Manaus, 21 de maio de 2024
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Cenário

Rosinaldo Bual faz comentário pejorativo em foto de delegada: ‘Eu quero é ser preso’

O comentário de Rosinaldo Bual viralizou nas redes sociais e, ao perceber a proporção do assunto, o vereador apagou.

Rosinaldo Bual faz comentário pejorativo em foto de delegada: ‘Eu quero é ser preso’

Vereador Rosinaldo Bual (Fotos: Divulgação/Assessoria - vereador Rosinaldo Bual)

Manaus (AM) – O vereador Rosinaldo Bual (PNM) reagiu a uma das publicações da delegada da Polícia Civil de Ceilândia (DF), Karen Langkammer, que abordava sobre importunação sexual, com uma cantada à autoridade policial, nesta sexta-feira (17).

Bual escreveu: “Eu quero é ser preso”, acrescentando um emoji de coração no comentário. O comentário foi printado e publicado nas redes sociais. Ao perceber que o que escreveu havia viralizado, o vereador tratou de apagar.

O que mais chama atenção na publicação é que a delegada estava falando sobre a importância de divulgar a prisão dos importunadores, sobre a denúncia contra o crime e o registro de boletim de ocorrência, que o vereador claramente ignorou e decidiu praticar o contrário.

Comentário do vereador Rosinaldo Bual (Fotos: Reprodução/Redes sociais)

Procurado pelo Portal AM1, por meio dos telefones disponíveis em seu perfil na Câmara Municipal de Manaus (CMM), o vereador não atendeu às ligações. A reportagem também entrou em contato com Bual por meio do e-mail disponível à imprensa e também pelas redes sociais que ele usa como meio de contato, mas não houve retorno até a publicação da matéria.

Assim como o vereador, outros perfis de homens também comentaram na publicação da delegada com o mesmo sentido pejorativo. “Gata demais”, “mulherão linda”, “Me prende na sua vida”, “Se for para leva um show de peia todo dia dessa delegada aí pode vir prender 😍😍 com todo respeito muito linda 😍”, foram publicados.

(Reprodução/Redes sociais – Delegada Karen Langkammer)

O vereador é presidente da 8ª Comissão de Transporte, Mobilidade Urbana e Acessibilidade da Câmara Municipal de Manaus (CMM) e membro da Comissão de Ética da CMM, à qual compete receber qualquer petição, reclamação, representação, queixa ou denúncia contra vereadores, funcionários do Poder ou autoridades públicas municipais, visando apurar responsabilidades e a definir punições.

Rosinaldo também faz parte da base aliada do prefeito David Almeida (Avante). Em sua página oficial nas redes sociais, Rosinaldo se diz cristão e pai de família.

O vereador será responsabilizado?

Procurado pela reportagem, o presidente da CMM, vereador Caio André (PODE), disse, a princípio, que não estava sabendo do caso, mas ao tomar ciência respondeu: “Meu Deus, não quero crer nisso!”. Quando questionado sobre responsabilidade ou punição ao vereador, Caio André respondeu que, como presidente, não tem muito o que fazer, “a não ser que haja uma representação na Câmara. Mas quem apura é a Comissão de Ética”.

“E só posso lamentar profundamente. Acho um comentário totalmente despropositado, misógino. A Câmara não compactua com esse tipo de comportamento. E que, tenho certeza, que, em caso de denúncia, todas serão apuradas e devidamente encaminhadas”, disse o presidente da Casa ao Portal Am1.

A advogada Amanda Pinheiro classificou o comentário de Bual como pejorativo, uma vez que, ao dizer que queria ser preso pela delegada pelo fato de ela ser mulher e atraente, o vereador desconsiderou a sua profissão como agente de segurança pública.

“No contexto da matéria que trata sobre o crime de importunação sexual, vemos uma delegada (gênero feminino) recebendo comentário com duplo sentido, visto que quem comenta diz que gostaria de ser preso pela delegada. Se nesse mesmo contexto, fosse um delegado (gênero masculino) abordando a matéria, o indivíduo comentaria da mesma forma? Se a intenção do indivíduo era “cantar” a Delegada, é importante levar em conta como ela se sentiu. O que vemos diariamente são comentários pejorativos ou cantadas de mau gosto, quando é o gênero feminino que está em evidência, não havendo o respeito no caso pela mulher que estava no exercício de sua profissão”, explica a especialista.

 

 

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