Foto: Reprodução
MANAUS, AM – Depois de um longo período de folga para curtir o Carnaval, na volta aos trabalhos na Câmara Municipal de Manaus, os parlamentares receberam mobílias novas – um ”presente” boas-vindas. Na sessão plenária de segunda-feira (7), o vereador Rodrigo Guedes (PSC) questionou a troca das cadeiras do Parlamento e, nesta terça-feira (8), foi a vez do vereador Amom Mandel (sem partido) abordar o assunto, mas surpreendeu ao revelar que uma das empresas contratadas pela CMM é de um membro da família.
Abrindo o discurso na sessão plenária no Dia da Mulher, o vereador comentou o assunto com poucos parlamentares, já que o plenário estava praticamente vazio. Amom dirigiu a fala para o presidente da CMM, David Reis (Avante) e toda a Mesa Diretora, e classificou a aquisição como um “gasto desnecessário”.
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“Eu recebi com muito pesar, nos últimos dias, uma série de reclamações e denúncias de populares e dos veículos de comunicação quanto a licitações e trocas, aparentemente, desnecessárias, na mobília e nas cadeiras do Parlamento municipal”, começou o vereador.
“E, após apurar as denúncias recebidas, eu verifiquei que uma das empresas contratadas é de um parente meu. Para mim, não faz diferença nenhuma, continua errado! Deixo aqui meu repúdio absoluto quanto a total falta de cuidado com o dinheiro público, na minha opinião, que o presidente do Parlamento tem tido para com essa Casa, para com a população manauara”, declarou.
Amom ainda ressaltou que a cadeira antiga não apresentava nenhum sinal de problema, logo, sendo a troca sem necessidade. Além das cadeiras novas no plenário, a CMM também recebeu uma mobília nova, com isso, o vereador perguntou ao presidente da Casa o destino dos móveis antigos.
“Para onde foram as cadeiras antigas e os móveis antigos? Eles vão ser doados para alguma instituição? Nós precisamos de uma maior transparência, não só para justificativa para o processo licitatório desses móveis que foi feito, mas também para destinação dessa mobília, uma vez que são esses tipos de gasto, na minha opinião, que sujam o Parlamento”, destacou.
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O vereador voltou a questionar o motivo da troca dos móveis da CMM e afirmou que é contra qualquer tipo de gasto desnecessário. Amom ainda pediu para que os parlamentares que são contra a troca de cadeiras do plenário, que usem o tempo para se manifestar, pois “quem cala, consente.”
“Eu não me calo! Se vossas excelências não concordam com o uso indevido, com o uso desnecessário do dinheiro publico, é importante que nós nos manifestemos para pressionar e impedir que esse tipo de gasto permaneça, se perpetue e que continue sendo comum e tradição entre os gestores públicos do Brasil”, finalizou.
Manifestação
Após a fala do vereador Amom Mandel, outros parlamentares também comentaram a troca da mobília que aconteceu durante o feriado do Carnaval.
Rodrigo Guedes, que já tinha se posicionado na última sessão, voltou a falar sobre o assunto e afirmou que não havia motivo para troca, e as cadeiras antigas eram “boas que atendiam a demanda dos vereadores”.
“Particularmente, não vi problema nas antigas cadeiras. Consultando o valor de cada uma delas, foi de R$ 2 mil reais, me corrijam se eu estiver errado. Temos aí cerca de R$ 100 mil reais gastos com dinheiro público. O dinheiro não é da Câmara Municipal de Manaus, é do povo! Não é porque está disponível no orçamento que pode ser utilizado de qualquer jeito!”, explicou o vereador.
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O vereador Gilmar Nascimento (DEM) também se manifestou sobre a troca da mobília e relembrou que as cadeiras não são ergonômicas. “Quando a pedrada cai na Câmara, não cai só na mesa do presidente, cai em todos nós”, disse.
Gilmar ainda disse que, em alguns atos, falta transparência da Mesa Diretora e que em seus mandatos anteriores sempre houve diálogo sobre todos os processos que seriam demandados pelo presidente da Casa Legislativa.
“Mas eu vejo que está faltando uma comunicação da Mesa Diretora com o Parlamento, porque para o vereador da Mesa Diretora e Ouvidor parece que não houve comunicação da decisão”, questionou Nascimento e ao mesmo tempo explicou que, muitas vezes, o presidente toma uma decisão individual e acaba que resvala na Casa e nos demais parlamentares, e quem está na Mesa Diretora assume uma responsabilidade solidária.
Gilmar disse, ainda, que o presidente administra os recursos, mas é preciso que se tenha razoabilidade. “Eu vejo que não tem comunicação”, pontuou Gilmar, reclamando que as cadeiras novas não são ergonômicas e que as antigas estavam boas.
“Eu também me sinto agredido com essas decisões e fica aqui o meu repúdio. Eu entendo que o presidente tem que tomar decisões, mas precisa sentar com a Câmara e democratizar as decisões, respeitar a Mesa Diretora e os 41 parlamentares”, finalizou.
Desde essa segunda-feira (7), o Portal AM 1 questionou a Câmara Municipal de Manaus sobre o a troca da mobília e das cadeiras no plenário e não houve retorno da solicitação. Apenas o presidente da CMM, David Reis, que disse que os gastos estavam “todos no Diário Oficial” e que não sabia de “cabeça” os valores.
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