Manaus, 5 de maio de 2024
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Manaus, 5 de maio de 2024

Cenário

Marcelo Ramos fala com exclusividade ao Portal AM1 sobre futuro político, ZFM e alfineta adversários

O deputado federal comentou sobre a movimentação da bancada federal na luta pela ZFM e, sem 'papas na língua', apontou o que acha da decisão do presidente Bolsonaro em reduzir o IPI

Marcelo Ramos fala com exclusividade ao Portal AM1 sobre futuro político, ZFM e alfineta adversários

(Foto: Divulgação / Câmara dos Deputados)

MANAUS, AM – No meio de uma luta para defender a Zona Franca de Manaus, o deputado federal e vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD) conversou com exclusividade com o Portal AM 1.

Além de ser o convidado do programa Amazonas 1 Entrevista, onde falou, principalmente, sobre a redução em 25% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o deputado também respondeu algumas perguntas exclusivas para a equipe de reportagem.

Em um bate-papo longe das câmeras, mas no estúdio do Portal, Marcelo Ramos comentou sobre o seu futuro político, a movimentação da bancada federal para defender a Zona Franca de Manaus e alfinetou alguns adversários políticos.

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Foto: Reprodução / TV AM1

Leia a entrevista na íntegra:

AM1: Deputado, o decreto do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia Paulo Guedes de reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aconteceu em uma sexta-feira de Carnaval. O senhor acha que isso foi planejado por eles, visto que os parlamentares estavam se preparando para o recesso?

MR: Foi claramente uma estratégia para tentar diminuir os impactos dessa decisão aqui no estado do Amazonas. Eu mesmo não ia viajar, estava aqui [Manaus], mas teria uma viagem no último domingo em uma missão oficial pela Câmara para a Alemanha e cancelei, porque nesse momento não tem nada mais importante do que cuidar dos interesses do povo do Amazonas e dos empregos dos amazonenses.

AM1: Todos os políticos da bancada se uniram para defender a Zona Franca de Manaus, sem levar em consideração o lado político ou o partido. O senhor acredita que se isso acontecesse com frequência, o Amazonas seria mais contemplado?

MR: Essa briga não é briga de esquerda e direita, não é briga de situação de oposição. Tanto que na nota que nós publicamos assina o deputado Alberto Neto (Republicanos), assina o deputado Pablo (União Brasil), que são aliados do presidente da República. Então, essa não é uma luta que nos divida entre amazonenses que apoiam e que não apoiam o presidente Bolsonaro, essa é a luta de quem defende os interesses do Amazonas e quem é contra os interesses do Amazonas, quem defende o decreto, por qual motivo for, na inteireza dele, é contra os interesses do Amazonas, porque tá [sic] falando em desemprego, tá [sic] falando em queda de arrecadação, tá [sic] falando em quebradeira geral na vida da nossa gente.

Foto: Divulgação

AM1: Mas também têm políticos que não querem deixar a ideologia de lado, como é o caso do Coronel Menezes, que se considera o braço direito do presidente Bolsonaro no Amazonas e já esteve à frente da Suframa. Como o senhor enxerga a posição dele nessa situação?

MR: Eu nem considero o que o Coronel Menezes diz. Eu acho ele absolutamente irrelevante. Então, nem me permito comentar qualquer coisa que ele diga, porque o que ele diz não tem valor nenhum.

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AM1: A declaração do superintendente da Suframa, Algacir Polsin, de que a ZFM não vai ser prejudicada é uma forma de silêncio. Sendo assim, é possível afirmar que ele está “desistindo” de lutar pelo Polo Industrial de Manaus, sendo ele o superintendente, e deixando essa guerra com os políticos e com a população?

MR: A Federação da Indústria diz que o decreto prejudica a Zona Franca, o Centro da Indústria diz que prejudica a Zona Franca, as maiores empresas que atuam aqui dizem que prejudica a Zona Franca, a Heineken já saiu daqui, empresas que estavam próximas de se instalar já suspenderam toda a operação até que se decida sobre isso. Então, me parece indubitável e inquestionável que isso prejudica a Zona Franca de Manaus.

