Republicanos se reaproxima de governo Lula; Silas e Adail negam

(Foto: Instagram/depsilascamara)

Manaus (AM) – Com um pé no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o partido Republicanos busca uma estratégia para conquistar espaço na administração petista sem que haja desgaste junto ao eleitorado bolsonarista — principal apoiador dos parlamentares do Amazonas, Adail Filho e Silas Câmara.

É que o anúncio da indicação do deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) por Lula para ministro de Portos e Aeroportos fez com que o partido que integra o “centrão” emitisse uma nota nessa quinta-feira (7), reiterando que “não fará parte da base do governo Lula e seguirá atuando de forma independente”.

A nota foi replicada pelo deputado federal Adail Filho nas redes sociais. Ao Portal AM1, o deputado disse que a nomeação do deputado Silvio Costa filho foi uma escolha pessoal do presidente Lula.

“Vamos seguir independentes votando as matérias de interesse do povo brasileiro e do Brasil”, disse Adail Filho, que votou sim para a reforma tributária, seguindo a indicação do partido a favor da pauta do governo na Câmara dos Deputados, diferente do posicionamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se manifestou contra o que ele chamou de “reforma tributária do PT”.

Porém, tanto o partido quanto o deputado devem apoiar questões do governo quando as pautas forem convergentes. É o que revela o trecho da nota em que o partido diz ter “compromisso público de seguir apoiando o que for bom para o povo brasileiro e para o Brasil”.

Bolsonarista, mas nem tanto

O deputado Silas Câmara (Republicanos) foi mais longe e tem relembrado o período em que foi aliado de Lula nos primeiros mandatos do petista. Apesar de negar apoio ao governo, o parlamentar tem postado, em suas redes sociais, encontros com ministros do atual governo. Em uma publicação mais recente, Silas fez um post apoiando o projeto “Desenrola Brasil” — um projeto substitutivo do deputado Alencar Santana (PT-SP), que uniu em um só texto o conteúdo da medida provisória (MP 1176/23).

Nas redes sociais, o deputado pediu que a população votasse “sim” em consulta pública sobre a MP que institui o Programa Emergencial de Renegociação de Dívidas de Pessoas Físicas Inadimplentes.

A proximidade com o governo também pode ser vista nas reuniões em que o deputado tem com membros do Estado. Em uma delas, Silas se reuniu no Ibama com o diretor de proteção ambiental e presidente substituto Jair Schmitt e o chefe de gabinete Govinda Terra.

O assunto, segundo a postagem, era sobre as ações do órgão na Calha do Rio Madeira, que destruiu dragas de garimpo ilegal no Amazonas. Apesar da pauta negativa, o encontro demonstra trânsito com o governo.

(Foto: Instagram/deputado Silas Câmara)

Ao Portal AM1, o deputado disse que, como deputado federal, tem a “obrigação de tratar com os ministros, todos os ministros os interesses do Amazonas.”

É o que o deputado fez ao dar a mão para Alexandre Padilha, Ministro das Relações Institucionais do presidente Lula. Novamente, o deputado defendeu as atividades ilegais dos garimpeiros que ele chama de “extrativistas minerais, artesanais, e familiares”.

Porém, ao Portal AM1, o deputado afirmou que foi eleito para apoiar o que é bom para a população e criticar o que ele considerar ruim. “Tenho votado e elogiado o que é bom e criticado o que não é bom. Critiquei a resolução 715 [..] a ação do governo brasileiro contra o agro e os mineradores artesanais do Amazonas; elogiei o formato de aumento do salário mínimo, evolução na tabela do imposto de renda, novo bolsa família, e a posição do governo na reforma tributária em relação à ZFM”, disse o deputado.

Na prática, o partido de Silas e Adail se aproxima de maneira significativa do governo de Lula – mesmo se posicionando como um partido conservador de direita.