Manaus, 19 de maio de 2024
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Cenário

Senador do AM diz que filho de Bolsonaro como embaixador é brincadeira

Plínio Valério (PSDB) diz que argumentos usados para nomeação de Eduardo Bolsonaro não são convincentes e que o presidente deveria desistir da ideia

Senador do AM diz que filho de Bolsonaro como embaixador é brincadeira

Eduardo Bolsonaro é pivô de polêmica por ter sido indicado pelo pai para comandar a Embaixada brasileira nos EUA. (Foto: reprodução da Internet)

A indicação de Eduardo Bolsonaro à embaixada do Brasil nos Estados Unidos (EUA) tem causado alvoroço em setores ligados às relações exteriores, meio jurídico e principalmente político. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a confirmar, na última semana, que deve indicar o filho como embaixador e aguarda aval dos EUA. A intenção de Bolsonaro foi duramente criticada pela bancada amazonense.

Mas antes de ser nomeado como embaixador, Eduardo Bolsonaro precisa passar pela aprovação prévia no Senado Federal e dos nossos três representantes, dois se manifestaram contrários.

O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), alega que não é recomendável “quebrar uma tradição diplomática técnica, profissional e qualificada construída”, o que pode acontecer com a nomeação de Eduardo à embaixada. “A tradição diplomática tem posicionado o País como líder regional da América do Sul. E a base dessa tradição brasileira tem nos dado importantes resultados no campo diplomático, como exemplo a construção do acordo com a União Européia. Esse acordo não aconteceu neste seis meses, ele foi construído ao longo do tempo. Portanto, o Brasil tem que avaliar o lado positivo de qualquer mudança no campo diplomático”, explicou.

Para Plínio Valério (PSDB-AM) os argumentos usados para nomeação de Eduardo Bolsonaro não são convincentes e que o presidente não deveria avançar com a proposta. “Espero que não leve isso adiante porque vai ser um vexame. Pelo que vi no Senado e em conversas com mais próximos, a indicação não passará. O Senado não avalizará essa brincadeira”, disparou.

Até o fechamento desta matéria, o senador Omar Aziz (PSD-AM) não se pronunciou sobre o assunto.

Eduardo terá de renunciar a mandato

Eleito deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) tem que abrir mão do mandato, caso assuma como embaixador dos EUA. Segundo a Constituição, apenas chefes de missões diplomáticas temporárias não perdem mandato de senador ou deputado, diferente de embaixadores que chefiam missão permanente.

Deputados criticam

Para o deputado Marcelo Ramos(PR-AM), Bolsonaro está cometendo um equívoco duplo ao querer indicar o próprio filho para um cargo tão relevante às questões diplomáticas de interesse do País. “Um equívoco […] pela questão do apadrinhamento e por ele não preencher os requisitos básicos para exercer a função. Isso vai desmoralizar a diplomacia brasileira”, disse.

José Ricardo(PT-AM), que faz oposição ao atual governo, também acredita que Eduardo não possui os requisitos necessários para preencher o cargo. “Essa pessoa é totalmente desqualificada. Existem regras estabelecidas em lei, […] para assumir determinadas embaixadas importantes como é o caso dos EUA, Europa e outros países. Onde existem questões de estratégias a serem discutidas, geopolíticas, nacionais e de interesse do Brasil”, declarou.

O parlamentar destacou ainda que, o Brasil está perdendo sua soberania com atual governo e os interesses estrangeiros estão avançando no país.”O presidente foi lá [nos EUA] e determinou que não tivesse mais visto de entrada para os norte-americanos e de outros países. Mas não tem reciprocidade, os brasileiros continuar entrando em filas, comprovar e muitas vezes ter o visto rejeitado para entrar no país. É um absurdo”, alfinetou.

Já para Bosco Saraiva (Solidariedade-AM), o presidente possui prerrogativa constitucional para indicar quem quiser e deve “pagar o preço por tal indicação”.

Sidney Leite (PSD-AM) classificou como “pequena ditadura” a indicação de Eduardo como embaixador do País nos EUA. “A embaixada dos Estados Unidos é estratégica para o Brasil e, colocar uma pessoa sem nenhum preparo para a função extrapola todos os limites. Fora, que isso compromete a imagem do Brasil lá fora. Essas decisões e atitudes são típicas de países com pequenas ditaduras”, declarou.

Representante do partido do PSL-AM em Brasília, o Delegado Pablo afirmou que apoia a indicação do presidente e acredita que Eduardo já possui uma aceitação na América do Norte. “A função principal de um Embaixador é a de fortalecer os laços diplomáticos, de amizade e confiança entre os dois países. Nesse particular, Eduardo Bolsonaro já demonstrou que está bem próximo ao presidente norte-americano e assim pode tornar mais sólida a relação entre Brasil e Estados Unidos”, disse.

Outro apoiador do governo, deputado Alberto Neto (PRB-AM) concorda que Eduardo tem currículo acadêmico e proximidade com Trump, o que deve favorecer novos acordos comerciais para o país e gerar novos empregos.

Procurado pela segunda vez para se pronunciar sobre um assunto, Átila Lins (PP-AM) informou apenas que “não tinha nada a declarar oficialmente”. Até o fechamento desta matéria, Silas Câmara (PRB-AM) não se posicionou sobre o assunto.