O general Polsin, que é o superintendente da Suframa, tem tido uma atitude correta, leal, de diálogo, não tem como não reconhecer o esforço dele em defesa à Zona Franca de Manaus. Mas, infelizmente, o cargo dele é um cargo que depende de nomeação do presidente da República. Então, ele não se permitirá contrapor uma fala do presidente da República pelo desejo dele de permanecer no cargo.

Eu entendo o posicionamento dele. Discordo, acho que deveria, nesse momento, ficar ao lado dos interesses maiores do povo do Amazonas, mas eu entendo. Ele não pode contrariar quem o nomeou.

Foto: Reprodução / TV AM1

AM1: Sobre o presidente Bolsonaro, ele diz que defende a ZFM e falou que o modelo econômico não será prejudicado. Mas, se realmente ele se importasse com a ZFM, ele não teria pensado em uma alternativa de reduzir o IPI e não prejudicar o Polo Industrial de Manaus?

MR: Primeiro, tem pai que diz que ama seu filho, mas separa e não paga pensão. Desse amor, o filho tá correndo. Então, é a mesma coisa. O presidente Bolsonaro fala a favor do Amazonas, mas toma reiteradas medidas que na prática são contra os interesses do povo do Amazonas, e essa é apenas mais uma.

Tem saída para isso. A saída é simplesmente ele publicar um novo decreto retirando os produtos produzidos na Zona Franca de Manaus da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), até porque aqui o IPI já é zero.

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AM1: O Supremo Tribunal Federal aprovou o fundo eleitoral no valor de R$ 4,9 bilhões. O senhor, inclusive, se posicionou diversas vezes contra esse valor e chegou a afirmar que era uma armação do presidente Bolsonaro. Com a aprovação, os eleitores verão esse valor distribuído entre os candidatos nas eleições deste ano com maus olhos?

MR: Eu acho que ficou claro na última votação, eu inclusive presidi a sessão no Congresso Nacional que votou o veto. Quem derrubou o veto do presidente Bolsonaro foi a própria bancada dele. Todos os partidos que apoiam o presidente Bolsonaro votaram pela derrubada do veto dele.

O que deixou claro o que eu denunciava desde o início, de que era um jogo combinado – ele para fazer a demagogia votaria contra e a turma dele na Câmara derrubaria o veto. Foi exatamente o que aconteceu, ele vetou e a bancada dele, a bancada que ele controla, derrubou o veto. Então, isso tá muito claro de que a verdade acabou se confirmando desde que eu falava lá atrás.

Agora, a população tem pouca compreensão disso. Essa questão do financiamento eleitoral é um problema mal resolvido no Brasil. Nós saímos de financiamento privado para um financiamento público por uma decisão judicial, e não por um processo de diálogo com a sociedade. Então, a população se indigna com qualquer valor de imposto que você use para financiar a campanha. Nós temos que esperar passar essa eleição e rediscutir o modelo de financiamento eleitoral.

AM1: Por fim, em um novo partido, o senhor pretende se reeleger como deputado federal e tentar a presidência da Câmara dos Deputados, ou vai mirar em um novo cargo nas eleições deste ano?

MR: Eu devo ser candidato à reeleição, na verdade não estou com a cabeça em eleição ainda. Não dá, no meio de um bombardeio desse de redução de IPI, eu estar gastando energia com eleição. Mas eu devo ser candidato à reeleição e, sendo reeleito, posso dizer que em um sonho presidir a Câmara dos Deputados, até porque seria um feito histórico.

Eu já sou o primeiro amazonense da história a ser vice-presidente da Câmara, e seria um feito histórico ter um amazonense presidente da Câmara e terceiro na hierarquia do país, porque na ausência do presidente da República e do vice, o presidente da Câmara é o presidente da República.

Assista ao Amazonas 1 Entrevista com o deputado federal Marcelo Ramos