Manaus, 19 de maio de 2024
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Cenário

De derrota na Câmara a gastos de R$ 1,7 mi de cotão, Marcelo Ramos busca reeleição

Marcelo Ramos presidiu a sessão que votou a LDO de 2022, realizada em julho do ano passado.

De derrota na Câmara a gastos de R$ 1,7 mi de cotão, Marcelo Ramos busca reeleição

(Foto: Divulgação / Câmara dos Deputados)

O deputado federal Marcelo Ramos (PSD), candidato à reeleição, gastou em sua estreia na Câmara dos Deputados um total de R$ 1,7 milhão da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar, popularmente conhecido como ”Cotão”. As despesas correspondem ao período de 2019 a 15 de agosto de 2022.

No ano de 2019, o parlamentar utilizou R$ 479.242,42 da verba. No ano seguinte gastou R$ 538.354,87; já ano passado usou R$ 517.543,36 e R$ 236.506,85 em 2022, até o momento. Atualmente, segundo o site da Câmara, o valor da cota é R$ 43.570,12 mensal, por deputado.

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Ramos é conhecido por ser opositor ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em maio deste ano, o parlamentar foi destituído do cargo de vice-presidente da Câmara dos Deputados, por ter trocado de partido. Quando eleito para assumir a vice-presidência da Casa Legislativa, Marcelo era filiado ao PL, mas com a ida do presidente à sigla, Marcelo migrou para o PSD, com isso, Bolsonaro fez pressão junto à presidência do PL para que o cargo fosse reivindicado.

Bolsonaro falou sobre o assunto em uma transmissão ao vivo, como uma forma de impor a Valdemar Costa Neto, presidente Nacional do PL, que fizesse algo relacionado a devolução do cargo para a sigla. A lei que trata do assunto, afirma que o parlamentar perde automaticamente a função ou cargo que exerça, na respectiva Casa Legislativa, em virtude da proporção partidária, se deixar o partido sob cuja legenda tenha sido eleito.

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Na época, uma liminar do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, segurou por algumas semanas o deputado no cargo, mas o próprio magistrado revogou a decisão e Marcelo perdeu definitivamente o segundo posto mais importante na Câmara Federal. Nas semanas seguintes, o político amazonense amargou a derrota desabafando nas redes sociais.

Fundo Eleitoral

Marcelo Ramos presidiu a sessão que votou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022, realizada em julho do ano passado. Na Lei constava o aumento de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões do Fundo Eleitoral para este ano.

O presidente Bolsonaro criticou o valor e disse que a responsabilidade do aumento era do deputado amazonense, que não separou o Fundo da LDO, o que foi rebatido por Ramos.

A verba é destinada a partidos políticos e candidatos, para fazerem campanha nas eleições. O aumento do recurso aconteceu em meio a pandemia de Covid-19.

Devido ao acontecimento, em maio deste ano, em visita ao município de Tefé, o parlamentar foi criticado por um apoiador de Bolsonaro, identificado como Paulo Igson, que afirmou que o deputado era uma vergonha para o estado e que ele não representava o Amazonas. Além de reafirmar que a culpa pelo aumento do Fundo Eleitoral era de Ramos.

Após a fala, Marcelo perguntou o nome do homem e o chamou de ‘bolsominion’. Em seguida, Paulo disse que preferia ser chamado assim do que de corrupto.

Em grupos de mensagens instantâneas, o acontecimento viralizou e a maioria da população apoiou o jovem.

Aumento de patrimônio

O político amazonense é um dos que teve um aumento considerável do patrimônio, se comparar a primeira declaração de bens, em 2018 para a atual.

Quando foi eleito para o primeiro mandato em Brasília, Marcelo declarou ter R$ 558,1 mil referente a dois apartamentos, um terreno e um investimento. Já neste ano, o deputado declarou ter R$ 985,950,00 distribuídos em um apartamento, uma casa, um terreno e três contas de fundos de investimento.

Devido ao embate ao atual governo, o nome de Marcelo já é considerado uma opção para a presidência da Câmara Federal, se o ex-presidente Lula (PT) vencer as eleições. Segundo informações veiculadas na imprensa amazonense, pessoas ligadas ao candidato petista já estiveram em Manaus para conversar com Ramos sobre o assunto.

Sem resposta

O Portal AM1 entrou em contato com a assessoria de comunicação do parlamentar e enviou alguns questionamentos relacionados aos assuntos abordados nesta reportagem, mas até o fechamento da matéria não obtivemos retorno.

Confira aqui as perguntas:

Prezados, bom dia

Estamos fazendo uma matéria sobre alguns assuntos relacionados ao deputado federal Marcelo Ramos. Gostaríamos de saber:

  • Segundo dados do site da Câmara Federal, o deputado utilizou um total de $ 1,7 milhão da Ceap de 2019 a 15 de agosto deste ano. O deputado considera um alto valor?
  • Sobre a perda da vice-presidência da Câmara. O parlamentar considera que se não fosse ferrenho opositor ao governo Bolsonaro, estaria ainda ocupando o cargo de grande relevância para o Amazonas?
  • Sobre a polêmica do aumento do Fundo Eleitoral de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões, que o senhor presidia a sessão. O senhor considera que poderia ter separado a LDO da parte que constava o aumento do Fundo, por meio de destaque, chamar a atenção dos deputados de alguma forma para a hora da votação. Qual a sua opinião sobre o assunto?
  • Segundo levantamento feito pelo Portal AM1, o senhor foi um dos políticos amazonenses, que hoje exerce mandato em Brasília, e teve aumento considerável de bens, se comparada a declaração feita em 2018 e a atual. O valor era R$ 558,1 mil e hoje R$ 985,950, 00. Como o senhor vê esse crescimento de patrimônio, o ‘boom’ que obteve nesses quatro anos? Nos fale sua opinião:
  • O seu nome já é veiculado pela imprensa como possível candidato do PT para assumir a presidência da Câmara, se o ex-presidente Lula vencer. O senhor está disposto, qual sua opinião?

Confira os documentos: