Manaus, 5 de maio de 2024
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Manaus, 5 de maio de 2024

Cenário

Exclusivo: Omar fala de Bolsonaro, gabinete do ódio, CPI, Arthur e chama o rival Menezes de ‘puxa-saco’

Em entrevista exclusiva ao Portal AM1, o senador Omar Aziz apontou sua visão sobre assuntos como BR-319, Zona Franca de Manaus e CPI da Pandemia, além de revelar ser amante do boi bumbá e torcedor do Nacional

Exclusivo: Omar fala de Bolsonaro, gabinete do ódio, CPI, Arthur e chama o rival Menezes de ‘puxa-saco’

Manaus/AM – Com um jeans despojado, camisa básica e de sandália havaiana. Foi como o senador do Amazonas, Omar Aziz (PSD), recebeu a equipe de reportagem do Portal Amazonas1, na última sexta-feira (25), em sua casa, para uma entrevista ping-pong. Por trás do paletó e da gravata, além de se posicionar sobre assuntos políticos, o senador revelou ser amante do Boi Bumbá, assiste BBB e um eterno nacionalino.

Longe do Congresso Nacional em Brasília, neste período pré-carnaval, Aziz volta para Manaus para tratar de assuntos do partido, do estado ou de família. A entrevista, algumas vezes pausada por uma ligação ou outra recebida pelo parlamentar, abordou, principalmente, sobre Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, da qual ele foi presidente; família Bolsonaro, Prefeitura de Manaus, Governo do Amazonas, Petrobras, BR-319, Reforma Tributária e redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Leia a entrevista na íntegra

AM1: Senador, começo perguntando sobre a decisão definitiva do ministro Alexandre de Moraes sobre a suspensão da quebra de sigilo telemático dos dados do presidente Bolsonaro. Ele também criticou a CPI da Pandemia. Qual seu posicionamento sobre isso?

OA: Sim, eu acho que a CPI não tinha como fazer isso mesmo e ele tem razão. Naquele momento se aprova, isso é aprovado dentro da CPI. Eu, pessoalmente, acho que é um a extrapolação sim por parte da CPI, porque o presidente tem um foro diferenciado, ele não pode ser convocado, ele pode ser convidado, e vai se quiser. Mas isso não inviabiliza que o ministro Alexandre continue fazendo as investigações, principalmente em relação ao filho do presidente Bolsonaro que foi à Rússia agora e não foi para acompanhar o papaizinho não, ele foi porque ele utiliza sistemas russos para invadir e propagar fake News, por isso esse posicionamento do Bolsonaro em relação à Rússia.

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Porque eles não foram atrás de fertilizante, até porque não precisa. Não é o Brasil que compra fertilizante, quem compra são as pessoas que produzem e que já têm seus contratos aí há muito tempo; o governo brasileiro não compra fertilizante. Então, a ida do Carlos Bolsonaro, que está sendo investigada, que não fez nada diferente do Allan [dos Santos] lá, que ele mandou prender. Infelizmente, até hoje, ele não mandou prender o Carlos Bolsonaro

Ele é o comandante do gabinete do ódio, do gabinete da fake news do presidente, e todo mundo sabe no Supremo. Tanto é que os ataques que o presidente fazia ao Supremo era com medo de o filho ser preso. Por isso que o Temer interveio e fez o Alexandre de Moraes conversar com Bolsonaro. Eles tiveram uma conversa por telefone; mas o medo, receio, não era contra Alan dos Santos, era o filhinho preferido do presidente, que é um marginal, aquele moleque é um marginal.

Como foram presas várias pessoas por fake news, ele também tinha que ter sido preso, não foi preso porque era filho do presidente, porque o crime que ele cometeu era igual dos outros que foram presos: ataques ao Supremo, ataques à democracia, uma série de coisas todas comandadas por ele. Aquilo não saía da mente de uma pessoa, saía de um comando, e esse comando, o chefe chama Carlos Bolsonaro. A gente espera, agora, com a volta da CPI da fake news, que nós possamos avançar nesse sentido.

