Manaus, 17 de maio de 2024
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Cenário

Secretário defende ronda policial nas escolas, mas reprova vigilantes armados e detectores de metal

Sérgio Fontes sugeriu uma ação conjunta de segurança entre polícias e guarda municipal, além de ações de saúde mental no âmbito escolar

Secretário defende ronda policial nas escolas, mas reprova vigilantes armados e detectores de metal

Secretário municipal de Segurança (Foto: Antônio Mendes/ Portal AM1)

Manaus (AM) – Com 30 anos de atividade policial, o delegado aposentado da Polícia Federal e secretário municipal de Segurança Pública, Sérgio Fontes, reprovou algumas medidas que estão sendo sugeridas por políticos, e até implantadas em alguns colégios, para aumentar a segurança nas escolas.

Em entrevista ao Portal AM1, nessa quarta-feira (12), o secretário sugeriu uma ação conjunta entre polícias e guarda municipal, além de ações de saúde mental no âmbito escolar, mas foi contra a implantação de vigilantes armados, revistas em alunos e o uso de detectores de metal.

“Vigilantes armados em escola não resolvem o problema; primeiro que eles estão lá e vão ser alvo de criminosos que vão lá buscar armas, a gente já viu isso acontecer. Eles são caros. Eles vão tirar uma boa parte do orçamento minguado da Educação”, afirmou Sérgio Fontes.

Contudo, o secretário defendeu o patrulhamento policial nas escolas, uma vez que os agentes públicos de segurança podem circular com as armas e não precisam deixá-las na escola, ao contrário dos vigilantes armados.

“A ida da PM para perguntar da professora se ‘tá’ tudo bem, se envolver naquela situação, tanto os policiais militares quanto os nossos guardas municipais é totalmente viável e muito bom”, defendeu.

Conforme Sérgio Fontes, é preciso analisar a viabilidade das medidas em 510 escolas municipais, levando em consideração o orçamento municipal e o custo-benefício delas. O secretário calcula que o custo anual da contratação de vigilantes armados seria de mais de R$ 100 milhões para o município.

Outra medida que foi reprovada pelo secretário é a realização de revistas em aluno, o que, segundo ele, pode até ir contra o Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca).

“A revista só é autorizada, por lei, em caso de fundada suspeita e por agente da lei. E como os funcionários da escola não são agentes da lei e como não há fundada suspeita num aluno indo para aula, de 12, 8 anos de idade, eu não tenho autorização legal para fazer revista pessoal”, disse.

Mais uma medida que foi reprovada por Sérgio Fontes foi a implantação de detectores de metal, principalmente em escolas públicas. Além da questão orçamentária, o delegado afirma que “não vê vantagem” na medida, uma vez que qualquer objeto pode virar uma arma.

“Detectores de metal são uma ideia ruim, não funciona. Então, Sérgio, o que funciona? Funciona a antecipação, a monitoração dos alunos; as rondas escolares. Funciona uma equipe de professores e de agentes de portaria treinada e preparada para uma eventual explosão de raiva e atentado”, destacou.

Ações que serão implantadas

Durante entrevista ao Portal AM1, o secretário falou também sobre as ações que serão implantadas pela Prefeitura de Manaus para garantir a segurança nas escolas. Uma delas é a ronda motorizada da Guarda Municipal, que contará com 20 motos e agentes armados para patrulhar as áreas mais necessárias.

Além disso, as escolas municipais também vão ganhar agentes de portaria que terão seu treinamento realizado pela secretaria. Ao todo, serão 350 novos agentes que atuarão para garantir mais segurança. Atualmente, Manaus já conta com 150.

“Uma parte desse treinamento começa agora no sábado. Nós vamos conversar com esses trabalhadores, principalmente, sobre os aspectos legais de lidar com crianças, adolescentes, o que eles têm que saber desse relacionamento, o que eles podem e não podem fazer. E eles não vão atuar armados”, frisou.

O secretário também destacou ações que já se fazem presentes nas escolas da capital como o botão do pânico, tanto físico, como o virtual, que funciona por meio de um aplicativo da Secretaria Municipal de Educação (Semed).

“A nossa função, junto à Semed, que além da função de educar, tem a função de proteger, é se antecipar às ameaças internas e externas. As externas: o narcotráfico, roubo, pedofilia, tudo que possa atingir o aluno fora da escola, e o interno: bullying, personalidades agressivas”, concluiu.

Assista à entrevista completa:

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