Manaus, 18 de maio de 2024
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Cenário

Destempero: relembre casos em que os políticos do AM ‘saíram do controle’

Destempero de políticos do Amazonas mostra que, em grande parte, poder não é sinônimo de educação ou até gentileza

Destempero: relembre casos em que os políticos do AM ‘saíram do controle’

Foto: Reprodução

MANAUS, AM – Por vezes conhecidos como “intocáveis”, isto é, quase que como deuses, os políticos se aproveitam para poder cometerem atos de destempero contra desafetos, outros políticos, e até mesmo contra a população. Com os políticos do Amazonas, a situação não é diferente: em meio a situações complicadas, quando deveriam mostrar controle emocional, eles se descontrolam e atacam até a população.

O caso mais recente foi o do senador Eduardo Braga (MDB-AM), que em uma ligação no dia 12 de dezembro, destratou a ministra Flávia Arruda, da Secretaria de Governo da Presidência da República, com palavrões e xingamentos machistas. A agressão de Braga foi tamanha que a ministra chegou a chorar ao telefone, e passou o telefone para o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).

Braga
Foto: Reprodução

No afã de tentar abafar o caso, o senador postou, na última sexta-feira (17), um vídeo em que entrega flores à esposa e suplente, Sandra Braga. Na legenda, Braga diz que ela é a sua “Mulher-Maravilha”, e a mulher que lhe acompanha há quase 40 anos.

Leia mais: Uma semana após ser acusado de agredir ministra, Braga posta vídeo entregando flores à esposa

No Parlamento

Quem parece ter seguido o exemplo de destempero e até truculência dos políticos mais antigos foi um vereador de segundo mandato de Manaus. No dia 13 de dezembro, o vereador Rosinaldo Bual (PMN) mandou que seus seguranças expulsassem uma fotógrafa do portal Manaus 360° da galeria da Câmara Municipal de Manaus (CMM), no momento em que ela exercia as suas funções.

Foto: Divulgação

De acordo com a diretora executiva do portal, Cynthia Blink, o vereador estava no plenário, e subiu à galeria porque se sentiu incomodado ao perceber que estava sendo fotografado. “Inclusive, um dos funcionários chegou a dizer: ”daqui a pouco, isso aqui virar um Big Brother!”, afirmou. O fato foi repudiado por diversas entidades que representam os jornalistas do Amazonas e do Brasil.

Exemplo?

Mas os casos de destempero de Eduardo Braga e Rosinaldo Bual não foram os únicos na história política recente do Amazonas. No dia 7 de outubro, o prefeito David Almeida (Avante) destratou a repórter Gabriela Alves, do Amazonas1, durante coletiva de imprensa. David acusou, na ocasião, a direção do portal Amazonas1 de querer “extorquir” a Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom) com contratos de publicidade. O fato foi repercutido por políticos e entidades da classe, e ganhou repercussão nacional.

Em novembro de 2020, durante o processo eleitoral para a Prefeitura de Manaus, o então candidato David Almeida (Avante) quase “sai no tapa” com o publicitário e jornalista Marcos Martinelli, que assessorava Amazonino Mendes (União Brasil). O caso aconteceu em 25 de novembro, durante o debate da TV Norte Amazonas que antecedeu o segundo turno das eleições. O agora prefeito alegou, na época, que havia sido ofendido por Amazonino depois que pediu ao ex-governador que as discussões ficassem no campo das ideias.

David
Foto: Reprodução / AM1

Amazonino, então, teria reagido apontando o dedo para David e falando impropérios, e o atual prefeito reagiu. Foi nesse momento que Marcos Martinelli puxou um telefone e começou a filmar as respostas de David. Na ocasião, o prefeito ameaçou “arrebentar” Martinelli caso ele usasse a gravação contra David.

“Ele foi ao debate apenas para me agredir e não para discutir propostas. Ainda assim, quando o debate acabou, tentei me despedir respeitosamente e recebi uma série de ofensas como resposta. Pedi calma uma, duas vezes, e continuei sendo ofendido por Amazonino. Então, reagi verbalmente. Nesse momento, o marqueteiro dele, Marcos Martinelli, passou a me filmar, o que aumentou a minha indignação. Esse Martinelli aparece em Manaus de dois em dois anos apenas para isso: cometer armações contra os adversários do seu chefe”, disse o atual prefeito em nota divulgada à imprensa na época.

“O sujo falando do mal lavado…”

Amazonino, inclusive, é um exemplo de destempero com os profissionais de imprensa e até a população. Em 2018, o então governador, em busca da reeleição para o governo estadual, foi questionado pela repórter Larissa Santiago, da Rede Amazônica, sobre filas em hospitais e postos de saúde. Mendes interrompeu a repórter e disse que a pergunta era “sem sentido”. “Não faça isso, isso é maldade, é ruim. Eu sou honesto”, teria dito.

A repórter respondeu que também era honesta, mas Amazonino prosseguiu com as ofensas. “Você é repórter! Isso é coisa de jornal, mas você é muito bonita!”, insinuando que a pergunta veio pronta da emissora. “Isso é coisa de imprensa que não está preparada”, continuou o então governador.

destempero
Foto: Reprodução

O ato de destempero do ex-governador foi repudiado, na ocasião, pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). “Em momento algum a repórter usou de tom agressivo ou ofensivo para com a autoridade pública em questão e, no entanto, foi ridicularizada pelo ex-governador, por meio da desqualificação de seu trabalho. (…) Lembramos que na sociedade atual não há mais espaço para posturas de não transparência, o que inclui respostas evasivas e chacotas de qualquer natureza, fato que é extensivo a qualquer gestor público”, diz trecho da nota da entidade divulgada na época.

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