Somente 14 vereadores conseguiram ascender à Aleam em 20 anos

Manaus (AM) – Nos últimos 20 anos, alguns vereadores desejaram deixar a Câmara Municipal de Manaus (CMM) para progredir na carreira política e buscar um cargo mais alto como o de deputado estadual. Para chegar a esse resultado, o Portal AM1 realizou levantamento no dia 2 de março e constatou que, de 2004 a 2022, 13 parlamentares trocaram de Casa legislativa, incluindo ex-presidentes da CMM.

Os dados podem ser conferidos no DivulgaCand, sistema responsável pela divulgação das candidaturas registradas em todo o Brasil; Portal da Transparência da Câmara dos Deputados e o histórico de eleições do Amazonas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O cargo de vereador é considerado por alguns estudiosos como “grau zero” da carreira política, pois é nele que os políticos, ao tornarem-se eleitos democraticamente, ganham alguma experiência na política e, por ser o cargo eletivo mais básico e o mais ofertado no país, nasce nos parlamentares o desejo de buscar uma carreira cada vez mais profissionalizada optando, assim, por disputar cargo de deputado estadual ou federal.

Em 2004, por exemplo, a Câmara Municipal de Manaus contava com 37 cadeiras e, destas, dois vereadores atuaram por dois anos de mandato e resolveram disputar uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), são eles: Conceição Sampaio e Josué Neto.

Conceição Sampaio

Conceição Sampaio foi eleita vereadora pelo Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB) com 7.861 votos. Em 2005, filiou-se ao Partido Progressista (PP) e em 2006, Sampaio disputou o cargo de deputada estadual e foi eleita com 20.469 votos.

A parlamentar conseguiu ser reeleita em 2010 e em 2014 resolveu mudar de Casa novamente, desta vez, buscando um nível maior, a Câmara dos Deputados em Brasília, e conseguiu.

Para ocupar uma das cadeiras da bancada amazonense no Congresso Nacional, Conceição Sampaio conquistou 71.878 votos, e ficou no cargo até 2019. Desde então, a ex-deputada vem tentando algum cargo na política amazonense, porém, não conseguiu ser eleita, ficando apenas como suplente.

Josué Neto

Oriundo de uma tradicional família política do Amazonas, Josué Neto, ainda no cargo de vereador, disputou, em 2006, o mesmo pleito que sua colega de bancada, Conceição Sampaio, e foi eleito deputado estadual. Nas eleições de 2010 e 2014 foi reeleito para o mesmo cargo na Aleam.

No cargo de deputado estadual, em 2013, Josué foi eleito presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas para o biênio 2013-2014, e reeleito presidente da Casa para o próximo biênio (2015-2016).

Josué Neto também teve a ambição de chegar a um cargo majoritário e se candidatou vice-prefeito, na chapa encabeçada por Marcelo Ramos em 2016, porém, não foram eleitos e perderam para Arthur Neto, na época, filiado ao PSDB. Já nas eleições de 2018, ele disputou novamente o cargo deputado estadual e foi eleito.

Ele se destacou na presidência da Casa, principalmente, quando teve de conter gastos. Dessa forma, foi eleito novamente presidente da Casa para o biênio de 2019-2020. No dia 17 de março de 2021, Josué Neto foi empossado como conselheiro do Tribunal de contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), onde atua hoje em dia.

Mais vereadores deixam a CMM

No ano de 2008, a Câmara já contava com uma cadeira a mais no Parlamento Municipal, totalizando 38 vagas. Mas, dos 38 vereadores eleitos naquele pleito, quatro parlamentares migraram para a Aleam. São eles: José Ricardo (PT), Chico Preto (PP), Fausto Souza (PRTB) e Marcelo Ramos (PSB).

José Ricardo

José Ricardo ou simplesmente “Zé Ricardo” já cumpria seu segundo mandato como vereador quando decidiu ser deputado estadual nas eleições de 2010. O petista não mediu esforços e tratou de buscar uma vaga na Casa legislativa estadual, sendo eleito com 38.380 votos.

De 2011 a 2018, Zé Ricardo, fiel ao Partido dos Trabalhadores – sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva –, permaneceu no deputado estadual. Mas, ainda em 2018, nas eleições gerais, o político quis um cargo mais elevado e concorreu como deputado federal, sendo eleito o candidato mais bem votado naquela eleição, como mais de 115 mil votos.

