Manaus, 20 de maio de 2024
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Cenário

Eleições 2022: partidos de esquerda perdem força no Amazonas

As principais siglas da esquerda não conseguiram eleger nenhum deputado federal nas eleições deste ano

Eleições 2022: partidos de esquerda perdem força no Amazonas

(Foto: Divulgação Assessoria)

MANAUS – As Eleições Gerais 2022 mostraram uma amarga realidade para as legendas de esquerda, principalmente no Amazonas. O Partido dos Trabalhadores (PT), um dos maiores representantes da esquerda no país, não conseguiu eleger seus principais nomes no estado.

Entre todos os candidatos das siglas de esquerda, apenas Sinésio Campos (PT) e Carlinhos Bessa (PV) conseguiram a reeleição para deputado estadual. Já na Câmara Federal, nenhum candidato da Federação Fé Brasil – composta pelo PT, PV e PC do B – conseguiu vaga.

Representatividades de peso como o atual deputado federal José Ricardo (PT), que não conseguiu se reeleger, são a prova do enfraquecimento do espectro político no Amazonas. Conhecido como o “Homem da Kombi”, Zé Ricardo foi um dos deputados mais votados do estado em 2018, quando chegou a ter mais de 197 mil votos. Nas eleições deste ano, no entanto, a votação do petista despencou para 87 mil votos, ou seja, menos da metade.

Lula e Zé Ricardo (Foto: Reprodução)

Embora os números ainda sejam expressivos, a federação partidária não alcançou o quociente eleitoral. O deputado possui um perfil atuante e de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Outro grande nome da esquerda no Amazonas, Vanessa Grazziotin (PCdoB), também não conseguiu se eleger. Grazziotin já foi senadora entre 2011/2019 e atuou contra o impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

O saldo de candidaturas no Congresso Nacional é o espelho de um Brasil mais conservador em um processo cíclico desde as eleições de 2018, quando a extrema-direita ganhou espaço, segundo a avaliação do advogado e cientista político Helso Ribeiro.

“São momentos em que a população, movida por vários acontecimentos, acaba escolhendo uma pauta mais conservadora”, explica o advogado.

Lula em convenção do partido em Manaus no dia 31 de agosto (Foto: Reprodução Instagram)

Segundo o cientista Carlos Santiago, o resultado foi bastante negativo para os partidos progressistas e de esquerda, principalmente porque Lula teve a maioria dos votos no estado. Ele sugere uma reformulação das legendas na sua forma de interação e diálogo com a sociedade.

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“As esquerdas ou os chamados partidos progressistas, não estão conseguindo dialogar com o mundo real. Estão presos em conceitos, em teses, enquanto o mundo real é muito mais rico e diverso. No estado em que Lula no geral foi vencedor, o resultado foi decepcionante para os partidários do petista”, pontuou o cientista.

Já na disputa ao Senado, Omar Aziz (PSD), candidato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conseguiu a reeleição após uma disputa acirrada com o candidato de Bolsonaro, Coronel Alfredo Menezes (PL).

Quociente eleitoral

Embora a forma de votar seja a mesma, o cálculo do voto difere para os sistemas majoritário e o proporcional. O quociente eleitoral é o resultado do cálculo que divide o total de votos válidos pelo total de cadeiras nas casas parlamentares.

O sistema serve para definir os partidos com direito a ocupar as vagas nas eleições proporcionais, ou seja, para os cargos de deputado federal, estadual e distrital.

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