Manaus, 15 de maio de 2024
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Cenário

Representatividade feminina na CMM não passou de 15% em 15 anos

Os números mostram que o público feminino ocupou o menor espaço nos últimos quatro pleitos municipais na capital.

Representatividade feminina na CMM não passou de 15% em 15 anos

(Fotos: Divulgação/CMM)

Manaus (AM) – O número de mulheres eleitas como vereadoras da capital amazonense, nos últimos quinze anos, não alcançou mais que 15% em cada Legislatura. É o que os dados das últimas quatro eleições municipais revelam, totalizando apenas dezenove mulheres que conseguiram mandatos de 2009, até o momento, na Câmara Municipal de Manaus (CMM).

O Portal AM1 realizou o levantamento das informações no sistema de Divulgação de Candidaturas e Contas – o ‘DivulgaCand’ – no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

De acordo com as informações, nas eleições de 2008, foram eleitas para ocupar uma vaga no Parlamento Municipal cinco mulheres: Cida Gurgel; Glória Carrate; Marise Mendes; Socorro Sampaio e Vilma Queiroz.

Eleição de 2012

Na eleição de 2012, cinco mulheres conseguiram, novamente, uma cadeira na Casa Legislativa; mas no dia 1º de janeiro de 2013, seis mulheres foram empossadas como vereadoras, uma vez que o ex-vereador Ronaldo Tabosa tinha sido eleito, mas estava no cargo por meio de uma liminar, que foi derrubada e ele teve o mandato cassado pelo juiz Marco Antonio Pinto, dando lugar à sua suplente, Glória Carrate.

O total de seis cadeiras ocupadas por mulheres na Legislatura de 2013 a 2016 revela que aquele foi o período que Manaus contou com a maior representatividade feminina na CMM. Eram vereadoras na época: Socorro Sampaio; Rosi Matos; Therezinha Ruiz, Professora Jacqueline, Vilma Queiroz e Glória Carrate.

Já nas últimas duas eleições municipais, o número de mulheres ocupando uma vaga no Legislativo diminuiu para quatro.

No pleito de 2016, as vereadoras Professora Jacqueline, Therezinha Ruiz e Carrate alcançaram a reeleição e a atual deputada estadual Joana Darc (União Brasil) conquistava o seu primeiro cargo eletivo naquele ano.

Em 2020, ano em que sucederam as últimas eleições para escolher quem iria comandar a capital e os seus respectivos 41 vereadores, assim como os outros 61 municípios do Amazonas, novamente, apenas quatro mulheres tornaram-se vereadoras.

As vereadoras Glória Carrate e Jacqueline se reelegeram e Thaysa Lippy e Yomara Lins exercem atualmente os seus primeiros mandatos na Câmara Municipal.

De 2009 a 2012, o número de homens na CMM era de 36 contra cinco mulheres. Na Legislatura de 2013 a 2016, ocupavam o cargo de vereador 35 homens e um total de seis mulheres.

Nos anos de 2017 a 2020, o número era 37 homens e somente quatro representantes femininas – o que se repetiu no período de 2021 até o próximo ano, quando terminam os mandatos dos atuais parlamentares.

Minoria

Os números mostram que o público feminino ocupou o menor espaço nos últimos quatro pleitos municipais na capital, o que se repete na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e nas Câmaras Municipais das cidades do interior. Isso sem falar no Senado Federal, que contou com a representação da ex-senadora Vanessa Grazziotin somente até 2018, assim como na Câmara dos Deputados que teve Conceição Sampaio como representante do Amazonas até o ano de 2019.

Antes de Sampaio, Rebecca Garcia também foi deputada federal até 2011. Ou seja, apenas três mulheres ocuparam vagas no Congresso Nacional no período analisado pela reportagem do Portal AM1.

Dificuldades

A reportagem conversou, recentemente,  com o sociólogo e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marcelo Seráfico, sobre a participação das mulheres nos processos eleitorais.

Na opinião de Seráfico, esse processo de democratização da participação feminina tem acelerado nos últimos anos, mas ainda é demasiadamente restritivo e, em alguns casos, mais formal do que substantivo (essência, real).

Para o sociólogo, as mulheres continuam enfrentando toda forma de preconceito que estrutura o acesso a cargos e funções dirigentes dentro do Estado, das empresas, dos sindicatos, dos partidos, assim como de outros espaços.

Sobre o mesmo assunto, a advogada e especialista em direito eleitoral, Maria Benigno, considera como gratificante ver cada vez mais mulheres se colocando como candidatas e conseguindo êxito, uma vez que, para a advogada, as mulheres precisam acreditar que podem, sim, ocupar esses espaços.