que desmentem as afirmações de Mayra. Entre as contradições, estão falas sobre tratamento precoce, com o uso de medicamentos considerados ineficientes.

Durante a oitiva, a gestora disse que o tratamento precoce é utilizado por médicos em todo o mundo. Ela afirmou que os médicos oferecem o tratamento assim que o paciente recebe o diagnóstico positivo. Entretanto, a equipe do senador apontou a primeira contradição aí.

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“Não há qualquer dado a esse respeito, sobretudo após a recomendação da OMS [Organização Mundial da Saúde] em sentido contrário ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina”, aponta o documento.

Os senadores da CPI afirmam que Mayra se notabilizou como defensora de um “tratamento precoce”, como a hidroxicloroquina. Daí, o apelido “Capitã Cloroquina”.

Medidas contra covid

Mayra ainda afirmou que o isolamento social causou pânico na cidade de Manaus. A medida também teria atrapalhado a evolução da doença e impediu a chamada “imunização de rebanho”.

“[Ela] contradisse sua declaração ao ser perguntada se teria conhecimento, recebido estudo técnico ou análise dessa tese e de seu impacto sobre a saúde pública, afirmando que não recebeu”, contrapõe a tabela. “Também afirmou que tal tese nunca foi cogitada pelo Ministério da Saúde e que desconhece qualquer médico que defendesse igual teoria.”

A secretária ainda afirmou, em depoimento, que era impossível prever a quantidade de oxigênio a ser usado durante a crise do oxigênio em Manaus, em janeiro de 2021. Segundo Mayra, além de ser impossível prever a quantidade, era impossível prever a falta do fornecimento.

O documento produzido pela equipe de Calheiros, entretanto, rebate que a fala de Pinheiro é, mais uma vez, contraditória, em relação ao que disse ao Ministério Público Federal. “É possível realizar esse cálculo a partir do prognóstico de hospitalizações, pois se estima a quantidade de insumo a partir do número de internados’.”

Cloroquina e TrateCov

O documento elaborado pela equipe técnica ainda destaca que a cloroquina, recomendada por Mayra Pinheiro, não tem recomendação de uso pela Conitec, comissão que analisa a inclusão de medicamentos e protocolos de tratamentos no SUS, por não haver evidência de benefício no combate à infecção pelo novo coronavírus.

Nesta terça, a secretária afirmou à CPI da Covid que o aplicativo Tratecov foi alvo de uma extração de dados, e não um hackeamento, como afirmou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello na semana passada. O ponto é elencado pelo senador e pela equipe técnica.

“Ela mesma se contradisse, e contradisse Pazzuelo, ao afirmar que a plataforma foi retirada do ar, APENAS, para fins de investigação, sem que tenha havido deturpação (como declarou Pazzuelo) ou alteração (como ela mesma disse) da plataforma”, afirma o documento.

(*) Com informações da Folha de S.Paulo