AM1: E sobre o posicionamento tardio do presidente Bolsonaro em relação a invasão da Rússia na Ucrânia? O que o senhor acha?

OA: Não, não foi tardio. Ele já se posicionou. Ele não fala, mas é pró Rússia. O Mourão… O mais engraçado de tudo é o vice-presidente, que é general, dizer que tem que usar a força contra a Rússia. Veja bem a que ponto nós chegamos. Quero saber como é que o Brasil entra numa guerra dessa, porque não tem um estilingue para guerrear. E o Mourão, vice-presidente, diz que só sanções não bastam, tem que usar força. E aí a gente pergunta ‘vice-presidente, qual a força que o Brasil tem para entrar numa disputa dessa?’. O Brasil sempre foi um país pacifico. A nossa maior participação numa guerra foi no Paraguai, que nós tivemos uma guerra aí. E não foi só o Brasil contra o Paraguai, foi uma união de forças, Brasil, Uruguai, Argentina, todo mundo contra o Paraguai.

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E o Brasil teve uma participação há muito custo, porque o Getúlio (Vargas) era pró Hitler, e aí os EUA tiveram que pressionar o Brasil, fizeram uma base em Natal para que o Brasil entrasse na segunda guerra mundial. Mas o Brasil já entra quando os aliados já estão dentro da Itália, da Alemanha. Então, nós nunca fomos um país que participou de guerra. Nós participamos de grupos de paz, como no Haiti, que nós estivemos no Haiti, com aqueles capacetes azuis

Agora me admira um general, vice-presidente, falar que tem que usar força. Usar força contra a Rússia agora é a terceira guerra mundial, é o fim do mundo, porque o que eles têm de ogiva nuclear para lançar para qualquer lugar do mundo. Então não brinca com essas coisas. Calado tu ainda está errado, Mourão. Aliás, foi ele que disse que ia comer a boina se não fizesse a BR-319.

AM1: Aliás, o presidente da Procuradoria Geral da República (PGR), Augusto Aras, ainda não determinou nenhuma diligência em relação aos resultados da CPI. Ele já chegou a afirmar que não há provas suficientes.

OA: O Aras pode absolver o presidente, pode absolver aquele pessoal que está lá sob o controle dele ou pode condenar. Ele só não pode dizer que não tem prova, porque as provas são públicas. Vocês sabem do negacionismo do presidente, que ele nunca quis comprar vacina, vocês sabem de uma série de coisas que todo Brasil sabe. Seja ele procurador da República, seja ele um simples trabalhador que vive para o seu trabalho, que as vezes não está nem antenado, mas sabe o que aconteceu no Brasil. E nós não chegamos a esse recorde de mortes no Brasil a toa. Nós chegamos pelo negacionismo, porque se propagou medicamentos não comprovados.

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O Aras tem direito de fazer o que ele quiser, porque ele é procurador, mas escreva, não diga que não tem provas, porque tem, tem mais de 10 trabalhos de prova lá com ele. Às vezes, qualquer cidadão brasileiro, se vocês virem uma pessoa fazer alguma coisa errada, com um pedaço de papel você pode encaminhar ao Ministério Público, ou então entrar no site de denúncia, que eles abrem um procedimento para investigar. O que nós queremos é que o Aras, além da investigação até onde nós fomos, que ele continue essas investigações. Inclusive, sobre essa questão telemática, tudo bem, a CPI não tinha poder para isso, mas a Procuradoria Geral tem. O Alexandre de Moraes quando diz que a gente extrapolou ele não esta errado, nós tínhamos limites.