Chico Preto

Presidente da Câmara municipal em apenas um biênio (2005-2006) da 14ª legislatura, Marco Antônio Souza Ribeiro da Costa, conhecido popularmente como “Chico Preto”, atuava como oposição à Prefeitura de Manaus desde a sua primeira candidatura como vereador, pelo Partido Popular Socialista (PPS), hoje, incorporado ao Cidadania.

Chico Preto estava em seu segundo mandato como vereador quando assumiu mandato de suplente de deputado estadual em 2008, substituindo o deputado estadual Francisco Souza, que foi nomeado secretário de Estado no governo de Eduardo Braga (MDB).

Já em 2010, concorreu ao cargo de deputado estadual e foi eleito com 23.156 mil votos nas urnas. Ficou no cargo durante os quatro anos e, em 2016, voltou a ocupar uma das 41 cadeiras da Câmara municipal, eleito com 5.079 votos.

Nas eleições seguintes, em 2020, Chico Preto disputou a Prefeitura de Manaus, mas não foi eleito. Em 2022, concorreu ao cargo de senador da República e obteve o mesmo resultado que em 2020.

Hoje, filiado ao PL, sigla de Bolsonaro, o político não exerce nenhum cargo eletivo, mas não deixa de criticar a gestão do prefeito David Almeida (Avante) e nem do governador do Amazonas, Wilson Lima (UB).

Fausto Souza 

Fausto de Souza Neto ou, como é conhecido popularmente, “Fausto Souza”, foi candidato a vereador em Manaus nas eleições de 2008 e conseguiu uma das 38 cadeiras da Casa com 6.243 votos.  Nas eleições gerais de 2010, o vereador optou por concorrer ao cargo de deputado estadual pelo PRTB, no qual foi eleito com 24.228 votos, representando 1.6% dos votos válidos.

Porém, nas eleições de 2014 e 2016 pelo Partido da República (PR), Fausto Souza não conseguiu se eleger para deputado estadual e nem para vereador, respectivamente. Diferente da primeira vez que foi eleito com mais de 6 mil votos para a CMM, o político angariou somente 1.415 votos nas urnas.

Marcelo Ramos

Ainda no pleito de 2008, Marcelo Ramos foi eleito vereador com 5.499 votos pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Mas Ramos não se contentou e queria ir além e, no ano de 2010, se candidatou a deputado estadual, sendo eleito para o Legislativo estadual com 18.595 votos, representando 1,2% dos votos válidos.

Ramos ficou no cargo até 2018, quando concorreu a uma vaga na Câmara federal, sendo eleito com mais de 102 mil votos válidos. Foi eleito primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados em 2021. Em 23 de maio de 2022, o então parlamentar foi destituído da vice-presidência por Arthur Lira.

Conforme justificativa de Lira, o afastamento de Marcelo Ramos foi estritamente regimental em função da troca de partido pelo deputado e que só foi publicada depois que o ministro do TSE, Alexandre de Moraes, revogou uma liminar que havia concedido e que o mantinha no cargo.

Carlos Alberto

Pastor da Igreja Universal, o vereador Carlos Alberto de Castro Almeida (PRB), ou somente “Carlos Alberto”, foi eleito para a CMM em 2012 com 11.744 votos – o mais votado naquele pleito. No entanto, Carlos Alberto já carregava um currículo extenso na jornada política, pois, foi deputado estadual na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) entre 2002 a 2010.

Com dois mandatos consecutivos como deputado estadual, Carlos Alberto transitou pelo Legislativo estadual e municipal. Nas eleições de 2012, quando foi eleito vereador, desejou retornar ao Parlamento estadual e, em 2014, conseguiu uma vaga na antiga Casa.

Bosco Saraiva

No ano de 2012, a Câmara Municipal de Manaus já contava com 41 cadeiras no Parlamento municipal e dos vereadores eleitos naquele pleito, João Bosco Gomes Saraiva, conhecido popularmente como “Bosco Saraiva”, também ocupava lugar de destaque na Casa, pois, foi eleito presidente para o biênio de 2013-2014. O então vereador já estava em sua terceira gestão como presidente do Parlamento.

Mas nas eleições de 2014, ele concorreu para deputado estadual e conquistou uma das 24 vagas da Aleam. Bosco recebeu 22.822 votos (1,4% dos votos válidos). Em seu terceiro ano como deputado estadual, em 2017, o parlamentar foi eleito vice-governador do Amazonas para um mandato tampão na chapa de Amazonino Mendes.

Na ocasião, o ex-governador José Melo (PROS) havia sido cassado por compra de votos nas eleições de 2014 e preso na operação “Maus caminhos”, da Polícia Federal, que apurava desvios de verba e fraudes na Saúde do Amazonas.

