Manaus, 7 de maio de 2024
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Manaus, 7 de maio de 2024

Cenário

‘Cliente não lê a conta’, diz vice-presidente da Amazonas Energia em audiência na CMM

Enquanto Radyr critica que a população não lê a própria conta de luz, o idoso Asemir da Silva, de 62 anos, disse que sua conta de energia saiu de R$ 180 para cerca de R$ 370

‘Cliente não lê a conta’, diz vice-presidente da Amazonas Energia em audiência na CMM

Foto: Reprodução

Manaus/AM – “Na maioria das vezes, o cliente não lê a conta de energia, ele vê apenas que sobe o valor da conta. E poucas vezes, quando vai vencer. Isso é fato”. A declaração é do vice-presidente da Amazonas Energia, Radyr Oliveira, que, durante audiência pública na Câmara Municipal de Manaus (CMM), deu a entender que a maioria dos amazonenses não sabe ler e identificar as cobranças nas contas de energia elétrica e, por isso, surgem as confusões e reclamações contra a empresa.

A reunião pública realizada na manhã desta quinta-feira (17), no plenário Casa Legislativa, teve como objetivo debater os problemas ocasionados pela instalação de novos medidores de energia elétrica em alguns bairros da capital; além das inúmeras denúncias de clientes sobre aumento na conta de luz; péssimo atendimento da concessionária; cortes ilegais, entre outros.

A fala de Radyr ignora o fato de que, embora estejam descritos na conta de energia os valores de cada cobrança parcial, o que pesa no bolso do cidadão é o valor final.

Na audiência, o gestor da concessionária também afirmou que existe um bônus do governo federal para quem economiza a sua energia elétrica e citou exemplo de pessoas que viajam por dias, e depois se deparam com o valor da conta reduzido, como se todos os cidadãos tivessem condições de fazer viagens para economizar energia.

“Mas eu recebi dois clientes que foram lá na empresa falando assim: ‘olha, a minha conta veio zerada. O que aconteceu?’. Aí explicamos que é um incentivo do governo, por conta da crise hídrica a nível nacional, e estamos ligados ao sistema […]”, disse. 

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Para ele, o consumidor precisa entender como as cobranças são feitas e os motivos, para não reclamar mais dos valores cobrados nas contas de energia.

“E hoje, quando você pega a fatura, e a maioria das pessoas não lê a fatura, está discriminado ali quem é quem. A gente paga uma taxa de escassez hídrica, né. Por exemplo, esse mês eu paguei R$ 250. Você acha mesmo que eu vou chegar na [sic] empresa e ir reclamar? Não, porque eu sei como funciona”, disse à reportagem.

‘Ou paga ou come’

Enquanto Radyr critica que a população não lê a própria conta de luz, o idoso Asemir da Silva, de 62 anos, que estava no plenário da CMM participando da audiência pública, disse que sua conta de energia saiu de R$ 180 para cerca de R$ 370.

“Era uma faixa de R$160 a R$ 180, agora com todo resumo que nós fizemos, estou pagando uma faixa de R$ 370. O consumo em casa parou tudo, é só uma geladeira, uma televisão, uma máquina de lavar roupa. Às vezes, a mulher lava e eu levo o restante para lavar na pia, para economizar, não só eu, mas é toda a população!”, disse em tom de revolta.

Foto: Portal AM1

Desempregado, ele questionou como vai pagar os débitos que já estão se acumulando. Aliás, ele não sabe se compra comida para se alimentar ou se paga a conta de energia elétrica.

“Não tem como! Uma pessoa desempregada, como é que vai pagar uma conta? Ou paga ou come, porque tem a água e tem a luz e tem a alimentação diária. Eu tenho um ganho mínimo, se eu for pagar tudo isso, eu não vou comer. Tem pessoas que estão com os talões todos em suas casas porque não dava para negociar, porque logo no mês seguinte, chegava um talão de mil, e aí haja negociação!”, afirmou.

Péssimo serviço

A Amazonas Energia é campeã de reclamações no Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-AM) e, além da audiência pública de hoje, de autoria do vereador Jander Lobato (PTB), já é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).

Recentemente, o Instituto de Pesos e Medidas do Amazonas (Ipem) revelou que uma fiscalização do órgão apontou que medidores convencionais de energia estavam com erros nos cálculos. Dos 1.100 equipamentos analisados, 6 estavam gerando cobrança mais cara, e 357 cobrando a menos.

O laudo do Ipem deve ser divulgado nos próximos dias e, segundo o vice-presidente da Amazonas Energia, Radyr Oliveira, com tal parecer, a concessionária deverá analisar cada caso e ressarcir os clientes identificados.  

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