Manaus, 13 de maio de 2024
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Manaus, 13 de maio de 2024

Cenário

Mesmo com uso proibido, linha com cerol continua fazendo vítimas em Manaus

A Lei 1.968/2015 proíbe a venda e o uso de cerol nas linhas dos papagaios em Manaus; valor da multa para cada material apreendido pode chegar a R$ 418,90

Mesmo com uso proibido, linha com cerol continua fazendo vítimas em Manaus

MANAUS, AM – Mesmo com a legislação proibindo o uso de linhas com cerol na soltura de pipas em Manaus, a sociedade segue sendo refém dos riscos que a brincadeira perigosa traz para quem transita perto dos “pipeiros” como são chamadas as pessoas que soltam pipas. Os crimes são passíveis de multas, mas, em muitos casos, os autores não são identificados.

Para quem é adepto da brincadeira, inclusive, é comum ficar horas a fio empinando os papagaios. Para os pipeiros não importa o quão quente está o dia, o importante é se divertir vendo a pipa cortar o céu. No entanto, a brincadeira apresenta diversos riscos para as pessoas ao redor, devido ao cerol utilizado nas linhas das pipas – um composto feito com pedaços de vidro e cola que pode provocar vários acidentes.

Na última quarta-feira (4), o entregador de farmácia, Daniel da Silva Rodrigues, 20, morreu após ter seu pescoço cortado por uma linha de cerol, na Alameda Cosme Ferreira, bairro Zumbi, zona leste da capital.

Segundo informações da mãe da vítima, Maria José da Silva Rodrigues, 54, Daniel estava retornando de uma entrega em sua motocicleta, quando sentiu a linha cortando seu pescoço. Ao identificar a gravidade do problema, o jovem chegou a pedir ajuda a uma equipe da Policia Militar, que estava no local.

Os policiais prestaram socorro a Daniel e o levaram para o Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio, onde ele foi reanimado pela equipe médica, mas não resistiu ao corte e morreu na unidade hospitalar.

Leia mais: Jovem de 24 anos morre com pescoço cortado por linha de cerol

A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) não identificou nenhuma ocorrência referente a acidentes envolvendo pipas. Segundo a assessoria de imprensa, isso ocorre porque, dependendo da ocorrência, as vítimas de cerol podem ser enquadradas em crimes de lesão corporal ou lesão corporal seguida de morte.

A Associação Manaus Pipa lamentou a morte de Daniel, prestou condolências à família e repudiou a brincadeira em locais inadequados.

“É com profundo pesar que a Associação Manaus Pipa e os brincantes da nossa Cidade vem expressar seus sentimentos e condolências à família do jovem Daniel da Silva Rodrigues, de 20 anos, que faleceu na tarde do dia 04/08.Ressaltamos nosso repúdio a qualquer forma de brincadeira de pipa/papagaio em locais inadequados. Manifestamos nossos sentimentos a todos os familiares e amigos”, disse a nota.

Venda e uso proibido

Com a morte de Daniel, vários internautas passaram a pedir que a brincadeira envolvendo as pipas de papel fossem proibidas, porém, a legislação já existe.

A Lei 1.968/2015 proíbe a venda e o uso de cerol nas linhas dos papagaios em Manaus e o valor atual da multa para cada conjunto de material apreendido pode chegar até R$ 418,90. Pela legislação, fica proibida a venda, o armazenamento, o transporte e a distribuição de cerol ou qualquer material cortante utilizado para empinar pipa de papel. Quando se tratar de infrações praticadas por menores, os pais ou responsáveis assumirão as consequências dos seus atos.

Brincadeira protegida

No entanto, outras leis abrem brechas para que a brincadeira seja protegida no âmbito do município. Como por exemplo, a Lei Estadual nº 5.082, de 08 de janeiro de 2020 que considera a soltura de pipa na capital amazonense é considerada modalidade esportiva desde que os pipeiros não utilizem linhas de cerol na prática.

Segundo o deputado estadual João Luiz (PRB), relator da legislação, a lei é uma forma de impor regras e mais segurança aos praticantes e à população.

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