Ao vencer o mandato tampão junto de Amazonino Mendes, Bosco Saraiva assumiu a Secretaria de Segurança Pública do estado, no período de outubro de 2017 a abril de 2018. Foi eleito deputado federal em 2018 e, em 2022, assumiu a Superintendência da Zona Franca de Manaus (ZFM), onde está até o momento.

Joana Darc

Primeira vereadora a disputar a eleição para presidir a Câmara Municipal de Manaus em 2016, Joana Darc foi eleita, naquele ano, com 3.261 votos, sendo a menos votada para aquela legislatura. Joana recebeu apenas um voto na eleição para presidência da Casa e perdeu para Wilker Barreto.

Em 2018, a vereadora apostou no cargo de deputada estadual e ganhou força para a candidatura, tornando-se a deputada estadual mais votada naquele pleito, com 26.816 votos. Em 2022, Joana foi reeleita deputada estadual pelo União Brasil, partido do governador do estado, Wilson Lima.

Ao fim da apuração, a deputada alcançou 87.182 votos ou 4,42% dos votos válidos, sendo a 2ª candidata com maior número de votos do Amazonas e a mulher mais votada na história do estado.

Wilker Barreto

Por quatro anos seguidos, o ex-vereador Wilker Barreto esteve à frente da Câmara municipal. Naquela época, Wilker foi eleito pelo extinto Partido Humanista da Solidariedade (PHS), hoje, Podemos. Em 2015-2016, Wilker foi líder do então prefeito Arthur Neto e venceu a disputa pela presidência da Casa por 35 votos.

Assim como Bosco Saraiva, Wilker também recebeu 38 votos dos 41 vereadores da Casa quando foi reeleito em 2017-2018. Em 2018, seguiu os passos de Saraiva e tornou-se deputado estadual, onde permanece até hoje, porém, está sem partido atualmente.

João Luiz

Eleito o vereador mais votado para a 17ª legislatura da Câmara Municipal de Manaus (CMM), com 13.978 votos, João Luiz tornou-se deputado estadual em 2016 pelo Republicanos, com 25.858 votos, quase o dobro da eleição para vereador de Manaus. Nas eleições de 2022, João Luiz obteve 44.940 votos.

Desde o ano passado, o parlamentar tem ido ao interior do Amazonas para visitar os municípios e, às vezes, fazer alguma entrega de equipamentos agrícolas, frutos de emenda parlamentar. Outras vezes, João Luiz acompanha o presidente do Republicanos no estado, o deputado federal Silas Câmara, em suas agendas políticas.

Therezinha Ruiz

Eleita vereadora por dois mandatos e cumprindo apenas metade do último, Therezinha Ruiz (PSDB) também  seguiu os passos dos colegas de bancada e se lançou como candidata ao Legislativo estadual em 2016, no qual foi eleita com 18.715 votos (1,0% dos votos válidos).

A ex-vereadora exerceu somente um mandato de quatro anos, pois não conseguiu ser reeleita no pleito seguinte, em 2022. Apesar de não exercer mandato eletivo, Therezinha Ruiz ganhou uma secretaria do governador do estado Wilson Lima (UB) para comandar, a Unidade de Gerenciamento do Programa de Aceleração do Desenvolvimento da Educação do Amazonas (Ugpadeam), na qual é secretária.

Álvaro Campelo

Eleito em 2012 e em 2016, Álvaro Campelo (PP) foi o segundo e quinto vereador mais votado nas respectivas eleições. Em 2018, Campelo, assim como os demais parlamentares, decidiu disputar lugar na Casa legislativa estadual. Foi eleito com 15.992 votos (0.90% dos votos válidos).

Em 2022, buscando a reeleição no Parlamento, Álvaro Campelo apoiou Wilson Lima que, na época, disputava reeleição para governo, do qual saiu vencedor, ao contrário de Campelo, que ficou apenas com a suplência ao alcançar 19.716 votos.

Wanderley Monteiro

Após duas tentativas buscando uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), o vereador Wanderley Monteiro (Avante) foi eleito nas eleições de 2022 para compor a bancada estadual.

Monteiro havia sido eleito vereador em 2020, mas só atuou no cargo durante dois anos, pois, já vislumbrava uma das 24 cadeiras estaduais, que conseguiu com 17.787 votos. O deputado estadual não é presente nas redes sociais em que a maioria do eleitorado se encontra.

Quando saiu da Câmara Municipal de Manaus para assumir mandato da Aleam, sua vaga foi preenchida por Alonso Oliveira (Avante).

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