Manaus, 16 de maio de 2024
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Cidades

Advogados de Sotero sustentam que ele agiu em ‘legítima defesa’ e criticam laudo de Molina

Delegado da PC matou o advogado Wilson Justo Filho na madrugada de 25 de novembro de 2017 em uma casa noturna de Manaus

Advogados de Sotero sustentam que ele agiu em ‘legítima defesa’ e criticam laudo de Molina

Advogado de Gustavo Sotero, Claudio Dalledone Júnior, critica laudo apresentado pelo perito Ricardo Molina (Foto: Antônio Mendes/Amazonas1)

A defesa do delegado da Polícia Civil, Gustavo Sotero, acusado de homicídio e tentativa de homicídio, contestou a acusação e disse que o policial agiu, sim, em legítima defesa. Para o advogado Claudio Dalledone Júnior, que lidera a defesa de Sotero, o assistente técnico e perito criminal, Ricardo Molina, promoveu um “espetáculo”  ao analisar as imagens de segurança e produzir o laudo técnico, detalhando o que aconteceu na boate naquela madrugada de 25 de novembro de 2017.

“É uma força-tarefa de poderosos advogados que assumem uma verdadeira saga acusatória contra um delegado de polícia, honrado, que é um cidadão, pai de família. Com base no que tem nos autos, nós vamos trabalhar esses três dias (de julgamento), para mostrar à sociedade e à imprensa que acompanhou o caso de forma isenta, mesmo diante de uma saga acusatória promovida pela OAB”, diz o advogado Dalledone, em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, 28.

Dalledone criticou, ainda, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas (OAB-AM), apontando um viés político no caso. “Quem mata e quem morre aqui em Manaus, vai ter a sorte, depende de quem está atrelado politicamente? Porque estou vendo muita política aqui, estou vendo política em cima do Sotero, estou vendo também essa mesma força-tarefa de advogados poderosos, porque o que eu e meus advogados vamos enfrentar é uma saga-acusatória”, desabafa.

O advogado disse que viu um “verdadeiro espetáculo” nas análises do perito criminal Ricardo Molina, que mostra em seu laudo técnico, detalhes sobre o dia do crime. “Ele como um bom fonoaudiólogo que é, se coloca em um protagonismo que… meu Deus esse homem não precisa mais de juiz, de promotor, advogados, peritos, ele é um senhor de todas as verdades”, criticou Dalledone.

‘Beira o ridículo’

“Não é vedado a pessoa trazer um perito, mas trazer um homem que invoca poderes supremos, de onipresença e onisciência. Faltou os senhores perguntarem onde ele estava no show, não é? Porque ele fala de ricouchete, ele fala de quem olhava e de quem não olhava, quer dizer: beira o ridículo isso. Com todo respeito ao Ricardo Molina, ele se lançou em um protagonismo que beira as raias do ridículo”, comenta Dalledone.

Julgamento

O crime que vitimou o advogado Wilson Justo Filho irá à julgamento a partir desta terça-feira, 29, no Fórum Ministro Henoch Reis, Zona Centro-Sul e, conforme a defesa do delegado, a causa será debatida com muita tranquilidade, pois estão convictos de que Sotero agiu em “legítima defesa”.

“É lá (no Tribunal) que nós iremos decidir. Não existe esses juízos de certezas absolutas. Esse espetáculo do fonoaudiólogo, tenho certeza de que não causou impacto, porque no plenário ele vai ter que ser contestado e dar explicações”, diz a defesa.

Contestado

Na manhã desta segunda-feira, 28, a advogada Catharina Estrela evidenciou uma possível “manipulação” no vídeo divulgado pela defesa do delegado Gustavo Sotero. Perguntado sobre o assunto, o advogado Dalledone questionou porque o tema não foi impugnado a prova para que aparecesse nos autos do processo para o julgamento.

“Porque que não impugnaram? Existe a possibilidade de impugnar. Falar para imprensa dessa maneira é jogar para torcida. Evidentemente que são cortes específicos colocando situações. Agora há demonstração. Mas eu não tenho nenhum problema em pegar a imagem bruta, analisar e colocar para o conselho de sentença. Eu não preciso de peritos e não preciso de edições, mas eu preciso sim daquela imagem e a interpretação que tem que ser dada. Vejo nesse tocante, desespero por parte dessa poderosa força-tarefa da OAB-AM, que não está medindo esforços para nesse caso para promover uma saga acusatória. Isso para mim soa desespero”, diz Dalledone.

‘O sexto tiro só não saiu porque a arma travou’, diz perito; ‘ele terá que provar’

Wilson Justo Filho foi assassinado no dia 25 de novembro de 2017 com cinco tiros pelo corpo. De acordo com o perito Ricardo Molina, o sexto tiro só não saiu, porque a arma de Gustavo Sotero travou. Molina, em seu laudo técnico, informa que durante a confusão na boate, o delegado sai a procura do advogado e o acha já sentado em um canto. Quando o encontra, Sotero tenta dar o “tiro de misericórdia”, mas não tem êxito, devido a arma travar. 

“Isso eles vão ter que provar, porque não há nenhuma incidência na tecla do gatilho. O fonoaudiólogo que tratou as imagens, que aclarou as imagens, porque ele não não mostrou esse incidente do armamento naquela dinâmica? Falar e não provar é o mesmo que não dizer. Todas essas questões nós vamos se posicionar”, diz o advogado Claudio Dalledone.