Manaus, 18 de maio de 2024
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Manaus, 18 de maio de 2024

Brasil

MPT abre investigação contra vereador por apologia ao trabalho escravo

Em sua fala, o vereador sugeriu que os empresários do setor agrícola não deveriam contratar 'aquela gente lá de cima, povo que vive na praia tocando tambor, acostumado com carnaval e festa'

MPT abre investigação contra vereador por apologia ao trabalho escravo

Vereador Sandro Fantine (Divulgação/Câmara de Caxias do Sul)

Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) abriu, de ofício, investigação contra o vereador Sandro Fantinel, em razão de falas preconceituosas do parlamentar, que, ao comentar o resgate de mais de 200 trabalhadores em situações análogas à de escravidão em Bento Gonçalves (RS), culpabilizou as vítimas pela situação, além de promover xenofobia contra trabalhadores baianos.

Em sua fala, o vereador sugeriu que os empresários do setor agrícola não deveriam contratar “aquela gente lá de cima, povo que vive na praia tocando tambor, acostumado com carnaval e festa”.

“Todos os trabalhadores que têm argentinos trabalhando, hoje, só batem palmas. São limpos, trabalhadores, corretos, cumprem o horário, mantêm a casa limpa e, no dia de ir embora, ainda agradecem o patrão. Agora, com os baianos, que a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor, era normal que fosse ter esse tipo de problema”.

Na última semana, operação conjunta do Ministério Público do Trabalho, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/RS), da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Federal e da Secretaria de Assistência Social do município de Bento Gonçalves retirou 207 trabalhadores de situação análoga à de escravidão, a maioria (197) trabalhadores baianos trazidos para a colheita da uva.

Para o procurador do Trabalho e vice-coordenador nacional de erradicação do Trabalho Escravo no MPT, Italvar Medina, “a fala minimiza, indevidamente, a extrema gravidade da escravidão contemporânea, busca culpabilizar as próprias vítimas pelos ilícitos sofridos, tem conteúdo preconceituoso e, para piorar, estimula a discriminação nas relações de trabalho, em ofensa à Constituição da República, à legislação e a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil”.

(*) Com informações do MPT

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