Augusto Aras
Foto: Reprodução

Por que o Ministério Público Federal, com as mesmas provas, já abriu diligências para várias outras coisas? O doutor Aras pode falar o que quiser, mas ele tem que decidir. Doutor Aras, decida, diga: ‘olha, o presidente não tem culpa de nada, o Pazuello é um pobre inocente, todo mundo é inocente’. Ou condenar. Ele só não pode vir com essa conversa de que não provas, porque é ruim para ele, não é legal para ele, porque as pessoas, os brasileiros, vocês jornalistas sabem.

AM1: Durante a CPI, o deputado Fausto Junior fez um depoimento polêmico. Naquele dia, o senhor chegou a dizer que pediria a quebra de sigilo de 13 empresas e, ainda, da mãe do deputado, a conselheira do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), Yara Lins. O senhor fez isso? Como ficou a relação com o deputado?

OA: Todos foram denunciados aos órgãos competentes, tá certo? Isso aí está nas mãos da Polícia Federal, do Ministério Público Federal, vamos aguardar. Não tenho relação com o deputado não.

AM1: Agora falando de política local, como o senhor avalia a gestão do prefeito David Almeida, levando em consideração que ele tem o nome envolvido em diversas irregularidades e polêmicas?

OA: David pegou uma estrutura toda desorganizada né. O ex-prefeito (Arthur Neto) já não tinha mais condições de administrar, estava lá esperando o tempo passar […] Ele estava muito mais preocupado em esconder o cadáver do engenheiro Flávio né, do que trabalhar. É impressionante que ele não foi chamado nem para depor. O Ministério Público não chamou o ex-prefeito que funcionários foram lá com ordens dele, mataram o rapaz, levaram, e ele não foi chamado para depor. No dia 31 de dezembro, ele e a esposa dele, conseguiram, pela relação que ele tem, com o ministro do STJ, uma decisão para ele não ser preso, nem ele nem a mulher dele, isso é um absurdo, tirando carta de seguro.

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Em relação a acusações: eu fui governador, tem muitas acusações que são feitas que as vezes são levianas, nós temos que ter muito cuidado com isso, porque isso atrapalha uma administração. Você está me ouvindo falar do Ministério Público, do procurador-Geral, tem denuncias contras mim há cinco anos e até hoje não sou réu em nenhuma ação, até hoje não sou denunciado. E se eu tivesse medo dessas acusações, eu não enfrentava o homem mais poderoso desse país que é o presidente Bolsonaro, eu não enfrentava a PGR, que te denuncia, que pode te denunciar.

Então, quando você não tem o que temer, você enfrenta. Mas enfrenta assim como estou enfrentando, aberto e não se escondendo. Tanto é que minha postura como presidente da CPI foi uma postura muito clara para o Brasil, não foi puxando saco de ninguém, foi tentando esclarecer, principalmente para os amazonenses, o que tinha acontecido.

Em relação ao prefeito David e qualquer outro gestor, eu sou muito cauteloso, porque muitas vezes se cria uma versão e essa versão chega lá na ponta como verdade e você vai ver que não é verdade, mas você já foi massacrado, julgado e condenado, como é o meu caso.  

AM1: E sobre a gestão do governador Wilson Lima? Vocês, inclusive, têm se aproximado bastante, vão juntos para algumas agendas no interior do estado…

OA: Eu sou senador do Amazonas, meu papel não é fazer oposição ao prefeito, ao governador, querer fustigar governador. Meu papel é ajudar o Amazonas, independente de quem esteja no governo. Quem decide se o governador vai ficar ou não, não sou eu, são vocês, é a população que vota. Então, eu estarei disposto a ajudar o governador Wilson Lima como eu ajudaria qualquer um outro, como se fosse Amazonino, Eduardo Braga, se fosse o Melo, se fosse o David. Qualquer outro governador que estivesse no poder era minha obrigação.

AM1: Sobre a Reforma Tributária, quais os riscos para o Amazonas?

