Manaus, 20 de abril de 2024
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Cenário

Mudança do decreto do IPI gera críticas e elogios a Bolsonaro na Aleam

Deputados comentaram sobre o encontro do governador do Amazonas e do presidente para tratar sobre a redução do IPI

Mudança do decreto do IPI gera críticas e elogios a Bolsonaro na Aleam

Foto: Reprodução

Manaus, AM – Desde que o governo federal anunciou a redução em 25% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), políticos amazonenses têm se manifestado sobre a decisão. Nessa quarta-feira (9), o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro (PL) para encontrar meios de reverter o cenário para a Zona Franca de Manaus, e a reunião dos comandantes foi um dos assuntos abordados na sessão plenária desta quinta-feira (10) na Assembleia Legislativa do Amazonas. O sucesso da empreitada do governador foi uma vitória, mas o presidente Bolsonaro foi o assunto entre os que aplaudiram e os que criticaram.

Com o plenário quase vazio e com alguns deputados participando da sessão de forma híbrida, a discussão sobre o encontro entre Wilson Lima e Bolsonaro não foi totalmente “aplaudida de pé”, uma vez que grande parte dos parlamentares ressaltou que a manutenção da competitividade da Zona Franca de Manaus era um dever a ser feito por parte do presidente da República.

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Lima e Bolsonaro se encontraram na quarta-feira (9), em uma reunião que também esteve presente o ministro da Economia, Paulo Guedes. A conversa definiu mudanças na redução do IPI para preservar a competitividade das indústrias instaladas no Polo Industrial de Manaus, a qual era uma preocupação das autoridades, empresas e população da capital amazonense. Vitória de Wilson.

Wilson Lima convida Bolsonaro para assinar novo decreto do IPI no AM
Foto: Divulgação / Secom

Como já vinha criticando o decreto desde que foi publicado, o deputado Serafim Corrêa (PSB) em conversa com o Portal AM1 pontuou que o presidente Bolsonaro “faz um jogo de morde e assopra”.

“Ele prometeu que não ia incluir a Zona Franca de Manaus no decreto, aí ele incluiu. Aí depois de todo aquele alarido, o que que ele faz? Ele diz: ‘não, eu vou voltar atrás, mas eu vou assinar lá em Manaus”, explicou.

Ainda de acordo com o deputado, a postura do presidente Bolsonaro é classificada como uma campanha eleitoral, uma vez que optou por assinar o novo decreto em Manaus. “O que que é isso? Isso é uma operação eleitoreira do governo Bolsonaro”, disse.

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Corrêa ainda declarou que é “lamentável” que Bolsonaro use os mecanismos da administração pública para se promover e garantir a reeleição e passar mais quatro anos na presidência. “Ele está fazendo uma campanha eleitoral usando mecanismos da administração pública federal. O que é profundamente lamentável, mas revela por outro lado um desespero do presidente da República diante da sua eminente derrota”, disparou.

Desgoverno

Na opinião do deputado estadual Sinésio Campos (PT), a decisão de voltar atrás na redução do IPI para todo o Brasil, em especial a Zona Franca de Manaus, mostra que Bolsonaro foi induzido por questões eleitorais a tomar essa medida.

“Fica aquela história, quem é o artista? Quem é a pessoa importante? A que prende ou a que solta? A Zona Franca, é bom que se deixe claro, ela tem amparo constitucional, jamais ele poderia brincar de retirar 25% do IPI. Algumas empresas já saíram daqui e as outras que já estavam arrumando as malas. Ou seja, já causou danos. E agora por pressão, principalmente por conta das pesquisas eleitorais e do empresariado, como também da classe política, fez com que ele voltasse atrás”, disse.

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Ainda de acordo com o deputado, Bolsonaro “fez esse arrombo” e causou medo na população, no entanto, é mais uma bravata do governo federal. “Que governo é esse que não administra, que não planeja , que faz as coisas de forma abrupta? É bom que se diga, ele foi induzido a questão política, onde vários parlamentares não são pessoas vinculadas a ele, não concordam com a política dele”, comentou.

