Manaus (AM) – Apesar de inelegível, Bolsonaro mantém influência significativa sobre os eleitores em Manaus, sustentando o forte cenário bolsonarista na metrópole da Amazônia. Esse fenômeno pode exercer uma influência crucial nas eleições municipais deste ano, conforme evidenciado na última pesquisa do Instituto Pontual, divulgada dia 1 de março, e pontuado pelo especialista ouvido pelo Portal AM1.
Em 2018, pleito que resultou na eleição de Bolsonaro como presidente, a cidade de Manaus já evidenciava sua inclinação ao bolsonarismo, com expressivos 65,72% dos votos destinados a ele, contra 34,28% atribuídos a Fernando Haddad, o candidato petista na época.
Nas eleições de 2022, mesmo com os ataques à Zona Franca de Manaus (ZFM), Manaus seguiu o mesmo posicionamento, deu a Bolsonaro, no segundo turno, 61,28% dos votos, em contraste aos 38,72% de seu adversário, Luiz Inácio Lula da Silva.
O feito bolsonarista pautou várias campanhas para a Câmara Municipal de Manaus (CMM), em 2020, elegendo, inclusive, um número expressivo de vereadores que levantam a bandeira do conservadorismo. Um dos mais fervorosos é Raiff Matos (PL). Inclusive, o vereador, que defende a família e os valores cristãos, foi o responsável pelo Projeto de Lei que criou o Dia do Conservadorismo, celebrado dia 10 de março.
Além de Raiff, Capitão Carpê (Republicanos), João Carlos (Republicanos), Joelson Silva (Sem Partido), Kennedy Marques (PMN), Marcel Alexandre (Avante), Gilmar Nascimento (UB), Mitoso (PTB), Professor Samuel (PL), Roberto Sabino (Podemos) e Wallace Oliveira (DC) também venceram as eleições com bandeiras alinhadas ao bolsonarismo.
O feito deve se repetir na eleição deste ano. Já que o bolsonarismo se movimenta de maneira estratégica para as eleições municipais deste ano, já visando força para uma provável disputa com Lula em 2026.
O ex-presidente Bolsonaro revelou, em um vídeo publicado em suas redes sociais, que onde não for possível ir para a disputa com chances de eleger um prefeito, irão buscar eleger a maior quantidade possível de candidatos a vereador.
Preferência por candidatos apoiados por Bolsonaro
A pesquisa do Instituto Pontual apontou que 45,2% dos eleitores votariam em um candidato apoiado por Bolsonaro à Prefeitura de Manaus. Somente 28,6% diz que não votaria.
Em comparação a Bolsonaro, o impacto do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, na decisão dos eleitores para a escolha do prefeito em Manaus tem sido pouco expressivo. Caso Lula decida apoiar algum candidato, apenas 24,8% dos eleitores dizem que votaria no candidato do presidente. Por outro lado, 40,4% sinalizaram que sua disposição para votar diminuiria. No entanto, 30,9% dos eleitores afirmaram que seriam indiferentes ao apoio do presidente, enquanto 3,9% escolheram não responder ou estavam indecisos.
Vale frisar que Bolsonaro já declarou apoio à pré-candidatura do deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) na corrida pelo poder municipal, no dia 20 deste mês. O anúncio ocorreu na sede do Partido Liberal, em Brasília, na presença do presidente do partido no Amazonas, Alfredo Nascimento. O discurso do deputado federal, segundo especialistas, é favorável para o eleitorado bolsonarista.
Para o deputado, o apoio declarado de Bolsonaro confirma que a direita no Amazonas vai unida para as eleições municipais e deve formar uma grande bancada de vereadores.
Direita reina
Para o cientista político Carlos Santiago, o cenário político em Manaus difere da polarização encontrada em outras capitais do país. Isso porque, segundo o especialista, os partidos de direita ou alinhados com Bolsonaro possuem uma presença robusta, tanto em termos de representação parlamentar quanto no Governo do Amazonas e na Prefeitura de Manaus.
“Eles ocupam cargos significativos e mantêm uma sólida articulação com setores importantes da sociedade, incluindo os evangélicos e os trabalhadores de aplicativos, entre outros”, pontua.
Por outro lado, os partidos de esquerda ou progressistas enfrentam uma situação oposta. “Eles carecem de força política e lideranças expressivas tanto na cidade de Manaus quanto no estado, encontrando-se desarticulados e sem uma agenda clara. A falta de consenso para formar uma chapa majoritária é evidente, e a ausência de uma candidatura competitiva para os cargos de destaque reflete a fragilidade desse espectro político na região”, acrescenta.
Assim, de acordo com Carlos Santiago, o embate político em Manaus gira em torno do apoio de Bolsonaro e de políticos alinhados a ele, com uma competição acirrada entre os partidários da direita pela supremacia eleitoral e pela conquista de mais cadeiras na câmara municipal.
Em contrapartida, os partidos de esquerda lutam para se organizar e apresentar uma frente unificada, revelando uma dinâmica singular na cidade.
“Aqui (Manaus), não há uma polarização entre diferentes ideologias, mas sim, uma predominância de um único lado, dada a fraqueza relativa do outro”, reforça Santiago.
Bolsonarismo firme na Aleam e na Câmara Federal
Assim como na CMM, o bolsonarismo ajudou a eleger parlamentares para outros poderes. Na Câmara dos Deputados, em Brasília, quatro dos oito deputados se declaram bolsonarista ou conversador: Alberto Neto (PL), Silas Câmara (Republicanos), Pauderney Avelino (UB) e o decano Átila Lins (PSD).
Na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), Comandante Dan (Podemos), Delegado Péricles (PL), Cabo Maciel (PL) e Débora Menezes (PL) são alguns dos nomes.
Em 2022, O PL de Bolsonaro elegeu 99 deputados, consolidou a posição de maior bancada da Câmara dos Deputados.
Eleitores
Nas últimas eleições municipais, em 2020, Manaus tinha 1.331.613 milhão de eleitores, mas em 2024 esse número pode chegar a 1.434.915, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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