Manaus, 3 de maio de 2024
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Cenário

Raiff diz que leitura da Bíblia na escola não vai impactar outras religiões

O projeto de lei foi aprovado na última quarta-feira (29) e segue para a sanção do prefeito de Manaus, David Almeida.

Raiff diz que leitura da Bíblia na escola não vai impactar outras religiões

(Fotos: Divulgação/Assessoria/Arquivo Portal AM1)

Manaus (AM) – As escolas de Manaus, tanto públicas como privadas, poderão fazer a leitura da Bíblia em sala de aula, pois o livro é considerado um “recurso paradidático” de acordo com o Projeto de Lei (PL) n° 216/2023.

O PL foi aprovado na última quarta-feira (29) pela Câmara Municipal de Manaus, em segunda discussão, e vai à sanção do prefeito David Almeida (Avante).

De acordo com o vereador Raiff Matos (DC), autor do PL, a proposta visa “proporcionar conhecimento cultural e histórico sobre outras nações, vai muito além da religião” e não causará impacto em outras religiões, já que o Estado é laico e assegura a liberdade de crença dos alunos.

“A Bíblia é o livro mais lido no mundo, por acaso, ele tem um conteúdo que vai muito além de seu valor religioso. Ela conta a história de nações e ajuda a entender o mundo, não por acaso, a Bíblia foi base para a declaração de independência dos Estados Unidos”, disse o vereador ao Portal AM1.

“Todo preconceito que possa existir [contra a Bíblia], somente fará represar o tesouro de conhecimento que está disponível aos alunos”, completou.

O autor do projeto acredita que não haverá nenhum tipo de revolta por outras religiões se a proposta for sancionada pelo chefe do Executivo municipal, pois, na sua opinião, “a Bíblia está disponível para todas as religiões”.

Para o vereador, a aprovação na Câmara Municipal representa “uma vitória pessoal e de muitas famílias”. “Precisamos de liberdade. É um absurdo impedir que o conhecimento exposto na Bíblia chegue a todas as pessoas”.

Conforme o projeto, cabe ainda ao Poder Executivo Municipal estabelecer os critérios, as diretrizes e as estratégias para viabilizar a leitura de trechos bíblicos.

No momento em que o projeto foi aprovado na Câmara, o vereador comemorou.

Assista ao vídeo:

Opiniões

Para a fisioterapeuta Débora de Souza, que tem dois filhos cursando o ensino fundamental em escola pública, o projeto não agrega em nada. Ela ainda se diz contra a aprovação por acreditar que a proposta é uma forma de isolar o aluno para que ele acredite em uma única religião.

“Como é que as crianças vão ter liberdade para pensar o que é certo ou errado se na escola começarem a empurrar a “verdade” deles goela abaixo? Eu digo aos meus filhos que nós somos livres para escolher nosso próprio caminho, que devemos ficar onde nos sentimos bem e ter o direito de escolher em quê acreditar. A leitura da Bíblia, para mim, é mais uma tentativa de os religiosos obrigarem as nossas crianças a acreditarem somente em uma religião. Como fica a crença em outras religiões? Serão esquecidas? “, questiona a fisioterapeuta.

Débora espera que o prefeito de Manaus reprove o projeto, que para ela, não tem valor educacional, pois “conta apenas histórias dos evangélicos e não do mundo, e ainda, “exclui as outras religiões, demonizando-as”.

A opinião da fisioterapeuta vai de encontro com a afirmação de Alcione Brito. Alcione tem um filho, que também estuda em uma escola da rede pública, na zona Norte de Manaus. Ela acredita que a leitura da Bíblia na sala de aula irá ajudar os alunos a se interessarem em conhecer outras nações, como o Egito, por exemplo, “que tem um valor histórico riquíssimo”.

“O Egito é uma das civilizações mais antigas do mundo e muito contribuiu para o desenvolvimento de outras nações. A história do Egito é linda e, para quem não sabe, para que o país possa sobreviver é necessário um rio para abastecer a cidade, o rio Nilo, como o nosso rio Amazonas, que sem ele os outros afluentes morrem. Daí, a gente vê como é importante ter esse conhecimento bíblico, uma vez que abre a nossa mente e nos ajuda a comparar, a questionar, a querer aprender cada vez mais”, argumenta.

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