“O que foi feito, foi mais uma bravata do governo federal, de forma irresponsável, para causar instabilidade política e econômica no Polo Industrial de Manaus. Aqui não é o momento de parabenizar, de aplaudir essa atitude, principalmente do Paulo Guedes e do presidente Bolsonaro, na verdade não fez nenhum incentivo, não fez nada de bom pela Zona Franca”, declarou.

Preservação da ZFM

Em discurso na sessão plenária, o deputado Adjunto Afonso (PDT) usou o tempo para parabenizar o governador Wilson Lima, além da união dos políticos, por conseguir mudar o decreto e fazer com que o Ministério da Economia compreendesse a situação do Amazonas.

“Eu acabei de vir da sede do Governo, onde o governador prestou conta de como foi trabalhado a conscientização para o Ministério da Economia para que o Amazonas ficasse de fora do decreto. O Amazonas fica na sua isenção, mas para aquelas industrias que têm o Processo Produtivo Básico (PPB)”, explicou.

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O deputado ainda ressaltou que essa manutenção no decreto de redução do IPI não seria possível se os políticos não tivessem se unido. “Era uma apreensão geral, de todo mundo, todos nós refletimos. Nós sabemos que nossa economia é concentrada em Manaus, não temos outra alternativa econômica. O que se produz aqui, se divide para os municípios, então seria uma catástrofe geral”, disse.

Foto: Divulgação

“Não tenho dúvidas que vamos ter esse modelo preservado, que é um modelo hesitoso, um modelo que deu certo. Quero parabenizar o governador Wilson Lima, o presidente da República que entendeu a situação do Amazonas, que é uma situação diferenciada. É em uma hora dessas que todo mundo tem que se unir, independente de cores partidárias, ideologias. Todo mundo se uniu em torno dessa defesa, e conseguimos convencê-lo que é necessário essa preservação”, finalizou.

Base aliada

O deputado Belarmino Lins (PP) subiu na tribuna para rasgar elogios para a decisão do presidente Bolsonaro em voltar atrás com a redução do IPI. Durante o discurso na sessão plenária, o parlamentar também destacou que os políticos e toda sociedade se preocuparam com o futuro da ZFM, mas, graças ao Bolsonaro, tudo voltou ao normal.

“Quero manifestar meus cumprimentos e parabenizações, mas sobretudo agradecimento ao presidente Bolsonaro pela receptividade e pelo olhar que será diferenciado ao Amazonas em razão do IPI, com a audiência concedida e as razões apresentadas pelo Wilson Lima”, iniciou.

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Foto: Divulgação

“Sem bravatas, o governador Wilson conduziu a questão de forma serena, tranquila, indo com entidades representativas ao presidente Bolsonaro no intuito de apelar em nome do povo amazonense, em nome da família amazonense, em nome da continuidade de um projeto bem sucedido que é a Zona Franca de Manaus”, destacou.

“O presidente Bolsonaro assegura a tranquilidade dos investidores de que esse decreto nefasto sairá da vida da Zona Franca e dos amazonenses com perspectiva de prejuízo há de futuro. E reestabelece a segurança, a esperança e a tranquilidade, e há de se reconhecer as forças vivas amazonenses se uniram em defesa de um reexame da matéria para que o amazonas não pudesse sofrer, mas há de se reconhecer também o gesto do presidente de rever a decisão”, pontuou.

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Presidindo a sessão nesta quinta-feira (10), o deputado Delegado Péricles (PSL) também se posicionou a favor do presidente Jair Bolsonaro, quando o deputado Serafim Corrêa afirmou que toda a decisão do chefe da República tinha por objetivo as eleições.

Foto: Reprodução

“É bom deixar claro que o decreto foi realmente apresentado e publicado na sexta-feira, mas o decreto foi do Ministério da Economia, e o presidente assina”, explicou. Péricles ainda afirmou que Bolsonaro tem um “grande carinho” pelo Amazonas, então a decisão de voltar atrás na redução não teve nenhum motivo por trás.

“O presidente tem um grande carinho pelo Amazonas, e viu que iria atingir a Zona Franca de Manaus, voltou atrás com pedido do governador, de vários políticos, de empresários que estão instalados no Amazonas. Voltou atrás e, graças a deus, graças a sensibilidade do nosso presidente, a Zona Franca não vai ser atingida”, finalizou.