Manaus, 4 de maio de 2024
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Cenário

Joana Darc garante libras em conteúdo audiovisual, mas não usa recurso na web

Para a Associação Nacional de Surdos Oralizados, a aprovação do projeto pelos deputados, sem a aplicação das medidas inclusivas em suas próprias redes sociais, chega a ser "hipocrisia".

Joana Darc garante libras em conteúdo audiovisual, mas não usa recurso na web

Deputada Joana Darc (Foto: Alberto César Araújo/Aleam)

Manaus (AM) – De autoria da deputada estadual Joana Darc (UB), foi aprovado, no Amazonas, na última quarta-feira (24), Projeto de Lei que determina que conteúdos audiovisuais de órgãos públicos e prestadores de serviços públicos tenham janela com intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e legenda descritiva.

Curiosamente, a deputada, autora da proposta, assim como outros parlamentares da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), não utiliza a comunicação em Libras em seus conteúdos nas redes sociais.

Embora o PL 445/2020, que altera o artigo 57-A da Lei n° 241/2015, garanta mais acessibilidade para a comunidade surda, a aprovação na Aleam chama atenção para a forma que os parlamentares tratam a acessibilidade em seus próprios canais de comunicação com o público.

Ponto positivo

Atualmente, Joana Darc usa a legenda em seus vídeos, recurso que atende os surdos oralizados, maioria na comunidade surda do país. Nesse caso, a legenda ajuda deficientes que utilizam aparelhos auditivos ou implante coclear, e que sabem escrever, ler ou possuem alguma fluência na fala.

Para a presidente da Associação Nacional de Surdos Oralizados (Anaso), Keilah Ayres, o uso das legendas é um ponto muito positivo, porque a maioria das pessoas com algum grau de deficiência auditiva não utiliza Libras.

“Se eu tenho um vídeo que tenha ali somente legenda em texto, que é o que vemos na maioria dos vídeos no Instagram, aí eles atendem as pessoas com um grau de deficiência que são alfabetizadas. […] Atende, inclusive, pessoas sem nenhuma deficiência, pois facilita a compreensão”, afirmou.

Ponto negativo

Em contrapartida, Keilah Ayres afirma que, quando há o uso de apenas um recurso [legenda ou Libras] , nem todos os públicos são atendidos, o que acaba gerando a exclusão.

“Não podemos esquecer o público sinalizante, que tem por comunicação somente a língua de sinais, embora esse público seja minoria, é formado por pessoas que têm direito [à informação]”, disse.

A presidente da Anaso frisa, ainda, que a contratação de um intérprete de Libras tem um alto custo, mas que, se tratando dos parlamentares, deveria haver recursos destinados para isso.

Segundo ela, a aprovação do projeto pelos deputados, sem a aplicação das medidas inclusivas em suas próprias redes sociais, chega a ser “hipocrisia”.

“Um intérprete de Libras é muito caro. Mas, quando falamos de um parlamentar, de órgão públicos, eles deveriam investir na questão de acessibilidade, porque são pessoas públicas. No caso dos órgãos, esses têm por obrigação ter seus conteúdos totalmente acessíveis”, concluiu.

O Portal AM1 questionou a deputada, por meio de sua assessoria, se será feita a adequação do seu conteúdo, todavia, até a publicação da matéria, não houve resposta.


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