OA: Sobre a questão da reforma tributária, as questões que eu levanto são preocupações sérias. Essa reforma tributária é o início do fim da Zona franca de Manaus. Ela não dá nenhuma garantia constitucional para a gente. Tudo que está sendo aprovado está sendo remetido para leis complementares e eu conheço Brasília, sei como funciona. Depois de leis complementares, depende da temperatura e de como está o tempo em Brasília para aprovar ou não. E a Zona Franca de Manaus se segura baseada na Constituição, o que nos dá um diferencial muito grande, então, isso tudo eu tenho alertado.

Omar Aziz rebate fake news e confirma candidatura à reeleição
Foto: reprodução

E a Reforma Tributária, para mim, tem várias questões. Você muda o recolhimento do ICMS, sai da origem para o destino, quer dizer, o Amazonas não é um estado consumidor, é um estado produtor. Você faz ISS e ICMS, vira-se o fundo. Eu não acredito em fundo no Brasil, fundo sempre deu problema, fundo de segurança pública tem problema. O Brasil tem uns 300 fundos e nenhum fundo funciona. Tem um fundo bilionário, que é da questão de bens de informática, ela recolhe tributo para esse fundo, que era para você ter internet mais barata para os estados menos favorecidos. É só você vir aqui no estado do Amazonas, você não consegue falar com municípios do interior. Então, eu não acredito na boa vontade, até porque os homens passam, as leis ficam.

Arquivo / Secom

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Aí, quando você remete para leis complementares, meu amigo, ninguém vem mais fazer projeto aqui, porque ficam esperando se vai ter ou não. Você cria uma instabilidade jurídica e o cara diz: ‘peraí, mas e se não aprovar isso?’. E essa aprovação não é automática, tu sabe que lá, de dois em dois anos, o Congresso para. O Congresso para seis, sete meses em ano eleitoral. A partir de março, abril, o Congresso vai estar todo esvaziado. Vai estar todo mundo na campanha

O primeiro tombo que nós vamos ter é a UEA, porque ela sobrevive de 1% dos bens de informática arrecadados. Ela tem, hoje, um recurso, quanto mais cresce a produção de bens de informática, mais dinheiro entra na UEA. Então, nós estamos falando aí de um negócio arrasador!

AM1: O ministro Paulo Guedes anunciou a redução do IPI em 25%, como isso afeta a Zona Franca de Manaus? Aliás, nessa semana, o superintendente da Suframa, Algacir Polsin se recusou a responder a imprensa sobre assunto.

OA: (A Zona Franca) corre risco seríssimo e, somatizado a isso, tem essa redução de 25% do IPI, que é drástica para a gente também. A gente perde competitividade, a nossa competitividade é baseada em um diferencial que nós temos aqui sobre o pagamento de tributos, porque nós temos toda dificuldade de logística. A gente não conseguia trazer oxigênio, pessoal, você não conseguia trazer oxigênio. Tinha dificuldade de ter aeronaves e transporte para trazer oxigênio. Imagina o custo que é levar uma produção dessa para chegar no [sic] grande mercado brasileiro? É alto. Então, essas questões são questões de centavos, de real, que fazem a diferença para a gente.

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Eu conversei com ele (Paulo Guedes), domingo passado, sobre isso, ele disse: ‘não vou mexer no de vocês.’ Mas não precisa mexer no nosso. Quando você reduz lá, o imposto sobre a produção industrial, você diminui a carga tributária deles, e aí a nossa carga tributária, mesmo isento, você diminui essa vantagem comparativa que nós temos.

Ex-chefe da Suframa, Menezes diz que IPI é questão da bancada federal, da autarquia e do governo
Foto: Reprodução

Ele (Algasir Polsin) é subordinado ao Ministério da Economia, ele não pode se insurgir. Por isso que, nesse sentido, antes disso, e isso começa essa prática com o ex-superintendente, esse coronel aí (Coronel Menezes), que subjugou a Zona Franca puxando saco do presidente, porque ele é um puxa-saco, né. Se tem uma coisa que o povo não gosta é de puxa-saco.

AM1: Senador, BR-319, o senhor é a favor? Quais os impedimentos para a construção da via?

