O Setor de Inteligência do Ministério Público do Amazonas (MP-AM) informou que o massacre no sistema prisional do Estado pode ser atribuído a um racha na facção Família do Norte (FDN), em matéria publicada nesta segunda-feira, 27, no Portal IG – Último Segundo. Em menos de 48 horas, quase 60 presos foram mortos em quatro presídios do Amazonas, podendo ultrapassar o recorde de 2017, quando 56 foram assassinados dentro das penitenciárias.
A possível causa dos assassinatos foi antecipada com exclusividade pelo Portal Amazonas1, ontem, domingo, 26. Na ocasião, foi informado que os fundadores da FDN, José Roberto Fernandes, o “Zé Roberto da Compensa”, e João Pinto Carioca, o “João Branco”, entraram em conflito pelo comando do grupo criminoso, gerando uma briga interna entre os liderados. Os dois estão sob a custódia de presídios federais.
Procurado pela reportagem, o chefe da Procuradoria Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos e Institucionais do MP-AM, Fábio Monteiro, não quis comentar a reportagem do IG, e informou que o Ministério Público concederia uma coletiva à imprensa na noite de hoje.
Durante a coletiva, a chefe do Ministério Público, procuradora Leda Mara Nascimento, confirmou que a principal causa do massacre de domingo e segunda, no sistema prisional do Estado, foi a guerra interna pelo controle de uma facção, e disse que recomendou à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) a transferência dos responsáveis pela matança para um presídio federal.
Apesar das constatações do MP-AM, a Seap evita falar sobre o conflito interno da FDN como causa do massacre no sistema prisional. Em coletiva à imprensa, no domingo, o secretário da pasta, Vinícius Almeida limitou-se a dizer que as mortes seriam investigadas.
Dissidentes ameaçados
Após o conflito com Zé Roberto dentro da FDN, o traficante João Branco mostrou interesse em integrar uma outra facção, o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, segundo fontes da Polícia Militar (PM). O grupo dissidente, de acordo com a PM, passou a ser perseguido nas unidades prisionais. Criada em 2007, a Família do Norte é a maior organização criminosa do Amazonas e conhecida por comandar os presídios.
Os 15 mortos na manhã de domingo seriam ligados ao grupo liderado por João Branco. De acordo com as informações do MP-AM, um terceiro grupo da própria facção está “plantando a discórdia” entre ambos, com o objetivo de tomar o poder. Já os 42 presos assassinados nesta segunda-feira estão ligados aos dois grupos, informou a PM.
Controle dos presídios
Para o promotor do MP-AM, Edinaldo Medeiros, responsável por denunciar 216 detentos que teriam participado do massacre de 2017 , as mortes deste final de semana repetem a mesma lógica de controle da penitenciária como símbolo do poder sobre o crime no Amazonas.
Naquela ocasião, uma das prioridades dos criminosos era a exposição das mortes para causar pânico nos rivais paulistas e nas forças de segurança. “Em 2017, foi uma resposta para dizer quem mandava. Foi um recado. A brutalidade e a exposição eram um fator importante”, concluiu Medeiros.
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