Foto: Arquivo Portal AM1
MANAUS, AM – Desde o início de setembro, a construção de um novo anexo na Câmara Municipal de Manaus (CMM); a contratação de 41 carros modelo picape para os parlamentares e o reajuste salarial dos próprios vereadores, bem como do prefeito, do vice e dos gestores municipais vêm gerando polêmicas, por conta dos valores que serão empregados em todas essas ações, em face das necessidades da população manauara, que enfrenta, acima de tudo, a fome e o desemprego.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mais de 84 mil manauaras perderam o emprego, entre janeiro a julho deste ano.
Para o professor e economista Orígenes Martins Júnior, quando se tem pessoas passando privações na cidade, inclusive na hora de comer, uma construção como essa é desnecessária, ainda mais pelo valor previsto.
“Existe algo que deveria ser levado em conta na administração pública, principalmente em um momento como este: prioridade. Se temos tantos cidadãos passando necessidade, tanto no que diz respeito a aquisição de remédios, mas principalmente à capacidade de comer, não é possível concordar com um gasto deste em uma obra que não pode ser considerada essencial”, comentou.
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Só para a nova construção, o presidente da CMM David Reis (Avante) já empenhou um valor de R$ 31.979.575,63 (trinta e um milhões, novecentos e setenta e nove mil, quinhentos e setenta e cinco reais), dinheiro este vindo do pagamento de tributos na cidade de Manaus.
Com o valor que será empregado nesta obra, considerada desnecessária por poucos parlamentares, no caso, Amom Mandel e Rodrigo Guedes, seria possível realizar a compra de mais de 2 milhões de cestas básicas para serem distribuídas nas comunidades carentes de Manaus e das zonas rurais e ribeirinhas da cidade.
Em cotação feita pelo Portal Amazonas1, sobre valores de cestas básicas, é possível perceber que com esses quase R$ 32 milhões poderiam ser compradas mais de 216 mil cestas básicas para alimentar os mais necessitados.
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Na última segunda-feira (13), a nova construção deu o que falar no plenário da Casa Legislativa e o presidente David Reis acusou o vereador Rodrigo Guedes de ter chamado o anexo de “puxadinho”. Quase todos os parlamentares que se encontravam na sessão saíram contra Guedes e a favor dos gastos exorbitantes.
O vereador Amom Mandel também se opôs à obra e disse que teve dificuldade em ter acesso ao edital de licitação desse novo empreendimento, justificado por parte da Mesa Diretora da CMM, como de suma importância para a sociedade. A decana da Casa, vereadora Glória Carratte, chegou a dizer que a discussão era uma “futriquinha” dos parlamentares homens e que defendia o conforto que o novo prédio vai dar aos parlamentares, inclusive a ela, que disse que era da época em que a Câmara era de madeira na avenida Sete de Setembro, no Centro.
David Reis, que tem um gabinete maior que os demais parlamentares, por fazer parte da Mesa Diretora, agraciada quando foi construído o anexo I, também classificou que os demais gabinetes mais parecem “caixas de fósforos, de tão pequenos que são.
Mais celeuma
Outro dinheiro dos contribuintes que será investido em benefício dos próprios vereadores é a contratação de automóveis para os 41 vereadores da CMM, ao custo mensal de aproximadamente R$ 8 mil, conforme anunciou Rodrigo Guedes, que já disse que abre mão de mais um gasto desnecessário na Casa Legislativa.
Embora o ato não determine o valor dos veículos, se somarmos o valor pela quantidade de vereadores, o montante mensal investido nos aluguéis dos carros será de R$ 328 mil, ao término de 12 meses – prazo geralmente contratado pela CMM, o valor será de cerca de R$ 3.936.000,00 (três milhões, novecentos e trinta e seis mil reais).
Mais benefícios
Enquanto a população “rala” para conseguir o pão de cada dia, de domingo a domingo e sem perspectiva de empregos, principalmente os informais, os vereadores que já têm um salário privilegiado no valor bruto R$ 15 mil, poderão ter seus salários aumentados em 2022. O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) tenta barrar o aumento dos parlamentares e dos gestores municipais.
Além disso, os vereadores ainda têm disponibilizada, mensalmente, caso queiram utilizar, a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Cotão), no valor de R$ 18 mil para despesas como: gasolina, assessoramento e divulgação dos serviços executados pelos legisladores.
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