OA: Sempre fui a favor, mas eu sempre disse que seria uma coisa difícil de ser feita por questões ambientais e internacionais. Você conhece a BR-319? Você vai ver que de ambos os lados são terras alagadiças que não dá para produzir absolutamente nada, e não vai tirar madeira porque hoje você tem como controlar tudo por satélite. Então, você tem como fiscalizar a BR-319. É uma estrada que passa de um lado é alagadiça, do outro lado é alagadiço, a grande parte dela é essa. Tanto é que quando ela foi construída, teve que aumentar e muito. Hoje, tecnicamente, é possível você asfaltar e manter aquele patrimônio ambiental totalmente preservado. Não é feito por uma questão e outra, não é feito realmente porque já se passou outros governos, prometeram e não fizeram.

AM1: Como foi a entrada do deputado federal Marcelo Ramos no PSD?

OA: O Marcelo não tinha interesse em sair do PL, ele tinha uma posição clara em relação ao presidente Bolsonaro, ele não apoiava. Quando o presidente vai para o seu partido, tira o palanque do Marcelo. A relação que eu tenho com ele é antiga, uma relação muito boa, nós conversamos eu, ele e o Cid, deixei ele muito a vontade. Disse ‘olha, cê tem aqui no partido toda o nosso respeito’.

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Eu acho que a relação né, a confiança, sabe que aqui tem toda a liberdade. Ele é uma pessoa que tem um futuro ainda muito grande, é jovem. O Marcelo amadureceu muito nos últimos anos, é uma pessoa super respeitada entre os senadores e deputados federais. Se você ver a condução dele numa reunião do Congresso com senadores e deputados, o respeito sob o Marcelo é muito grande, uma pessoa que é reconhecidamente um ótimo parlamentar com conhecimento, com conteúdo e, acima de tudo, tem esse olhar firme na democracia brasileira.

AM1: E quais são as possíveis alianças do PSD neste ano?

OA: Não tem mais coligação. Isso é uma discussão interna que nós vamos ter. O partido não terá candidato ao governo. O deputado Ricardo Nicolau lá atrás me procurou perguntando se tinha espaço dentro do partido para ser candidato ao governo, eu disse ‘olha, Ricardo, tu é meu amigo, nós não teremos candidato ao governo, já tem candidato majoritário, não tem como ter um candidato. Tem um candidato no Senado, não tem como ter um no governo. Então, o partido não terá candidato ao governo da sigla mas vai conversar com outros partidos, com os outros candidatos.

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Em relação a presidente, nós estamos muito livres para apoiar quem a gente quiser. A tendência nossa é ficar com o presidente Lula. “Eu acho que ele tinha que procurar o Biden agora, ter uma reunião com o Biden. Mostrar que o Brasil não é um pensamento… Que essa distorção aí não traga para a gente prejuízos futuros. Se apertar mais o cinto aqui, nós vamos estar lascados.

AM1: Senador, e sobre os diversos aumentos da Petrobras no preço do combustível, como você avalia?

Qual foi a justificativa dada pelo presidente Bolsonaro, pelo ministro Paulo Guedes e pelo General Luna, que é presidente da Petrobras? Qual era a justificativa do aumento duas vezes por semana? Era o dólar subindo. E agora caiu. Quando nós começamos a discutir essa situação, ele estava a R$ 5,80, ele chegou abaixo de R$ 5 e você não viu ninguém falar em redução de preço de combustível. ‘Ah, o preço do barril está crescendo’, sim está crescendo, mas o dólar está caindo. O problema é que é dolarizado.

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Isso foi o Temer que fez para entrar naquele negócio internacional. Mas você não ver nenhum trabalhador d Petrobras recebendo em dólar, você não ver nada em dólar, tudo é real. A extração de petróleo aqui de urucu é real, não é dólar. Então, dolariza e isso dá bilhões… Só para você ter ideia, o ano passado foi R$ 80 bilhões de dividendos para os acionistas. Agora vai ser mais de R$ 100 bilhões de dividendos para os acionistas da Petrobras. Então que se lixe o povo brasileiro, que se lixe o consumidor. Não, nós temos que dar dinheiro para os acionistas. Essa questão tem que ter uma intervenção, e não é através de lei.

