Manaus, 17 de maio de 2024
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Cidades

Prefeitura de Manaus prorroga comissão de limpeza pública, mas especialista aponta: ‘não temos evolução’

A comissão, que já existe há dez anos, não tem apresentado avanços para a educação ambiental em Manaus

Prefeitura de Manaus prorroga comissão de limpeza pública, mas especialista aponta: ‘não temos evolução’

(Foto: Divulgação/ Semcom)

MANAUS, AM – A Prefeitura de Manaus prorrogou, por mais doze meses, a vigência da Comissão Especial de Divulgação e Orientação da Política de Limpeza Pública (Cedolp). O grupo tem como objetivo realizar ações para educação ambiental e já existe há 10 anos, contudo, ambientalista e dados apontam que não houve avanços na pauta.

A prorrogação foi assinada no dia 25 de fevereiro pelo prefeito David Almeida (Avante) e publicada no Diário Oficial do Município (DOM). A comissão é vinculada à Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp).

Mesmo com as ações da Cedolp, menos de 3% de resíduos são reciclados na capital, boa parte do lixo produzido pela população não tem destinação correta e vai parar nos rios. Só em 2021, mais de 4 mil toneladas de resíduos foram retiradas de igarapés.

(Foto: Divulgação/Sumulsp)

Criada pelo ex-prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB), a Cedolp possui apenas 16 membros e tem custo mensal de R$ 37, 8 mil para o município, conforme seu decreto de criação. Esse investimento é ínfimo se comparado ao valor destinado pela Prefeitura de Manaus para limpar os igarapés: R$ 9,7 milhões anuais.

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Segundo o decreto, a Cedolp tem o “objetivo de realizar atividades de multiplicação de conhecimentos e orientação em relação aos métodos de coleta convencional e seletiva, em todas as zonas urbanas, inclusive em relação à conservação e manutenção de higiene dos espaços públicos.”

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Os últimos dados da comissão foram publicados em 2019. Conforme a Semulsp, de janeiro a dezembro daquele ano, foram realizadas 1.296 ações de educação ambiental. As atividades sensibilizaram 98.509 pessoas – o que representa uma cobertura de apenas 4,5 % da população manauara.

Sem evolução

O geógrafo e ambientalista Carlos Durigan explica que a estrutura da cidade não acompanhou o rápido crescimento populacional nas últimas décadas. Por conta disso, a capital amazonense ainda sofre diversos problemas e precisa avançar no ordenamento territorial.

Carlos Durigan é ambientalista, geógrafo e mestre em Ecologia (Foto: Reprodução/ Arquivo pessoal)

Um desses problemas é exatamente a grande quantidade de lixo despejada em rios e igarapés. Durigan ressalta que a educação ambiental é um meio de solucionar o problema, no entanto, é preciso criar políticas mais sólidas para engajar a população.

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“Eu entendo que apesar de esforços da gestão pública em vários níveis, nós não temos uma evolução positiva. Nós vemos que eles são muito pequenos para o tamanho do desafio e eu entendo, sim, que é necessário haver uma uma política de integração da sociedade nas frentes de ação pra [sic] resolver questões como essas, que são relacionadas aos nossos resíduos sólidos”, afirmou.

(Foto: Portal AM1)

O ambientalista acredita que o trabalho de comissões poderia ser eficiente, mas é preciso direcionar políticas e ações nas quais a sociedade seja bem representada e esteja diretamente envolvida. “Uma comissão pode ser, sim, eficiente para direcionar políticas e ações, mas ela precisa ser bem representada.”, disse.

“Eu entendo também que Manaus chegou num [sic] ponto que acumula tantos problemas relacionados à questão do uso de território e também a questão de geração de resíduos – sejam eles os resíduos sólidos ou mesmo a questão dos esgotos – que Manaus precisa passar por um um choque de ordenamento”, completou.

Resposta

A reportagem questionou a Semulsp sobre a necessidade da prorrogação da comissão, a pasta respondeu com a seguinte nota:

“A Prefeitura de Manaus, por meio da Semulsp, desenvolve um serviço de conscientização ambiental porta a porta, nas escolas, nas praças, feiras e logradouros públicos promovendo a conscientização da população sobre o descarte correto do resíduos sólidos e os cuidados com o meio ambiente. Todo esse trabalho é desenvolvido e coordenado pela Cedolp. Portanto, seu papel fundamental, advém da necessidade em dar continuidade e de ampliar o trabalho de conscientização. Sem a comissão tal trabalho se torna impossível de ser realizado.

A Cedolp veio para somar com a conscientização, uma vez que a gente tenta reduzir ou equilibrar custos com coleta e limpeza, instruindo para uma sociedade mais consciente.”

O Portal AM1 também questionou a secretaria se a Prefeitura de Manaus tem algum planejamento para ampliar as atividades da comissão, mas até o momento, a equipe de reportagem não obteve resposta.