Manaus, 17 de maio de 2024
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Manaus, 17 de maio de 2024

Cenário

Protesto silencioso puxa coro de críticas ao PL das Fake News

Citando silenciosamente o PL 2630, conhecido como PL das Fake News, vereador do DC, cedeu apartes favoráveis ao protesto

Protesto silencioso puxa coro de críticas ao PL das Fake News

Raiff Matos usou mordaça para protestar contra o PL 2639 (Foto: Reprodução/YouTube)

Manaus (AM) – O vereador Raiff Matos (Democracia Cristã) usou seu tempo de fala para ficar calado na Sessão Plenária desta terça-feira na Câmara Municipal de Manaus (CMM). Com uma mordaça improvisada e usando cartazes com os escritos “DIGA NÃO A CENSURA’ e “COBRE SEU DEPUTADO FEDERAL’, o vereador protestou de forma silenciosa contra o PL 2630, informalmente conhecido como PL das Fake News e ainda por PL da Censura.

O tempo de cinco silenciosos minutos se estendeu e ecoou com apartes “combinados” e favoráveis à proposta de Matos. Os apartes vieram de Kennedy Marques (PMN), Marcel Alexandre (Avante), Elan Alencar (DC) e Roberto Sabino (Podemos). Declaradamente contrários ao PL 2630, os vereadores repetiram frases e teorias que podem soar conspiratórias e ainda houve ataques à imprensa.

Medo

Kennedy Marques, o primeiro dos apartes a favor do protesto, evidenciou a “coragem” de Matos e disse ter medo. “É de muita coragem o nobre vereador trazer esse tema que, eu tenho certeza que, a maioria desse parlamento tem vontade de se expressar, e por alguns motivos, até pela própria censura ou pelos acontecimentos que levaram parlamentares a prisão de forma incorreta, inconstitucional, a gente fica com medo”, disse Marques.

A imprensa acabou entrando nas falas como “vendida” e acusada de omissão. “Confesso para vocês que há tempos quero me expressar, mas a fragilidade que está, não só ao povo, mas aos parlamentares desse país, você fica com medo do que falar. Hoje nós temos uma imprensa totalmente vendida, que escolheu lados e várias situações inconstitucionais acontecendo em nosso país. O que falta para uma ditadura? Nada”, afirmou.

Marques também citou o PL como um instrumento de repressão do Estado e disse estar em outra esfera ideológica, mais facilmente atingida pelo Projeto de lei. “Respeito a todas as pessoas dos partidos de esquerda, mas nós estamos em esferas diferentes. Tudo o que nos atingir lá em cima vai chegar para nós aqui em baixo. Vai chegar um momento que esse parlamento vai se desfazer, que o federal (Câmara e Senado) vai se desfazer e que nós vamos ter uma ditadura completa. Disso eu não tenho dúvida. E eu tenho muito medo que isso aconteça. Ser obrigado a sair desse país, (…) se deixarem esse PL passar, eu lamento. E que nós, nessa direção, vamos pagar um preço muito alto”, encerrou o aparte.

Socialismo

Marcel Alexandre usou o clichê de comparar o atual governo com o sistema político de países como Venezuela, Cuba e outros, citou veladamente a recente viagem de Lula à China e sugeriu uma “intervenção” dos Estados Unidos na questão.

“Peço aos meus pares que observem esse assunto com muito carinho, muita atenção e até muita garra. O nosso país está indo para uma ditadura, um caminho sem volta. Se conseguirem estabelecer o que está sendo estabelecido, como é o princípio dos países socialistas, um socialismo radical, totalmente alinhado com Venezuela, Cuba, e agora foram buscar reforço na China. Espero em Deus que tenha sido uma estratégia errada e que os EUA tenham acordado para a realidade que está acontecendo, porque se esse socialismo radical, que de trás está escondido o comunismo, se estabelece e tem o Brasil como um dos eixos principais na América Latina, não teremos muito a fazer a não chorar”, disse.

“Ouvi que o ‘direito se ganha com sangue e se perde no silêncio’. Não podemos ficar achando que não está acontecendo nada, porque o que está acontecendo é um esquema violento de ditadura nesse país e nosso estado democrático de direito está completamente minado. Também digo não ao PL 2630, contra, radicalmente, e lamento que a manobra do nosso Congresso, da Câmara dos Deputados, assumido acintosamente pelo presidente (Arthur) Lira em conluio com o relator e a bancada do atual governo nessa coisa arrumada para a voz ser somente de um grupo que concorde, que balance a cabeça para eles. Não se terá voz de oposição nesse país e se houver algum e com essa força e essa coragem poderá perder o que ele tem de mais nobre que é o pescoço. Tenho muito temor disso, que essa coisa se acentue, essa coisa de sumiço, de mortes”, comentou Alexandre em referência aos presos pelos atos de vandalismo da Praça dos Três Poderes em Brasília, no 8 de janeiro.

STF

As citações sobre as ações do Supremo Tribunal Federal (STF) e do ministro Alexandre de Moraes foram mais diretos no aparte de Roberto Sabino, que também foi outro a atacar a imprensa. “Somos pequenos, temos medo de falar. Quando o supremo diz ‘quem for contra vai preso’ e prende deputado federal. Porque não prende deputado estadual porque não prende vereador. Essa é a verdade. Imagina população. A demonstração daquela grande população que foi para rua, ficar na frente dos quartéis era com esse medo do Brasil virar uma Venezuela, uma Cuba. Essa é a situação do Brasil. Venezuela começou assim. Começa a amordaçar, começa que ninguém pode falar. Hoje a grande mídia está falando de cartão de pandemia… passado, coisa velha, não tem outra coisa para falar? Só fala disso, mas não fala de outras coisas. Não fala de nosso dinheiro que já está indo para outros países, essa que é a grande verdade”, finalizou.

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