Eu não acredito em lei que peça para reduzir preço, porque culturalmente o Brasil não reduz preço de nada. Tu pode ter arroz a botão, mas o preço continua o mesmo no supermercado. Se você está comprando, importando gasolina mais barato porque o dólar caiu de R$ 5,80 para R$ 5, por que que não reduziu o preço da gasolina? Você não precisa ser um grande economista, isso é uma questão prática, lógica das coisas.

AM1: Gostaria de saber, quem é o senador Omar Aziz fora do Congresso, nos bastidores, em casa?

O senador Omar foi forjado na luta, né, como líder estudantil, dirigente estudantil, lutou pela democratização deste país. Na década de 80, final de 70, a gente teve vários embates contra a ditadura militar. Eu fui presidente do Centro Acadêmico de Engenharia, fui dirigente do Diretório Central dos Estudantes, lutamos pela meia passagem, lutamos pela Diretas Já.

Fizemos o papel que aqueles jovens daquele momento entendiam. Eu era do PCdoB nessa época, o PCdoB era clandestino, a gente atuava de forma clandestina. Mas ao mesmo tempo uma pessoa muito ligada ao futebol, eu sou nacionalino, fui dirigente, fui diretor de futebol do nacional, sou campeão na Aparecida, construí aquela quadra, eu ganhei vários títulos como presidente da escola de samba. Até hoje há um respeito muito grande do bairro de Aparecida, dos dirigentes. Sou aficionado pelo boi, tanto é que como governador fiz um novo Bumbódromo. Eu sou uma pessoa que atua politicamente, mas agora não mas né. Naquela época, eu desfilava nas escolas, né, ia para os ensaios. O tempo vai passando, você vai vivendo outras tarefas, que te afastam um pouco disso, é natural. Não dá para um governador do estado estar lá. Mas, sou uma pessoa que recebo muita gente, minha casa é aberta para todo mundo que quiser ir aqui, sempre foi assim. Não tenho muita frescura.

AM1: Na CPI, o senhor ficou conhecido como o senador do bacalhau, isso é verdade mesmo? O senhor faz bacalhau? (risadas)

OA: Foi o seguinte, a cozinheira lá da minha casa ela faz um arroz de bacalhau, que é a coisa mais simples de se fazer, você desfia o bacalhau e mistura com o arroz e tempera, é um negócio simples, uma coisa rápida. Como as reuniões de segunda-feira a noite eram na minha casa, aí a primeira vez que o pessoal foi eu perguntei ‘vocês querem jantar?’, ai eu falei uma comida rápida, ‘faz um arroz de bacalhau aí’, que é um negócio simples, e tomaram um vinho chamado felino, então diziam que aquela reunião era de felino.

Aí o sacana do Randolfe ainda deu uma entrevista esculhambando o bacalhau. Agora é um grande amigo que eu tenho. Inclusive, vai trabalhar na organização, ele abriu mão de ser candidato a governador para estar na campanha do presidente, é uma tarefa importante, é um grande amigo que o Amazonas tem, é um cara que vota com a gente em tudo que a gente pede, em relação a essa reforma tributária ele se posicionou, disse ‘se prejudicar a Zona Franca, conta com meu voto contrário’, o Lucas Barreto também, o Davi Alcolumbre também.

Então esse arroz de bacalhau dela ficou conhecido no Senado, no Brasil né. Ai virou uma coisa natural, toda segunda-feira, chegava em Brasília, tinha a reunião do G-7 lá em casa, ai a gente definia o que ia fazer na semana e depois jantava. O Randolfe foi o que mais jantou lá e depois saiu reclamando.